Um dos eventos mais aguardados do ano pode representar feito inédito para Minas Gerais no MMA mundial. Depois de duas tentativas, em 2014 e 2015, mais um atleta mineiro volta a disputar o cinturão do Ultimate Fighting Championship. A chance de fazer história para o estado em uma modalidade esportiva está nas mãos de Paulo Borrachinha. Nascido em Contagem, ele vai encarar o nigeriano Israel Adesanya, campeão peso médio (84kg), na luta principal do UFC 253, entre a noite deste sábado e a madrugada de domingo (no Brasil), na Ilha da Luta, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes.
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Aos 29 anos, Borrachinha, que ainda reside e treina na cidade natal - ele tem a sua própria equipe de preparação, a Team Borracha -, terá a chance de conquistar cinturão inédito para o Minas. Em abril de 2014, Glover Teixeira, nascido em Sobrália, no Vale do Rio Doce, disputou o título dos meio-pesados (93kg), mas não conseguiu passar pelo favoritíssimo Jon Jones e foi superado por pontos em decisão unânime dos juízes. Em abril de 2015, Wilson Reis, de Januária, no Norte do estado, enfrentou o então campeão imbatível do peso mosca (57kg) Demetrious Johnson, em Kansas City (EUA), e acabou finalizado com chave de braço no terceiro round.
Borrachinha pode ser mais um brasileiro campeão no peso médio, reconquistando o cinturão para o Brasil após domínio de Anderson Silva, entre 2006 e 2013. Invicto na carreira - ganhou as 13 lutas que disputou no MMA -, o lutador de Contagem medirá forças contra um rival que também ainda não conheceu a derrota. Adesanya, de 31 anos, venceu os 19 combates nas artes marciais mistas. O nigeriano, nascido em Lagos, tem nacionalidade neozelandesa e reside e treina em Auckland, na academia City Kickboxing.
O duelo de invictos é um dos pontos que incendeiam o combate, inflamado também pela grande rivalidade entre eles. Borrachinha e Adesanya protagonizaram intenso 'bullying' mútuo em declarações na mídia, redes sociais, postagens....'palhaço magrelo', 'bombado', foram algumas expressões e falas utilizadas por ambos. Em meio a tudo isso, o chefão do UFC, Dana White, aproveitou a chance de marcar o duelo para a badalada Ilha da Luta, em Yas, tradicional praia de Abu Dhabi, com o rótulo de 'luta do ano'.
Borrachinha considera que reconquistar o cinturão dos médios para o Brasil, depois de anos de domínio de Anderson Silva, será mais motivação para o UFC 253. “É uma honra poder conquistar o mesmo título que foi dele durante tantos anos, declarou o mineiro, feliz em ter a chance de fazer história em um momento intenso para a organização na Ilha da Luta. “O UFC fez um trabalho incrível. A infraestrutura é gigantesca, tudo muito seguro, toda a equipe testada. Gostei muito desse lugar", destacou.
Borrachinha, o Eraser, como é chamado nos EUA, considera que disputar o cinturão é parte de um sonho. A totalidade, segundo ele, virá com a vitória sobre o rival africano. “Eu tenho muito força e sou faixa preta de jiu-jitsu. Essa luta pode terminar de qualquer forma. Eu vou vencer, por nocaute ou finalização, antes do terceiro round. Eu sempre tive o sonho de lutar no UFC e disputar um cinturão. Fui atrás dele e hoje estou aqui”, enfatizou.
Adesanya, que já defendeu o cinturão contra o cubano Yoel Romero em luta muito tediosa no UFC 248, em março passado, ao ganhar por decisão unânime, sugere que o clima de rivalidade começou com Borrachinha. “Ele que tentou criar essa narrativa. Foi ele quem fez o trashtalking, postou vídeos e se esforçou para criar essa história. Eu apenas disse que não gosto do cara. Não gosto dele, do jeito dele, de como se comporta. Não é pessoal. É o que é”, reiterou.
Adesanya voltou a provocar o mineiro ao colocar em dúvida a qualidade dos oponentes batidos pelo desafiante até agora. “Os músculos enganam todo mundo. Ele apenas lutou contra sacos de pancada. Eu vou fazer parecer fácil e a maioria das pessoas vai ficar chocada com isso”, projetou o nigeriano, que já enfrentou Anderson Silva no UFC - venceu por pontos na edição número 234, em fevereiro de 2019, em Melbourne - e admitiu ter admiração pelo Spider. Mas ele refuta qualquer tipo de comparação.
“O Anderson é um atleta que eu admiro nesse jogo há muito tempo. Eu tenho o título que ele já teve e eu me inspiro na forma como ele se portou dentro do UFC durante todos esses anos. Quero repetir a história dele. É difícil, mas estou interessado no desafio. Mas eu não sou o futuro Anderson Silva, eu sou o Israel Adesanya”, reforçou.
UFC 253
Local: Ilha da Luta, em Abu Dhabi, Emirados Árabes