O Ultimate Fighting Championship tem um novo representante brasileiro. Natural de Belo Horizonte, Rodrigo Nascimento, conhecido como “Zé Colmeia”, assinou contrato com a principal organização das Artes Marciais Mistas na quarta-feira passada, depois de vencer uma luta do programa Dana Whites’s Contender Series, criado pelo presidente do UFC para revelar novos talentos. O Superesportes conversou com o novo lutador da categoria peso pesado (até 120kg) da organização, que finalizou o checo Michal Martinek com um katagatame, logo no primeiro round, em Las Vegas. Ele comentou sobre o confronto e relembrou fatos importantes sobre a carreira no esporte.
O peso-pesado Zé Colmeia, de 26 anos, se emocionou depois do preciso katagatame aplicado no tcheco Michal Martínek aos 3 minutos 16 segundos do primeiro round. O golpe rendeu aplausos de Dana White a Rodrigo Nascimento, que relembrou os tempos em que começou a lutar boxe no Bairro Santa Terezinha, na Região Pampulha, em BH, em 2010.
“Passou tanta coisa na minha cabeça… passou um trabalho de quase dez anos. Eu treino desde 2010, buscando essa oportunidade profissional desde 2012. Quando tudo começou era só um sonho, era algo muito longe, quase que impossível de acontecer. Ainda mais vindo de onde eu venho, e estou aí hoje, graças a Deus, no maior evento do mundo de MMA. Vindo do ‘Santeba’, vindo de BH, sendo brasileiro peso-pesado, novo ainda. É uma nova geração dos pesos-pesados. Passou muita coisa, até as dificuldades que a gente tem ao longo desse tempo. Foi uma explosão de sentimentos”, disse o novo lutador do UFC.
Rodrigo começou a carreira há cerca de dez anos, no próprio bairro onde ainda mora. Ele deu os primeiros passsos na chamada 'nobre arte' por meio do treinador Éverton Rabelo de Andrade, também conhecido também como Brow ou Tom. O professor, no entanto, foi assassinado a tiros no Conjunto Habitacional Santa Terezinha (Cojam) em 2012. Entre as dedicatórias da sétima e mais importante vitória profissional de MMA na carreira, Brow esteve entre os citados por Zé Colmeia.
“Agradeço a todos que estiveram comigo nessa caminhada. O Tom, Éverton Rabelo de Andrade, também conhecido como Brow, que nos deixou e foi um ótimo professor na minha vida. Um cara que mudou a minha vida e vai mudar a vida da minha família também. Maurício Fernandes Júnior, o Red, que me levou para a academia Full House, a primeira de MMA em que treinei, e desde então nunca mais parei. E vou continuar fazendo o que eu faço, com quem eu confio. Vou treinar no Boxe Velha Guarda, um projeto que, inclusive, tem o Leo, jogador do Cruzeiro, como padrinho. O dono do projeto é o Joel Velha Guarda, que pega pessoas carentes, crianças da comunidade, do morro, tira das drogas e coloca no meio do boxe para salvar vidas. A parte de jiu-jitsu eu faço com o Mauro César Santiago, que é o He-Man, da Corpore Iate, meu professor. A preparação física eu faço com o João Paulo Rosa, dono da Exercise, e a gente normalmente usa o espaço da academia Up, ou então na Brandão Crossfit, que tem parceria comigo. MMA eu treino no Gordin Fight Team. E, agora, pretendo fazer como fiz para essa última luta: metade da preparação no Brasil e metade na American Top Team, na Flórida, onde eu estava, que é uma academia que tem grandes nomes, como Júnior Cigano, Amanda Nunes, e Edson Barboza”.
Zé Colmeia disse que, antes de retomar os treinos e se preparar fisicamente para a estreia no UFC, pretende rever família e amigos do bairro. “Daqui a pouco estou voltando para BH e preciso, primeiro, abraçar minha família, meus parentes, meus irmãos. Estou doido para chegar em casa, ver meu cachorro, ver meu computador, jogar um Fortnite. Adoro jogar Fortnite. Quando chegar lá no bairro, quero fazer aquela resenha com o pessoal, com um bom churrasco, estou com essa vontade. Depois desse rápido momento, é foco”.
Faixa roxa em jiu-jitsu e sem graduação nas demais modalidades, Zé Colmeia disse que a preocupação é evoluir de forma gradativa no UFC, mirando presença nos principais eventos da franquia. No futuro, a meta é brigar pelo cinturão dos pesos pesados, que está nas mãos de Daniel Cormier.
“Meu primeiro foco agora é fazer uma luta no UFC, para eu ficar mais tranquilo, me estabelecer financeiramente e investir esse dinheiro no meu camp. E, com isso, crescer. Depois, meu próximo passo é entrar no top 10, top 5, e, se Deus quiser, chegar bem em uma disputa de cinturão se for possível, se Ele abençoar. Com cada um fazendo seu trabalho, a gente pode levar esse cinturão para o Brasil, para Minas Gerais, para BH e para o ‘Santeba’”.
“Meu primeiro foco agora é fazer uma luta no UFC, para eu ficar mais tranquilo, me estabelecer financeiramente e investir esse dinheiro no meu camp. E, com isso, crescer. Depois, meu próximo passo é entrar no top 10, top 5, e, se Deus quiser, chegar bem em uma disputa de cinturão se for possível, se Ele abençoar. Com cada um fazendo seu trabalho, a gente pode levar esse cinturão para o Brasil, para Minas Gerais, para BH e para o ‘Santeba’”.
Muito feliz com o fruto do árduo trabalho de uma década, o também professor Rodrigo Nascimento, que dá aulas no Bairro Santa Terezinha, disse que vai aliar a rotina de treinos e aulas. “Isso é inacreditável. Tanta gente desacredita, fala que a gente não vai chegar, mas quem abre mão das coisas consegue chegar. Sair do ‘Santeba’, quem mora lá sabe, é um bairro bom demais, graças a Deus é um lugar bom, com pessoas boas, mas tem uns vacilões. Ficamos felizes demais, muito pelo Tom. Vou continuar dando aulas no bairro e, ao mesmo tempo, treinar e me cuidar”, finalizou o peso-pesado.