Se a eliminação precoce na Copa do Mundo da Rússia e as atuações ruins nos amistosos colocavam o treinador sob perigo, agora o risco maior é de ele tomar a iniciativa e pedir para sair. "O Tite vem fazendo trabalho excepcional. Todos nós nos sentimos convictos pela maneira como jogamos. Eu fico feliz por ter vencido essa competição e ajudado o Tite", disse o goleiro Alisson.
O apoio público dos jogadores e agora a conquista de um título deixam o treinador mais confiante para seguir seu trabalho. Após superar o Peru, o técnico reiterou o plano de cumprir o contrato com a CBF até a Copa no Catar, em 2022.
Porém, a saída do coordenador de seleções Edu Gaspar para o Arsenal está confirmada. E outras mudanças podem ocorrer na comissão técnica da Seleção, como a saída de alguns outros membros de confiança.
"Há um monte de formas de ganhar, de jogar bem. O que gosto é que somos fiéis a uma ideia de futebol, que é consistente e busca resultados sem abrir mão de criação e, no processo criativo, traduzir isso em gols", comentou o treinador.
Por vezes arredio ao ser confrontado com temas polêmicos, o treinador se mostrou plenamente confiante depois do jogo deste domingo. Tite até quebrou o rígido protocolo da entrevista ao pedir para o encontro se alongar e até contrariar o fiscal da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) responsável por mediar e escolher quem fazia as perguntas.
Quando um jornalista estrangeiro lhe perguntava em inglês sobre a presença de Jair Bolsonaro no estádio, o fiscal interrompeu a pergunta e pediu para o tema ficar restrito ao futebol. Tite o contrariou e fez questão de responder. "Eu fico tão envolvido no futebol, tão envolvido nas situações... Meu foco é naquilo que tenho de essência, que é futebol, que é no campo, na minha conduta, na minha ética. As outras situações ficam à parte", comentou.
O treinador evitou abordar o futuro da Seleção Brasileira. Segundo ele, o momento é de desfrutar do título e aproveitar da tranquilidade para fazer, quem sabe, a convocação de novatos na lista para os amistosos em setembro. O que Tite mais quer como legado da Copa América é a força coletiva do time, que, mesmo sem Neymar, encontrou forças para despertar novos protagonistas, como Everton.
"O Neymar é extraordinário. Mas o trabalho de equipe é importante. Pelé se machucou em 1962 (na Copa do Mundo) e Amarildo entrou. Portugal foi campeão da Euro sem o Cristiano Ronaldo em campo. É assim", completou, ao ressaltar a coletividade do time.