O tribunal marcou para 29 de abril uma audiência em que será pronunciada a sentença.
Ex-número um do mundo e ganhador de seis torneios de Grand Slam, Becker foi julgado por fatos relacionados à sua falência pessoal, ligada a um empréstimo de 3,5 milhões de euros (3,8 milhões de dólares) concedido pelo banco privado Arbutnhot Lathm para financiar uma propriedade em Mallorca (Espanha).
Um júri do Tribunal da Coroa de Southwark, no sul de Londres, o declarou culpado por subtração de bens, não revelação de patrimônio e ocultação de uma dívida.
O alemão, de 54 anos, declarou falência em junho de 2017 em Londres e foi acusado de não cumprir suas obrigações de divulgação de informação, em particular, a bancária, acusações que ele negou.
Becker também é acusado de não entregar a seus credores nove troféus e medalhas de seus ilustres títulos no circuito profissional.
Primeiro tenista do mundo em 1991 e ouro olímpico em Barcelona 1992 nas duplas, Becker vive no Reino Unido desde 2012 e trabalha agora como comentarista esportivo para a televisão.
Durante o julgamento, iniciado em 21 de março, afirmou que alguns de seus prêmios tinham desaparecido e assegurou que os entregaria se soubesse onde eles estavam.
Entre os nove prêmios que reclamam seus credores estão três torneios de Wimbledon, dois troféus do Aberto da Austrália e sua medalha de ouro olímpica.
Becker ganhou seu primeiro Grand Slam de Wimbledon em 1985, com apenas 17 anos. Já havia leiloado parte de seus prêmios por 700 mil libras (US$ 910mil) para pagar algumas de suas dívidas.
A promotoria também o acusou de não declarar duas propriedades na Alemanha, assim como a participação em um apartamento de Londres e de ocultar um empréstimo de 825 mil euros (US$ 895,4 mil).
No momento de sua falência, o jogador, que ganhou 49 títulos em 16 anos de carreira esportiva, tinha dívidas estimadas em até 50 milhões de libras (US$ 65 milhões).
A carreira de Becker
Becker surgiu no circuito com apenas 17 anos em 1985, quando se tornou o campeão mais jovem do torneio de Wimbledon, tendo sido adotado rapidamente pelo público por seu jogo dinâmico e seu entusiasmo em quadra.
Se saque poderoso lhe rendeu os apelidos de “Baby Boom Boom” e “Der Bomber”.
Um ano depois, defendeu com sucesso seu título em Wimbledon, derrotando na final o então número 1 do mundo, Ivan Lendl.
Em 1989, ganhou o tradicional torneio inglês pela terceira vez e conseguiu seu primeiro título do US Open.
Mas depois de chegar à liderança do ranking masculino em 1991, seu declive teve início: muito impulsivo, perdia com frequência jogos que estavam a seu alcance e constantemente era multado por quebrar raquetes, mostrando uma personalidade explosiva que dificultou sua permanência no topo do tênis.
Seu último título de Grand Slam foi o Aberto da Austrália de 1996, antes de se aposentar três anos depois.
Entre 2013 e 2016, Becker foi treinador de Novak Djokovic, ajudando o sérvio a quebrar o domínio de Roger Federer e Rafael Nadal.
Mas sua vida privada foi turbulenta, com divórcios e um estranho incidente no qual ele afirmou ser o representante para o esporte, a cultura e os assuntos humanitários da República Centro-Africana na União Europeia.
Em 2002, um tribunal de Munique o condenou a uma pena suspensa de dois anos de prisão e impôs uma multa de 300.000 euros (330.000 dólares) por evasão fiscal de 1,7 milhão de euros.