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Presença de Tiffany, primeira trans a atuar no país, volta atenções para Minas e Bauru

Atletas rivais defendem direito de participação nas partidas

postado em 26/01/2018 12:28 / atualizado em 26/01/2018 12:41

Marcelo Ferrazoli/Volei Bauru
Grande parte da atenção do mundo esportivo estará voltada para a Arena JK nesta sexta-feira, onde, às 20h, Minas e Bauru-SP se enfrentam pela 5ª rodada do returno da fase de classificação da Superliga Feminina de Vôlei. Além de ser partida que pode representar pontos preciosos para a classificação aos playoffs da competição, pelo time paulista estará em quadra a oposto Tifanny Abreu, de 33 anos, transexual que nasceu Rodrigo, e é o centro de uma polêmica envolvendo não só a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), mas também a Federação Internacional de Vôlei (FIVB).

Ontem, a equipe paulista blindou a jogadora. Tanto tentou manter sob segredo o hotel em que a delegação se hospedaria, optando por um fora do circuito tradicional, quanto antecipou que Tifanny, que passou por cirurgia redefinidora em 2014, na Espanha, não daria declarações. Estavam previstas restrições ao treinamento que o grupo faria à noite na capital mineira.

Pelas normas do Comitê Olímpico Internacional (COI), estão liberadas para atuação profissional jogadoras trans cujo nível de testosterona – hormônio masculino no corpo humano –, esteja abaixo dos 10 nanogramas (ng). O de Tiffany é de 0,2ng.

Paulo Filgueiras/EM/D.A Press
No time do Minas, o assunto é debatido internamente e poucas jogadoras falam sobre a questão, preferindo ater-se à partida desta noite. Para a oposto norte-americana Hooker, não há qualquer anormalidade com relação ao fato de uma transexual estar do lado oposto. “Para mim, não tem problema. Estou acostumada a jogar tanto na Seleção Norte-Americana como na Superliga contra jogadoras que são tão fortes quanto um homem. Muita gente bate forte. Jogar contra a Seleção Brasileira é uma oportunidade para isso. A Tandara, por exemplo, tem uma pancada muito forte, a mais forte que já enfrentei.”

Para ela, o fato de Tifanny estar jogando a Superliga é uma mostra positiva das mudanças pelas quais passa o mundo. “Para mim, não tem problema ser trans. Não vejo isso como problema. Não faz diferença. O que me preocupa mesmo é o jogo de hoje e pensar que temos de ganhar.”

A capitã da equipe, Carol Gattaz, defende a prerrogativa de a atleta estar em quadra, embora reconheça que é difícil opinar. “Não cabe ao atleta julgar o que é certo e o que é errado. Vejo a situação como um direito da Tifanny. Particularmente, acho como sendo uma vitória dela. Quem tem de decidir sobre a situação, se ela pode ou não jogar no feminino, ou se criará um novo segmento, é a Federação Internacional de Vôlei (FIVB), a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). Cabe a eles decidirem um critério padrão”.

POSIÇÕES

O Minas é o terceiro colocado da Superliga, com 34 pontos (11 vitórias e cinco derrotas), seis pontos atrás do vice-líder, o Sesc-RJ, e a nove do líder, o Praia, que também nesta sexta enfrentará o Brasília, às 19h30. O Bauru está na sétima posição, com apenas 23 pontos (seis vitórias e nove derrotas), mas em crescimento. Nas últimas seis partidas, venceu quatro e perdeu duas por 3 a 2.

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