Ao todo, 19 dos 23 atletas estão em Teresópolis, mas mesmo esse grupo foi montado aos poucos. Enquanto Richarlison, David Neres, Ederson, Fernandinho, Casemiro, Gabriel Jesus e Filipe Luís estão no CT da Seleção desde o primeiro dia, Everton, do Grêmio, se apresentou apenas na noite dessa quinta. E há quem ainda nem tenha chegado. Alisson e Roberto Firmino disputam a final da Liga dos Campeões neste sábado, enquanto Cássio e Fagner jogam a partida de volta das oitavas da Copa do Brasil pelo Corinthians somente na próxima terça-feira. Só depois disso que os quatro se integrarão à seleção.
A falta do grupo completo é um problema para a comissão técnica.
Não bastasse isso, há ainda os imprevistos. Se Fernandinho ficou um dia a mais na academia para melhorar a condição física porque vinha de lesão muscular, Neymar se juntou ao grupo antes do esperado - mas também se afastou do gramado quando ninguém na seleção esperava.
LESÃO E MISTÉRIO
Neymar era aguardado em Teresópolis apenas na terça-feira, mas deixou o Paris Saint-Germain dois dias antes do previsto e se integrou ao elenco da seleção ainda no sábado passado. Animado, treinou no principal gramado do CT no mesmo dia e no domingo pela manhã, para depois ganhar folga junto com o restante do elenco. Antes disso, teve uma conversa com Tite e foi informado que perderia a braçadeira de capitão para Daniel Alves.
O jogador voltou normalmente aos treinos na terça-feira. Ele participou ativamente de um treinamento puxado comandado por Tite - foi a primeira atividade orientada pelo treinador em Teresópolis. Na reta final, Neymar levou um "rolinho" de Weverton, um dos dez atletas da base do Cruzeiro que estavam no CT para compor o treino. Minutos depois, o atacante da Seleção chutou a gol, fez feição de dor, levou as mãos ao joelho esquerdo e deixou o gramado mancando. Desde então, não foi mais a campo.
O que aconteceu com o joelho de Neymar é um mistério até hoje. Ainda na terça-feira, ele foi levado ao Hospital São José, em Teresópolis, para fazer exames de imagem. A ida à instituição foi reservada. O atacante entrou e saiu por um local isolado, longe dos olhos da imprensa ou de curiosos. E o que o mantém afastado das atividades com bola é sabido apenas pelo médico da Seleção, Rodrigo Lasmar, por Tite e por poucos membros da comissão técnica.
O último boletim sobre a situação do atacante foi divulgado na quarta.
ROTINA
A delegação em Teresópolis é composta por mais de 50 pessoas, incluindo 20 de comissão técnica e outros sete de apoio. Dos jogadores, quem está na Granja Comary encara uma rotina regrada. Eles treinam em dois turnos. Pela manhã, a maior parte das atividades acontece no Centro de Excelência, e incluem exercícios na academia e avaliações médicas. À tarde, os treinos são realizados no gramado, sempre a partir das 16 horas.
Sem todos os titulares à disposição - a maior parte deles chegou à Teresópolis apenas esta semana -, Tite ainda não deu indicativo público de quem irá a campo para a partida de estreia, diante da Bolívia. "Mas temos o time titular em mente", reconhece o auxiliar Cleber Xavier. Alisson, Daniel Alves, Thiago Silva, Marquinhos e Filipe Luís devem compor a defesa, com Casemiro logo à frente. Se o joelho permitir, Neymar tem vaga garantida no ataque, provavelmente com Firmino.
Mesmo se tivesse os 23 convocados, Tite muito provavelmente faria mistério até pelo menos a véspera do jogo. Isso porque treinos fechados estão se tornando uma rotina. Nos últimos dias, a comissão técnica liberou o acesso da imprensa a no máximo 30 minutos da atividade com bola. Nesta sexta, todo o treino será fechado.
Fora de campo, os jogadores não têm muito o que fazer. Isolados na Granja Comary, eles se distraem do jeito que podem. "Cada um tem a sua maneira", comenta o atacante Gabriel Jesus. A maioria deles, contudo, apela para a internet. "Muitos usam para assistir filmes, muitos para falar com a família, muitos para jogar algum jogo, algo que relaxe ou tranquilize", completa o atacante.
A carga pesada (segundo os jogadores) de exercícios faz com que alguns dos atletas utilizem o tempo livre não necessariamente para diversão. "Cada um fica no seu quarto descansando ou fazendo fisioterapia", conta o volante Allan. As rodas de pagode que eram comuns na concentração em outros tempos andam em falta. "A gente coloca música um pouquinho alta - mas não necessariamente pagode - para ajudar nos treinamentos. Até agora não vi nenhum jogador cantando."
O longo período de confinamento não é algo que agrade os jogadores. "Eu não gosto de ficar concentrado", admite o goleiro Ederson. Apesar disso, ele encara o momento com resignação. "É benéfico, é período de preparação. Nós, jogadores, já estamos acostumados com isso. É importante para fazer uma boa preparação, ter uma boa alimentação e qualidade do sono.".