O caso foi conduzido pela Unidade de Delinquência Econômica e Fiscal, que concluiu que comissões ilegais avaliadas em US$ 26 milhões (R$ 97 milhões) foram pagas a Rosell por ter mediado o contrato entre a CBF e a empresa americana. Do valor total recebido pelo ex-dirigente catalão, hoje preso, Teixeira teria ficado com US$ 5 milhões (R$ 19 milhões).
Segundo o jornal espanhol El Confidencial, o contrato que gerou a propina seria de 6 de novembro de 2008 e estaria em vigor até 2011. O fim do acordo coincide, segundo a publicação, com a entrada de Rosell na presidência do Barcelona e sua necessidade de se desfazer de contratos anteriores que pudessem representar um conflito de interesse.
Para receber o pagamento, Rosell teria usado a empresa Ailanto Marketing, criada no Brasil e alvo de investigações por parte das autoridades nacionais. Diante da juíza espanhola Carmen Lamela, Rosell explicou na segunda-feira que o envio de US$ 5 milhões (R$ 19 milhões) a Teixeira era uma forma de anular um empréstimo que o brasileiro lhe teria feito.
Mas os investigadores suspeitam que Teixeira tenha usado Rosell como instrumento para lavagem de dinheiro. Um indício disso era que os recursos passaram por vários paraísos fiscais e diversas contas de empresas offshore. Na avaliação dos investigadores, isso seria um sinal de que houve uma tentativa de impedir que o percurso do dinheiro fosse facilmente identificado.
Nos Estados Unidos, o FBI investiga a Nike por suspeitas de suborno em relação ao Brasil e o contrato avaliado em US$ 160 milhões (R$ 600 milhões) com a seleção brasileira. Ricardo Teixeira é suspeito de ter dividido com o empresário José Hawilla uma propina de US$ 30 milhões (R$ 112 milhões) por terem fechado um acordo com a empresa americana em 1996, dando a ela exclusividade para explorar a imagem da seleção.
De acordo com documentos oficiais do Departamento de Justiça dos EUA, a CBF havia fechado um acordo milionário com a empresa americana que previa um pagamento extra em uma conta na Suíça de US$ 40 milhões (R$ 149 milhões) para a Traffic. Depois de fechar o acordo com a Nike, Hawilla emitiria notas por serviços supostamente prestados entre 1996 e 1999 no valor de US$ 30 milhões (R$ 112 milhões) para a Nike que, em troca, o fazia os depósitos.
Para a Justiça americana, esse valor se refere a "propinas e subornos" que o então presidente da CBF e o empresário brasileiro receberam da empresa.