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SANTA CRUZ

De Neymar pai a Gil Mineiro: quem é o Operário-MT, rival do Santa na Copa do Brasil?

Reportagem do Superesportes revisitou a história de um dos times mais tradicionais do Mato Grosso, descobrindo curiosidades

postado em 31/12/2019 08:30 / atualizado em 31/12/2019 08:04

(Foto: Reprodução)
Um time do Mato Grosso fundado por um bispo apaixonado pelo Fluminense. Um clube criado em homenagem aos trabalhadores da sua cidade. Com Neymar da Silva Santos, o pai de Neymar Júnior, craque da Seleção Brasileira, sendo o homem-gol do plantel, na década de 90. E que hoje tem um jogador à “moda antiga”, com camisa ensacada no calção, carrasco do seu rival na 1ª fase da Copa do Brasil de 2020. Estas são algumas das curiosas histórias em torno do Operário de Várzea Grande, adversário que enfrentará o Santa Cruz em uma das competições mais lucrativas do Brasil. 

História, inspiração no Fluminense e Neymar pai

Foi no município de Várzea Grande, no dia 1º de maio de 1949, que o Operário Varzeagrandense apareceu ao mundo do futebol. A data de seu nascimento é simbólica. Diz muito sobre o nome do time. O Chicote da Fronteira, como é conhecido no Mato Grosso, originou-se na data em que se homenageia os trabalhadores, o Dia do Trabalho. Por isso calhou o nome de “Operário”.  

Mas, como, de fato, o clube ganhou forma? A ideia de criar um time de futebol partiu do empresário e jornalista Rubens dos Santos, além do bispo da cidade, Dom Antônio Campello de Aragão. Amante do esporte e apaixonado pelo Tricolor das Laranjeiras, o Fluminense, o religioso decidiu presentear com camisas nas cores vermelha, branca e verde, o time com os melhores jogadores de Várzea Grande. Assim nascia o Clube Esportivo Operário Várzea-Grandense. 

Entre as décadas de 1960 e 1970, na era da profissionalização do futebol mato-grossense, o Operário de Várzea Grande ganhou força no cenário local, conquistando cinco títulos estaduais (1964, 1967, 1968, 1972, 1973),  dentre os outros nove que possui (1983, 1985, 1987, 1994, 1995, 1997, 2002 e 2006) - todos eles estampados no escudo.  

(Foto: Fut História/Arquivo )
Porém, ao fim da década de 90, o Chicote da Fronteira ganhou nomes de peso em seu elenco. Um deles, o mais curioso: Neymar pai. Neymar da Silva Santos, pai de Neymar Júnior, camisa 10 da Seleção Brasileira e craque do Paris Saint German, não só jogou no tricolor mato-grossense, como levou o time à conquista do campeonato estadual em 1997, ao lado do atacante Bife e do goleiro Mão de Onça . À época, com a contratação bancada pelo então presidente Maninho de Barros, Neymar pai foi considerado o ‘homem-gol do Chicote da Fronteira”. 


Revisitada a história, qual é o Operário de hoje, em estrutura de clube e montagem de elenco que o Santa Cruz vai encontrar?  

2019 e disputa com Schülle

(Foto: Olhar Esportivo)
 Atualmente, o Operário ocupa o 126º lugar no ranking de clubes da CBF e será um dos 60 times que integrarão a Série D do Campeonato Brasileiro em 2020. Nesta temporada, o clube disputou apenas uma competição: o Mato-grossense - foram quinze jogos, sete empates, sete vitórias e apenas uma derrota -, do qual foi vice-campeão. Resultado que garantiu as vagas na Copa do Brasil, na Copa Verde e na Quarta Divisão do próximo ano. 

O curioso da partida é que a finalíssima aconteceu contra o Cuiabá, comandado à época pelo técnico Itamar Schülle - bicampeão estadual pelo clube -, que agora está à frente do Santa Cruz. Em duelos de ida e volta realizados na Arena Pantanal, o Auriverde venceu o primeiro jogo por 2 a 0 e empatou o segundo, em 2 a 2. Um destes resultados que, caso se repita em favor do Tricolor pernambucano, irão valer a classificação na Copa do Brasil. 

Levando em consideração as cotas deste ano, com o Santa Cruz ocupando o grupo 3, o avanço para a segunda fase da Copa do Brasil pode render uma quantia de R$ 1,15 mi aos cofres corais. 

Casa inaugurada por dois jogadores ex-Sport

(Foto: Futebol Press/ Reprodução)
Inclusive, o duelo entre Santa Cruz e Operário terá uma novidade. Isso porque o Chicote da Fronteira não jogará mais na Arena Pantanal, estádio de Copa do Mundo com lugar para mais de 40 mil torcedores e casa do time de Várzea Grande durante as últimas temporadas. O acanhado Dito Souza, dentro da própria cidade e com capacidade para 3 mil torcedores, é onde o OPEC vai mandar os seu jogos. 
 
(Foto: Arquivo MT de Fato)
Mudança possível graças à revitalização feita no campo ao custo de R$ 2 milhões desembolsados pela Prefeitura do município. A reforma terminou em outubro deste ano e, na inauguração, contou com a presença de estrelas do futebol brasileiro, como Marcelinho Carioca, Amaral, Dinei e Edílson Capetinha. Mas também entre elas estava o ex-meio campista com passagens pelo rival Sport em 2011 e 2012, Marcelinho Paraíba, e o volante olindense Biro Biro. Ele mesmo, que começou a carreira no Sport na década de 70, antes de despontar no Corinthians.   

Lembram deles? 

(Foto: Correio da Cidade/Sport Divulgação/ Ricardo Fernandes/DP )
A montagem do elenco do Operário - que conta com a parceria do Boa Esporte -  é semelhante com a que o Santa Cruz vem adotando: investindo em atletas jovens. Tanto é que a maioria dos 19 jogadores que atualmente compõem o plantel é formada por nomes novos no mercado, apostas. E tem velhos conhecidos - uns mais, outros nem tanto - com passagens pelo futebol de Pernambuco. 
 
Como é o caso do meia de 25 anos, Caio Matias, ex-atleta do Náutico em 2015, quando o Timbu disputava a Série B do Brasileiro. Ou o atacante maranhense Kaio Felipe, de 21 anos, que jogou no sub-23 do Sport até o primeiro semestre de 2019. 

Mas, dentre todos estes citados acima, um em especial é o mais inusitado: o lateral direito de 29 anos Gil Mineiro, que defendeu o Náutico em 2015 e fez o gol da vitória em um clássico contra o Santa Cruz no mesmo ano, foi anunciado como um dos reforços mais experientes do Operário de Várzea Grande para disputar a temporada de 2020. Agora podendo reeditar, mas em outra equipe, um novo embate com o Tricolor. Nas duas vezes em que Gil Mineiro esteve em campo contra o Santa Cruz, foram duas derrotas da Cobra Coral. 

Preparação

Comandado pelo técnico Luiz Gabardo Jr, o Chicote da Fronteira iniciou a pré-temporada no dia 18 de novembro, em Muzambinho, cidade do interior do sul de Minas Gerais. Lá a equipe fica até o dia 23 de dezembro, com a reapresentação marcada para o dia 02 de janeiro.

Com datas ainda em definição pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), é o Santa Cruz, melhor posicionado no ranking de clubes, quem vai jogar fora de casa o confronto, em partida única, tendo a vantagem do empate para se classificar à segunda fase da Copa do Brasil.