Bruna Honório estava na Seleção Feminina de Vôlei quando foi fazer um exame cardiológico de rotina. No caminho, trocou mensagem com seu antigo técnico no Itambé Minas, o italiano Stefano Lavarini, e ele brincou dizendo que iriam achar no coração dela apenas saudade de seu treinador. O resultado, porém mostrou algo complicado: a atleta estava com um tumor no coração.
“No dia seguinte, quando saiu a notícia em todo lugar, ele me ligou pedindo mil desculpas, que não imaginava que iriam encontrar algo”, conta Bruna, que depois do drama do resultado do exame e corte na seleção já consegue olhar para o episódio sem qualquer trauma. “Na hora fiquei desesperada, mas depois recebi muito apoio”, continua.
Ela tinha feito uma temporada espetacular pelo Minas, conquistou quatro títulos e chegou à seleção em Saquarema como uma solução para o técnico José Roberto Guimarães. Mas quando os médicos deram o anúncio de que ela tinha um tumor no coração (exames posteriores mostraram que era benigno), seu mundo desabou.
“Foi bem difícil, eu não tinha noção naquele momento do que era o tumor. Pensei: ‘Vou ter de parar agora, vindo de quatro títulos, campeã da Superliga, convocada para a seleção, vou ter de desacelerar e ir embora. E agora, o que vou fazer?’ E o pior foi não sentir nada e tomar esse baque. Demorou a cair a ficha”, diz a atleta.
Bruna explica que alguns sintomas poderiam ser sentidos por causa de seu problema, como falta de ar, desmaios e um cansaço acima do normal. Mas ela não percebia nada diferente em seu corpo. “O pior era isso: saber que tinha alguma coisa, mas não sentir nada. Quando soube, não pensei que iria morrer. Mas fiquei pensando que não saberia o que fazer da vida se não pudesse mais jogar.”
Quando a atleta voltou do exame, sentou em uma mesa com os médicos e Zé Roberto. A notícia foi dada para ela, e informaram que Bruna não poderia continuar fazendo exercícios físicos. “O Zé olhava para mim e falava: ‘E agora, o que vou fazer? Mas estamos aqui e vamos fazer tudo o que você precisar’. Para mim esse carinho é sensacional e ele teve muito cuidado comigo. Foi até no hospital quando eu tive alta da UTI.”
O susto foi grande, mas Bruna já acordou do pesadelo e está confiante em sua recuperação. Os médicos indicaram um prazo de três meses para voltar às quadras, mas ela acha que o retorno pode acontecer antes disso. “Eu estou ótima e o mais surpreendente é que foi super rápido. Após ser operada, em três dias tive alta do hospital. Tudo está indo tão rápido que acho que será antes disso. Eu vou voltar com certeza”, avisa.
Enquanto espera, ela acompanha as partidas da seleção brasileira na Liga das Nações e fica na torcida por um bom desempenho de suas amigas. “Acho que estou na minha melhor fase. Por mais que a fila ande, vou lutar como sempre fiz desde pequena, em todos os times que joguei, para buscar meu espaço de novo. Eu queria poder ajudar, mas não vou acelerar um processo que possa acarretar problemas no futuro.”
ZÉ ROBERTO AGUARDA - Zé Roberto foi pego de surpresa com o problema de Bruna Honório. “A princípio ficamos muito apreensivos em função dela, da expectativa que ela estava, do sonho que tinha em jogar na seleção, e de tudo que estava sendo planejado em função da convocação dela”, comentou o treinador.
Bruna tem acompanhado as partidas da seleção feminina e por enquanto está só na torcida. “Tenho visto os jogos da seleção, até porque eu queria estar lá. Gosto muito das meninas e acho que estão indo bem”, contou.
Ela tem feito um trabalho de respiração na fisioterapia e uma musculação bem leve. Está confiante de que poderá retornar em breve a fazer o que mais ama. Para Zé Roberto, o importante é que tudo foi bem resolvido. “Ela já está em fase de recuperação e agora é esperar ela voltar para as quadras e jogar. É vida que segue”, disse.