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Com Caboclo, CBF comprou R$ 100 mil em vinhos, mostram notas fiscais

Presidente da entidade está afastado após denúncias de assédio moral e sexual

14/07/2021 06:00 / atualizado em 14/07/2021 09:17
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Rogério Caboclo afirmou que os vinhos comprados estão dentro de seu valor de mercado e que as compras ocorreram para abastecer eventos sociais
foto: Lucas Figueiredo/CBF

Rogério Caboclo afirmou que os vinhos comprados estão dentro de seu valor de mercado e que as compras ocorreram para abastecer eventos sociais

Levantamentos preliminares feitos pelos auditores internos da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) mostram que a instituição gastou cerca de R$ 100 mil em vinhos durante a gestão de Rogério Caboclo, presidente afastado da entidade após denúncias de assédio moral e sexual. Relatório com notas fiscais obtido pelo Estadão registra a aquisição de 171 garrafas de vinho com valores unitários que variavam de R$ 250 a R$ 1,8 mil.

As maiores compras dos vinhos foram registradas em maio de 2020, de R$ 14 mil, e julho do mesmo ano, de R$ 16 mil. Uma outra nota fiscal com valor total com dois dígitos, R$ 10 mil, foi emitida no último dia 30, após a decisão da Comissão de Ética da CBF de afastar Caboclo da presidência da instituição por 30 dias. No último dia 3 de julho, o afastamento foi prorrogado por mais 60 dias.

Por meio de nota, Rogério Caboclo afirmou que os vinhos comprados estão dentro de seu valor de mercado e que as compras ocorreram para abastecer eventos sociais. "A gestão do presidente Rogério Caboclo na CBF cortou despesas e aumentou a receita da entidade. Para isso, um dos critérios adotados foi o da eficiência nos gastos. Os vinhos comprados estão todos dentro de seu valor de mercado. As aquisições ocorreram para abastecer eventos sociais, que são comuns e frequentes na entidade", informou a assessoria de Caboclo.

As garrafas de vinho compradas pela CBF são citadas no depoimento prestado à Comissão de Ética do Futebol Brasileiro por uma vítima de assédio moral e sexual de Rogério Caboclo. O documento foi compartilhado com o Ministério Público Federal.

Como mostrou o Estadão, das cinco páginas que compõem o depoimento, duas são dedicadas aos relatos de suposto comportamento alcoólatra por parte de Rogério Caboclo. De acordo com a depoente, o presidente afastado da CBF ingeria bebidas alcoólicas durante o expediente na sede da instituição e em compromissos externos.

O documento registra ainda que o suposto vinho escolhido por Caboclo era o português "Cartuxa Reserva", que as garrafas eram custeadas pelo setor de compras da CBF, e que o diretor financeiro não era consultado sobre as compras que eram autorizadas diretamente pelo presidente afastado.

As notas fiscais obtidas pela reportagem registram a compra de 126 garrafas do vinho mencionado no depoimento da vítima que denunciou os supostos abusos de Caboclo. Das 18 notas que constam no relatório preliminar feitos pelos auditores internos da CBF, 16 mencionam o vinho caracterizado como o preferido do presidente afastado da instituição.

Na mesma nota enviada à reportagem, Caboclo voltou a afirmar que foi afastado da CBF sem "direito à defesa". "Vale destacar que o presidente Rogério Caboclo foi afastado da presidência sem sequer ter direito a apresentar defesa. O ex-presidente da CBF Marco Polo Del Nero, que foi banido do futebol, tenta retomar o controle da CBF por meio de laranjas e, para isso, organizou um complô para retirar Caboclo do cargo, inclusive com o uso de dossiês com conteúdo falso."
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