Pouco mais de um mês depois de não bater o peso e ter a luta conta Erin Blanchfield cancelada, a mineira Norma Dumont volta ao UFC para enfrentar a canadense Felicia Spencer. A lutadora de BH deu um passo atrás no plano de descer imediatamente para a divisão dos galos (61kg) e retornou aos penas (66kg) para encarar a ex-desafiante ao cinturão, neste sábado, em Las Vegas. O duelo será no card principal.

Norma nem voltou a BH depois da barração na pesagem, no dia 9 de abril. Ela permaneceu em Las Vegas e fez avaliações no Instituto de Performance do UFC e montou o planejamento para descer aos galos sem o risco de sofrer na balança. A Imortal, como é chamada, aproveitou para incrementar os treinos de wrestling (luta olímpica) na academia Syndicate MMA e teve preparação digna para um duelo que promete ser intenso ao longo de três rounds. 

Em entrevista por videochamada ao Superesportes, direto de Las Vegas, Norma Dumont disse que o foco é a preparação para mudar de categoria, mas, com a possibilidade de enfrentar uma ex-desafiante, que só perdeu para a atual campeã dos penas, Amanda Nunes, por pontos, assim como ocorreu contra Cris Cyborg, antiga detentora do cinturão, não poderia deixar escapar a chance. A atleta de BH tem como objetivo lutar mais vezes em 2021 e ter rotatividade na organização. 

Norma, de 30 anos, começou bem no peso galo, com vitória sobre a americana Ashlee Evans-Smith, por pontos, em novembro de 2020, em Las Vegas. Foi a segunda luta da mineira no UFC - na estreia ela perdeu para a australiana Megan Anderson, outra ex-desafiante, por nocaute, ainda na divisão dos penas. Ela considera que Felicia Spencer é uma adversária perigosa, mas espera soltar o jogo e usar a sua maior arma: a força na trocação. 

Depois que não consegui bater o peso pela segunda vez, fiz testes no Instituto de Performance do UFC para ver o que aconteceu, o motivo. Não foi falta de disciplina ou dieta, isso sempre foi normal para mim. Eles me avaliaram, bati os recordes de força em todos os testes e sou uma atleta muito forte para a categoria 61kg. 

O UFC me pediu em torno de quatro ou cinco meses para deixar o corpo pronto para conseguir baixar o peso com saúde, porque eu teria que perder um pouco de massa magra, um trabalho meio chato, porque estava muito forte para a divisão. 

Eu me disponibilizei a lutar na divisão até 66kg, caso houvesse chance, pois estava pronta, com camp pronto e continuei treinando. Já estava no Instituto de Performance e queria lutar nesse meio tempo. Eles me ligaram oferecendo a luta contra Felicia e aceitamos, porque é uma luta interessante, ela tem bastante nome e eu já estava com o camp montado. Então, seria uma boa ideia fazer essa luta agora e depois seguir o trabalho programado para descer de divisão com mais calma. 

O nosso projeto é lutar no peso-galo, pois na divisão de cima não há muitas adversárias, não dá para a gente amadurecer na categoria 66kg. Na divisão de 61kg há mais competitividade, há mais atletas e um nível alto, as dez primeiras do ranking são atletas de bons níveis e isso ajuda a evoluir. 

Nossa ideia é descer para divisão de baixo, mas também posso voltar a lutar nos 66kg, sem problema, se pintar a oportunidade e me chamarei. Vou aceitar sem problema. mas a intenção é ficar no 61kg. 

Eu acho interessante enfrentar uma atleta de nome. Em todos os eventos que participei no UFC, eu só lutei no card principal. Eu gosto de grandes desafios, isso me empolga, gosto de sair na mão com atletas como a Felicia, que é durona, isso me motiva mais ainda a treinar. 

Eu sempre gosto de atletas com nome forte, nunca peguei luta fácil, mesmo antes de entrar para o UFC. Eu sempre tive adversárias com cartel melhor, mais experientes, isso nunca foi problema. Eu gosto de ter lutas interessantes e sou uma atleta muito dura, já rodei o Brasil e treinei em academias nos EUA e sei que sou uma atleta dura. Me falta um pouco de experiência no octógono, porque tenho poucas lutas no UFC, mas isso vou adquirir com o tempo. 

Ela tem resistência, mas isso não me machuca. Minha última adversária, a Ashlee (Evans-Smth), também é uma atleta resistente, acredito que a luta vai se prolongar nos três rounds, mas a expectativa é que seja com porradas. Se ela conseguir ficar até o fim, vamos ver. É um mérito dela, não cai com facilidade, mas tenho gás para lutar os três rounds e estou tranquila. Mas aposto em uma luta de três rounds. 

Lutadora de BH teve auxílio de colegas na Syndicate MMA, em Las Vegas, e trabalhou o wrestling - Foto: Reprodução/Instagram

Entrei sempre muito focada nas lutas, tanto que só percebi que não tinha público quando terminou. A gente fica muito focada, não poderia deixar adrenalina tomar conta. O momento principal é quando você ganha e a torcida se levanta. Os fãs americanos vibram muito, quando eu entrei e vi a multidão na primeira luta eu fiquei empolgada, mas isso me desconcentrou um pouco. 

O melhor momento é no fim, e a entrada é um perigo, pois os fãs ficam empolgados e isso te leva junto. E temos que brigar para segurar isso, para não deixar adrenalina subir. É uma briga interna. Mas quando ganhei senti falta, pois não tinha ninguém para vibrar na arena. Fiquei sem aquele calor da galera na vibração.

Contra a Felicia é preciso estar ligada a todo momento, é uma atleta perigosa no alto e no chão. Tem as falhas, não tem um boxe tão bom ou as mãos potentes, mas tem um bom chute, joga boas cotoveladas e joelhadas. Então é preciso ficar ligada, esperta, pois ela luta sempre de forma inteligente. 

Ela sempre busca algo diferente nos momentos difíceis. Então, a nossa estratégia é manter a luta no alto, com trocação, mas eu também tenho qualidade no jiu-jítsu brasileiro, sou faixa marrom e vamos trabalhar bem no chão também. A minha luta é mais em pé, gosto de trabalhar o boxe e consigo controlar bem a distância. 

É uma luta em que você não pode relaxar, pois a qualquer momento ela solta um golpe que pode surpreender. Será uma luta tensa do início ao fim. 

Foi um camp muito rápido, foram praticamente três semanas, mas duas de treinos puxados. Eu já mudei para Las Vegas por causa do trabalho para bater o peso nos 61kg, isso foi um pedido deles, pois há acompanhamento médico e de nutricionista. Eu já estava aqui nos EUA e foi muito mais tranquilo. Fui para a equipe Syndicate, que é uma equipe de wrestling e isso me ajudou muito. Talvez seja o ponto falho meu, pois não tinha esse treino de wrestling. E lá tem várias atletas da minha divisão, isso me ajuda muito. 

Tive um nível de disputa muito grande, treinei com a Ramona (Pascual), a Nico Montaño, e tive atletas de alto nível me ajudando. Houve essa medição de forças para saber como estamos, era preciso ter atletas de bom nível físico e técnico para isso. Apesar de curto, foram duas semanas, me senti muito bem e tive um camp muito proveitoso. 

Sábado, 22 de maio

UFC Apex, em Las Vegas

Card preliminar - 17h

Card principal -  20h 

Canal Combate (na íntegra)

SporTV 3 (duas lutas iniciais)

Rob Font x Cody Garbrandt

Yan Xiaonan x Carla Esparza

Justin Tafa x Jared Vanderaa

Felicia Spencer x Norma Dumont

David Dvorak x Raulian Paiva

Jack Hermansson x Edmen Shahbazyan

Ricardo Carcacinha x Bill Algeo

Ben Rothwell x Chris Barnett

Court McGee x Cláudio Hannibal

Bruno Bulldoguinho x Victor Rodriguez

Josh Culibao x Yilan Sha

Yancy Medeiros x Damir Hadzovic

Rafael Alves x Damir Ismagulov