O encontro com o Brasil é como um oásis na agenda da seleção salvadorenha. A equipe disputa as Eliminatórias para a Copa Ouro, competição da América Central equivalente à Copa América. Até o fim do ano, os compromissos são contra os frágeis rivais Barbados e Bermuda.
No sábado, El Salvador encarou pelo torneio classificatório o arquipélago de Montserrat, território pertencente ao Reino Unido e que tem população inferior a 5 mil pessoas. Ganhou por 2 a 1, com o gol da virada marcado nos acréscimos da disputa.
"Existe uma diferença enorme entre as duas seleções hoje. O Brasil tem jogadores nas melhores ligas do mundo. Nossa seleção tem apenas alguns atletas que atuam fora. Espero apenas que possamos fazer um papel minimamente digno", disse ao Estado o treinador de El Salvador, o mexicano Carlos de Los Cobos.
O técnico está pela segunda vez no comando da seleção, 72.ª colocada no ranking da Fifa. El Salvador tem o nome marcado no futebol por ter sofrido a maior goleada da história das Copas: 10 a 1 diante da Hungria, em 1982, na segunda e última vez em que o time disputou um Mundial. Nas duas tentativas mais recentes, a equipe não chegou à fase decisiva, o hexagonal final.
"O nível da nossa liga é muito baixo. São 12 equipes, todas com instalações precárias e estádios públicos. Os jogadores têm poucos recursos para desenvolver suas capacidades. O universo de atletas que podemos convocar é restrito", afirmou o treinador mexicano.
A convocação de El Salvador deixou fora do amistoso jogadores que, em 2013, envolveram-se em escândalo de arranjo de resultados de partidas da seleção pelas Eliminatórias.
Há mais de um ano, El Salvador não enfrenta um adversário de outro continente. O último encontro foi com o Equador, em junho do ano passado.
O atacante brasileiro Ricardinho conhece bastante o futebol local, onde atua há quatro anos pelo Santa Tecla, que ganhou fama internacional em 2016 ao contratar o uruguaio Loco Abreu. O clube forneceu quatro jogadores para a seleção.
"As equipes passam dificuldades, demoram a pagar salário. No meu time, o máximo que ocorreu foi ficar um mês sem receber. O futebol daqui é bom, mas não é do nível do brasileiro", explicou ao Estado. O capixaba de 31 anos recebeu sondagem tempos atrás para se naturalizar salvadorenho, mas disse que a corrupção no passado do futebol local esfriou o apoio da torcida à seleção do país.
Segundo Ricardinho, a equipe convive com grande cobrança para conseguir voltar a uma Copa.
BRASIL COM MUDANÇAS
O técnico Tite vai fazer testes na seleção brasileira no amistoso contra El Salvador - serão seis alterações em relação ao time que iniciou o jogo com os Estados Unidos.
Esta noite, Neto, Éder Militão, Dedé, Alex Sandro, Arthur e Richarlison serão titulares. Segundo Tite, o amistoso é a oportunidade de trabalhar o espírito de equipe e a confiança dos jogadores. Mas alertou. "Não tem (jogo) relaxado, não, o futebol não permite isso. O futebol permite por vezes a equipe com nível técnico inferior vencer jogos e sabemos disso", afirmou.
O treinador também já avisou que Neymar, Paquetá, Philippe Coutinho e Dedé não irão jogar o jogo inteiro, pois têm partidas decisivas por seus times nos próximos dias. "Eu tenho que ter a responsabilidade pela saúde do atleta."
BRASIL X EL SALVADOR
BRASIL
Neto; Éder Militão, Marquinhos, Dedé e Alex Sandro; Douglas Costa, Casemiro, Arthur e Philippe Coutinho e Neymar; Richarlison
Técnico: Tite
EL SALVADOR
Henry Hernández, Roberto Dominguez, Alexandre Mendoza, Juan Barahona e Bryan Tamacas; Gilberto Baires, Oscar Cerén, Fabrício Alfaro e Diego Coca; Denis Pineda e David Díaz
Técnico: Carlos de los Cobos
Local: Fedex Field, em Washington (EUA).
Data: 11 de setembro de 2018, terça-feira.
Horário: 21h30 horas (de Brasília)
Árbitro: não divulgado