“O desenvolvimento econômico foi favorecido por essa situação de controle político. O programa do regime militar afirmava que o Brasil estava se tornando uma potência no mundo. A Copa do Mundo ocorreu no meio desse contexto de repressão muito grande, já que o país vivia o auge do AI-5, que vigorava desde 1968”, explica Rodrigo Patto, professor de história da UFMG.
Ao longo do tempo, muitos governos haviam misturado esporte com política, como a Itália de Benito Mussolini na Copa do Mundo de 1934 ou mesmo a Alemanha de Hitler nos Jogos Olímpicos de 1936. A conquista da Copa seria uma vitória extremamente importante para o governo Médici. “Os militares queriam transferir a popularidade do futebol para o governo. O futebol era muito popular na época, talvez até mais que hoje, e uma vitória na Copa do Mundo geraria uma sensação de euforia, de país vitorioso, de sermos importantes no mundo. Isso colabora com uma visão ufanista, nacionalista. Todos os governos fazem isso. No começo do século 20, isso já ocorria. Os países investiam recursos públicos no futebol para tentar atrair a popularidade para ele. A ditadura não inventou essa prática, só a tornou mais aguda, conectando o futebol às campanhas nacionalistas”, afirma o professor.
Garoto-propaganda
Quatro meses depois da conquista nos gramados mexicanos, Pelé voltou ao país como embaixador brasileiro para a inauguração da Plaza Brasil, em frente ao Estádio Jalisco, em Guadalajara, onde a Seleção jogou a maioria das partidas. O Rei do Futebol recebeu passaporte diplomático do governo Médici e, em carta de agradecimento, afirmou ter “imensa satisfação” com a missão.
Time brasileiro postado na final contra a Itália, no estádio Azteca - Foto: O Cruzeiro/Estado de Minas
A campanha no México3/6 - Brasil 4 x 1 Tchecoslováquia
Brasil
Félix; Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo, Gerson (Paulo Cézar Caju) e Rivellino; Jairzinho, Tostão e Pelé. Técnico: Zagallo
Tchecoslováquia
Viktor; Dobias, Migas, Horváth e Hagara; Hrdlicka (Kvasnac), Kuna, Frantisek Veselý (Bohumuild Veselý) e Petras; Adamec e Jokl
Técnico: Jozef Marko. Estádio: Jalisco
Estádio: Jalisco, em Guadalajara
Gols: Petras 11 e Rivellino 24 do 1º; Pelé 14, Jairzinho 16 e 38 do 2º
Gols: Petras 11 e Rivellino 24 do 1º; Pelé 14, Jairzinho 16 e 38 do 2º
Árbitro: Ramón Barreto
Cartão amarelo: Tostão, Gerson e Horváth
Público: 52.897
7/6 - Brasil 1 x 0 Inglaterra
Brasil
Félix; Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo, Rivellino e Paulo Cézar Caju; Jairzinho, Tostão (Roberto) e Pelé
Técnico: Zagallo
Inglaterra
Banks; Bobby Moore, Cooper, Labone e Wright; Alan Ball, Mullery e Bobby Charlton (Bell); Lee (Jeff Astle), Petes e Hurst
Técnico: Alf Ramsey
Estádio: Jalisco, em Guadalajara
Gol: Jairzinho 14 do 2º
Árbitro: Avraham Klein (Israel)
Cartão amarelo: Lee
Público: 66.843
10/6 - Brasil 3 x 2 Romênia
Brasil
Félix; Carlos Alberto, Brito, Fontana e Everaldo (Marco Antônio); Piazza, Clodoaldo (Edu) e Paulo Cézar Caju; Jairzinho, Tostão e Pelé
Técnico: Zagallo
Romênia
Adamache (Raducanu); Satmareanu, Mocano, Dinu e Lupescu; Dimitru, Nunweiller e Neagu; Dembrovischi, Dumitrache (Tãtaru II) e Lucescu
Técnico: Angelo Niculescu
Estádio: Jalisco, em Guadalajara
Gols: Pelé 19, Jairzinho 22 e Dumitrache 34 do 1º; Pelé 22 e Dembrovschi 39 do 2º
Árbitro: Ferdinand Marschall (Áustria)
Cartão amarelo: Mocanu e Dumitru
Público: 50.804
14/6 - Brasil 4 x 2 Peru
Brasil
Félix; Carlos Alberto, Brito, Piazza e Marco Antônio; Clodoaldo, Gerson (Paulo Cézar Caju) e Rivellino; Jairzinho (Roberto), Tostão e Pelé
Técnico: Zagallo
Peru
Rubiños; Campos, Fernández, Chumpitaz e Fuentes; Mifflin, Challe e Baylón (Sotil); León (Reyes), Gallardo e Cubillas
Técnico: Didi
Estádio: Jalisco, em Guadalajara
Gols: Rivellino 11, Tostão 15 e Gallardo 28 do 1º; Tostão 7, Cubillas 25 e Jairzinho 30 do 2º
Árbitro: Vital Loraux (Bélgica)
Público: 54.233
17/6 - Brasil 3 x 1 Uruguai
Brasil
Félix; Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo, Gérson e Rivellino; Jairzinho, Pelé e Tostão
Técnico: Zagallo
Uruguai
Mazurkiewicz; Ubiñas, Ancheta, Matosas e Mujica; Fontes, Montero Castillo e Cortés; Luis Cubilla, Maneiro (Espárrago) e Morales
Técnico: Juan Eduardo Hohberg
Estádio: Jalisco, em Guadalajara
Gols: Cubilla 18 e Clodoaldo 45 do 1º; Jairzinho 30 e Rivellino 44 do 2º
Árbitro: José Ortiz de Mendizabal (Espanha)
Cartão amarelo: Carlos Alberto, Mujica, Fontes e Maneiro
Público: 51.261
21/6 - Brasil 4 x 1 Itália
Brasil
Félix; Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo e Gérson e Rivellino; Jairzinho, Pelé e Tostão
Técnico: Zagallo
Itália
Albertosi; Burnich, Cera, Rosato e Facchetti; Bertini (Giuliano), De Sisti, Mazzola; Domenghini, Boninsegna (Rivera) e Luigi Riva
Técnico: Ferruccio Valcareggi
Estádio: Azteca
Gols: Pelé 18 e Boninsegna 37 do 1º; Gerson 21, Jairzinho 26 e Carlos Alberto 41 do 2º
Árbitro: Rudi Glöckner (Alemanha Oriental)
Cartão amarelo: Rivellino e Burnich
Público: 107.412
Os tricampeões, 50 anos depois
Félix
Morreu em 2012, vítima de enfisema pulmonar, aos 74 anos
Carlos Alberto
Morreu em 2016, aos 72 anos, de infarto fulminante
Brito
Aos 80 anos, vive hoje na Ilha do Governador, no Rio
Piazza
Preside a Federação das Associações de Atletas Profissionais. Mora em Belo Horizonte
Everaldo
Morreu de acidente de carro, em 1974
Clodoaldo
Consultor das categorias de base do Santos. Tem 70 anos
Gerson
Comentarista de futebol
Jairzinho
Vive no Rio, onde comanda uma escolinha de futebol na Zona Norte
Rivellino
Vive em São Paulo, onde trabalha como comentarista esportivo
Pelé
Mesmo debilitado por problemas de saúde, ainda é personagem de campanhas publicitárias pelo mundo
Tostão
Médico e colunista esportivo. Vive em Belo Horizonte
Ado
Vive em Barueri, onde dirige uma escolinha de futebol
Roberto Miranda
Vive em Niterói, se recuperando de problemas de saúde
Baldocchi
Reside hoje em Batatais-SP, onde trabalha como comerciante
Fontana
Morreu em 1980, de ataque cardíaco, aos 39 anos
Marco Antônio
Vive no Rio, se reabilitando depois de sofrer AVC, em 2013
Joel
Morreu em 2014, aos 67 anos, de insuficiência renal
Paulo Cézar Caju
É empresário e olheiro do Olympique de Marselha. Mora no Rio
Edu
Vive atualmente em Santos, onde cuida de escolinhas de futebol
Dadá Maravilha
Comentarista esportivo no programa Alterosa esporte, do SBT/Alterosa, mora em BH
Zé Maria
Vive em São Paulo, onde cuida de projetos sociais
Emerson Leão
Aposentou-se como treinador e vem se dedicando à sua fazenda, no estado de Mato Grosso