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Maturidade e confiança são apostas de Matheus Nicolau na volta ao UFC

Mineiro de BH ganha nova chance na franquia e luta neste sábado

postado em 11/03/2021 22:50 / atualizado em 11/03/2021 23:40

(Foto: UFC/Reprodução)

Apontado como revelação do MMA nacional, Matheus Nicolau ganha nova chance no UFC, depois de breve passagem entre 2015 e 2018. O mineiro nascido em BH foi recontratado e terá oportunidade de mostrar serviço na divisão peso mosca (57kg). Ele será atração no card principal do UFC Fight Night deste sábado, a partir das 19h (de Brasília), no UFC Apex, em Las Vegas, diante de Manel Kape, natural de Luanda, em Angola. 

Aos 28 anos, Matheus Nicolau despontou após participar do The Ultimate Fighter Brazil 4, em 2014, e chegar às semifinais no torneio peso galo (61,2kg), quando foi superado por Dileno Lopes, em duelo muito equilibrado e definido na pontuação dos juízes. Antes, o mineiro teve passagens por eventos nacionais como Shooto e Brazil Fight.

A boa performance no reality show rendeu ao belo-horizontino contrato com o UFC. Na estreia, em novembro de 2015, ele derrotou Bruno Korea por finalização no terceiro round, em São Paulo. Matheus Nicolau lutou mais três vezes e teve resultados positivos contra John Moraga e Louis Smolka, nomes experientes na franquia. Contra outro veterano, Dustin Ortiz, o mineiro sofreu a primeira derrota na organização, por nocaute, em Calgary, no Canadá. 

Depois daquela luta, em julho de 2018, em meio a boatos sobre o fim da divisão peso mosca (57kg), na qual ele vinha atuando, Nicolau teve o contrato rompido pela organização. Desde então, ele passou por franquias como Future FC e Brave, ao qual esteve vinculado até o ano passado, sem no entanto participar de eventos, em decorrência da pandemia de COVID-19. 

Em entrevista exclusiva ao SUPERESPORTES, Matheus Nicolau comentou sobre a nova chance no UFC e disse que se sente mais preparado para conquistar espaço no peso mosca, onde ele se considera mais à vontade neste momento. O adversário deste sábado vem de pouco tempo de descanso, pois lutou em 5 de fevereiro passado, quando foi batido pelo brasileiro Alexandre Pantoja, por decisão unânime. O angolano foi convocado às pressas para o duelo contra o mineiro, que teve o adversário vetado por duas ocasiões. 

(Foto: Reprodução/Instagram)


Confira a entrevista com Matheus Nicolau


Depois de uma passagem de quase três anos pelo UFC, você saiu e está de volta. O que mudou no Matheus Nicolau desde então?
 
Eu acho que houve um amadurecimento natural da vida, não apenas das artes marciais, mas da vida mesmo. Ela continuou acontecendo. Acho que me tornei um atleta mais maduro em todos os quesitos. 
 
Como você encara a volta ao UFC? Se considera mais maduro e experiente?

Com certeza. Eu acho que tenho mais experiência, não só de luta, tempo, treino, mas o fato de ter saído do UFC - sendo que estava numa fase boa - isso também foi um amadurecimento. Sou mais experiente e o Matheus dessa nova fase continua bem motivado e bem feliz com a oportunidade de voltar para a maior organização de MMA do mundo e com sede de vitória.
 
Você teve adversário vetado duas vezes, depois foi trocado. Muda algo na preparação? 
 
Muda um pouco o lado estratégico. Eu estava estudando e me preparando para um oponente desde o final do ano passado. Iríamos lutar em janeiro, aí foi adiada para março. Duas semanas atrás, trocou para o Manel, um adversário que tem outras características, perigos e buracos no jogo. Mudou um pouco o estudo, tive que refazer tudo. Mas como estou sempre treinando e buscando minha evolução, acho que consegui adaptar isso muito bem. 
 
Você lutou pela última vez em agosto de 2019 e acabou não voltando no ano passado por causa da pandemia. Esse tempo sem participar de eventos preocupa?
 
Não. Apesar de não ter lutado, me mantive treinando o ano todo. Não me lesionei e/ou fiquei sem luta à vista. Ano passado eu tinha uma luta marcada para março, que foi cancelada duas semanas antes por conta da pandemia. Com o lockdown, fiquei um mês parado, mas logo depois voltei a treinar porque o Brave me ofereceu uma luta; essa luta foi adiada três vezes até ser cancelada. Mas me mantive na ativa no treino. Não me preocupo - pelo contrário - a sede de vitória está ainda maior. 
 
Você lutou tanto no peso galo como no peso mosca. Há alguma preferência, já que vc voltará na divisão até 57kg?
 
Na verdade, não. O peso-galo eu tenho mais facilidade de bater o peso, o peso-mosca é algo que eu preciso fazer dieta mais minuciosa, ficar mais atento em calorias etc. Mas acho que a minha categoria é realmente o peso-mosca, é onde me encaixo melhor. Sigo forte e rápido. Eu gostava das minhas performances no peso-galo, me sentia mais rápido do que a maioria dos atletas, mas eles eram mais pesados e fortes que eu. Futuramente, ficando mais velho e ganhando mais massa e peso, é provável que eu suba. Mas hoje o mosca é minha categoria e Estou feliz de estar voltando nela.

(Foto: Reprodução/Instagram)

 
Você despontou no TUF Brasil 4, chegou às semifinais e ganhou contrato com o UFC. O que faltou para conquistar espaço no UFC? 
 
Eu acho que não faltou nada. Eu estava conquistando meu espaço da melhor maneira que podia. estava fazendo boas lutas com feedback super positivo. Desde a minha primeira luta no peso mosca eu já peguei um cara ranqueado. Só lutei com atletas ranqueados. O que aconteceu foi que tive minha derrota no pior momento possível - foi bem na época em que trocaram Demetrious Johnson pelo Ben Askren e o UFC estava pensando em acabar com a categoria. E acabaram cancelando meu contrato. Tudo acontece no momento certo. Foi bom pra ver que amo lutar, fui capaz de manter meu sonho aceso. 
 
Como tem sido a rotina de treinos na pandemia? Atrapalha um pouco? 
 
No início atrapalhou um pouco. Quando o vírus chegou, a gente ainda tinha muito pouca informação. As academias todas fecharam e eu estava com bastante medo - eu alugo quarto na casa da família de um amigo - e fiquei preocupado, não só com a minha, mas com a saúde deles. Por isso, fiquei bem recluso, treinando só em casa. Claro que atrapalhou um pouco, mas atrapalhou todo mundo. Eu conto com a sorte de ter a Luana (Pinheiro, contratada pelo UFC recentemente) do meu lado. Mesmo com a academia fechada, a gente treinava todos os dias, buscando a evolução. Logo que o Brave me convidou, eu voltei pro Rio, me organizei com o Dedé Pederneiras para treinar em horários específicos e com pequenos grupos. Eu sempre tento ver o lado positivo de tudo. Foi um ano muito difícil: não fiz dinheiro, não lutei, fiquei preocupado com a saúde - minha e dos outros - mas eu consegui treinar e tirei coisas boas. 
 
Como analisa a situação de BH e dos mineiros com a COVID-19? 
 
Eu tenho acompanhado um pouco. Falar de Covid é algo bem difícil porque envolve muitas coisas. O vírus ainda tá aí, temos essa variante agora, que ainda nem sabemos como é exatamente. Está sendo ruim para todo mundo. Além disso, tem muita gente perdendo emprego, empresas fechando. Acho que vamos sair dessa mais fortes. 
 
Quais os planos para a segunda passagem pelo UFC?
 
Meus planos são os mesmos da minha primeira passagem: galgar meu espaço, degrau a degrau, subir até o cinturão e ser campeão. Mostrar meu amor pelas artes marciais e influenciar pessoas de forma positiva. 
 
Como é acompanhar o crescimento da Luana (Pinheiro, recentemente contratada), sua companheira, que teve boa passagem pelo judô do Minas e chegou ao UFC?
 
Ah, é um privilégio, uma honra. A luta foi o que uniu a gente. A primeira vez que a vi foi quando ela veio lutar em Belo Horizonte. Eu vi desde o começo o espírito e o potencial dela para isso. Ela tem um coração gigante, muito guerreira, disciplinada. Me sinto honrado de poder participar desse caminho dela.



UFC FIGHT NIGHT: EDWARDS X MUHAMMAD


Sábado, 13 de março
Local: UFC Apex, em Las Vegas
Horário (de Brasília): card preliminar (19h); card principal (22h)
Transmissão: Canal Combate (na íntegra); SporTV3 (duas lutas iniciais)

CARD PRINCIPAL
Peso-meio-médio: Leon Edwards x Belal Muhammad
Peso-meio-pesado: Misha Cirkunov x Ryan Spann
Peso-pena: Dan Ige x Gavin Tucker
Peso-galo: Jonathan Martinez x Davey Grant
Peso-mosca: Manel Kape x Matheus Nicolau
Peso-médio: Eryk Anders x Darren Stewart

CARD PRELIMINAR
Peso-palha: Angela Hill x Ashley Yoder
Peso-pena: Charles Jourdain x Marcelo Rojo
Peso-galo: Rani Yahya x Ray Rodriguez
Peso-leve: Nasrat Haqparast x Rafa Garcia
Peso-mosca: Cortney Casey x JJ Aldrich
Peso-palha: Glorinha de Paula x Jinh Yu Frey
Peso-meio-médio: Matthew Semelsberger x Jason Witt

Brasileiros em ação no evento

Tags: mineiro Las Vegas BH UFC Fight Night UFC matheus nicolau Manel Kape