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Brasil x Argentina: título da Copa América é trunfo para Tite e Scaloni

Para Tite e Lionel Scaloni, a vitória no jogo de sábado será reafirmação do trabalho no momento de preparação para a Copa do Mundo do Catar

08/07/2021 07:00
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Com mais tempo no cargo, técnico da Seleção Brasileira tem trabalho admirado por adversários
foto: Nelson Almeida/AFP

Com mais tempo no cargo, técnico da Seleção Brasileira tem trabalho admirado por adversários


Finais de Copa América não costumam provocar mudanças radicais nas seleções que as disputam, mas a deste ano, que será disputada sábado, às 21h, no Maracanã, é muito importante para os treinadores de Brasil e Argentina. Tanto Tite quanto Lionel Scaloni têm motivos para querer a taça, até porque a Copa do Mundo do Catar, em 2022, está bem próxima. Dificilmente o perdedor deste sábado perderá o emprego, mas certamente enfrentará questionamentos. Já o vencedor terá tranquilidade para seguir o trabalho, que tem como principal objetivo a conquista do próximo Mundial.

Enquanto a Seleção Brasileira lidera as Eliminatórias Sul-Americanas com 100% de aproveitamento depois de seis rodadas, os argentinos estão em segundo, seis pontos atrás. As duas seleções são as únicas que ainda não perderam no qualificatório para o Catar’2022.

Tite tem mais tempo no cargo. Assumiu em 2016, no lugar de Dunga, demitido depois da eliminação ainda na primeira fase da Copa América Centenário, nos EUA. Desde então, foram 60 partidas no cargo, com 45 vitórias, 11 empates e quatro derrotas, aproveitamento de 81,1%. A última derrota, aliás, foi contra a própria Argentina, em 15 de novembro de 2019, no chamado Superclássico das Américas, disputado em Riad, na Arábia Saudita. Nada que tenha abalado o prestígio do gaúcho, que resistiu à eliminação nas quartas de final da Copa do Mundo da Rússia, diante da Bélgica.

Também em 2019, levou o Brasil ao título da Copa América, disputada em território nacional, como agora. No caminho da taça, eliminou os argentinos nas semifinais, com vitória por 2 a 0, no Mineirão. Assim, se credencia a ser o único técnico brasileiro bicampeão do mais antigo torneio de seleções do mundo. O que não chega a impressioná-lo.

“Eu tenho a noção exata de que é um trabalho de equipe, não é individualizado. Gosto de ter meu trabalho reconhecido, sim, mas quando ele é individualmente reconhecido, eu sei que é bala Juquinha, serve para adoçar a boca. Se não tiver um grande trabalho realizado pelo conjunto todo, e eu estou falando olhando para o (coordenador técnico) Juninho e citando todo o staff. Estou falando do Departamento Médico, dos responsáveis pela recuperação dos atletas. E se não tiver comprometimento dos atletas, não tem técnico que ganhe título nenhum, que ganhe notoriedade nenhuma”, afirmou ele, depois da vitória sobre o Peru, segunda-feira, pelas semifinais.

À frente da Seleção Argentina desde a saída de Jorge Sampaoli, ex-lateral esquerdo ainda é questionado
foto: Augustin Marcarian/AFP/Pool

À frente da Seleção Argentina desde a saída de Jorge Sampaoli, ex-lateral esquerdo ainda é questionado



Mas nem tudo são flores na trajetória de Tite à frente do escrete canarinho, ainda que o trabalho dele seja admirado até por adversários, como o técnico do Equador, o argentino Gustavo Alfaro. Pouco antes da Copa América, ele criticou a decisão da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) de realizar a competição em plena pandemia de COVID-19. E também de transferi-la para o Brasil, depois que Argentina e Colômbia, as sedes iniciais, abrirem mão de organizá-la. O gaúcho chegou a balançar no cargo. Até porque, houve pressão de autoridades brasileiras sobre a CBF, mas não o suficiente para derrubar o treinador.

Questionamentos A situação de Scaloni na Seleção Argentina não é tão tranquila quanto a do adversário da final. Até porque, se Tite chegou ao comando do Brasil depois de títulos importantes, como o Mundial de Clubes com o Corinthians, ele nunca dirigiu qualquer equipe, tendo sido auxiliar técnico no Sevilla e no próprio selecionado argentino. Ele substituiu Jorge Sampaoli depois que a Alviceleste foi eliminada pela França na Rússia’2018. Desde então, comandou a equipe em 33 jogos, com 19 vitórias, 10 empates e 4 derrotas, 67,67% de aproveitamento.

Ganhou o já citado Superclássico das Américas de 2019, em cima do Brasil, mas também foi eliminado pelos brasileiros da Copa América do mesmo ano. Assim, o título da Copa América serviria para acabar em grande medida com a desconfiança que ainda existe. Para isso, conta com o apoio dos melhores jogadores e, principalmente, de Messi. La Pulga, inclusive, se pronunciou favoravelmente à manutenção do ex-auxiliar depois da queda na Copa América de 2019.

“O time da Argentina deve ser sempre competitivo, deve sempre buscar a vitória. Todos jogam contra a Argentina de uma forma diferente do que jogam os demais jogos. É muito difícil. Nós não valorizamos a competição em si, mas cada jogo que jogamos com essa camiseta”, declarou o treinador argentino, depois de a equipe garantir a vaga na final.

Se Tite teve muito mais destaque como treinador do que como jogador, Scaloni foi um bom lateral-direito. Campeão Mundial Sub-20 com a Argentina em 1997, ele começou a carreira no Newell’s Old Boys. Depois de passar pelo Estudiantes de La Plata, foi titular do La Coruña-ESP em conquistas importantes, como o Campeonato Espanhol de 2000, a Copa do Rei e a Supercopa da Espanha, ambas em 2002. Também disputou a Copa do Mundo de 2006, ano em que se transferiu para o West Ham-ING.

SBT/TV Alterosa mostra ao vivo


A grande final da Copa América será mostrada ao vivo pela TV Alterosa. A jornada começará às 20h15, ou 45 minutos antes de a bola rolar, com informações sobre as seleções de Brasil e Argentina. A narração fica por conta de Téo José, os comentários serão de Mauro Beting e Edmilson. Nadine Bastos analisa os lances pela ótica da arbitragem e as reportagens ficam a cargo de André Galvão. Depois do jogo, a cobertura continua, com toda a repercussão do resultado de mais um clássico que promete ser eletrizante.
 

Brasil inicia preparação


O técnico Tite começou a preparar, ontem, a Seleção Brasileira para a final da Copa América contra a Argentina. A novidade da atividade foi a presença do lateral-esquerdo Alex Sandro, que realizou trabalhos à parte ao lado do fisioterapeuta. Ele se recupera de uma lesão na coxa esquerda e desfalcou o Brasil nos dois últimos jogos, contra Chile e Peru. Com isso, Renan Lodi ganhou a vaga de titular nas partidas e pode permanecer para o duelo decisivo de sábado, no Maracanã.

Desfalque certo é o de Gabriel Jesus, que recebeu mais um jogo de suspensão da Conmebol por conta da expulsão no duelo diante do Chile. Com isso, destaque brasileiro no mata-mata, Lucas Paquetá deve seguir como titular.

Assim, uma provável escalação do Brasil tem: Ederson, Danilo, Marquinhos, Thiago Silva e Renan Lodi (Alex Sandro); Casemiro, Fred e Lucas Paquetá; Éverton Cebolinha, Neymar e Richarlison. Uma das novidades da final é que os jogadores das duas seleções poderão levar dois convidados cada. Para isso, todos terão de passar por teste de PCR até 48 antes de a bola rolar. 

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