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ENTREVISTA EXCLUSIVA

Revelação do TUF, mineiro Wagnão diz que separou da esposa para se dedicar ao MMA

Natural de Viçosa, lutador contou em entrevista exclusiva sua relação com Wanderlei Silva, participação no TUF, carreira no MMA e quem são suas inspirações para lutar

postado em 15/05/2014 08:00 / atualizado em 16/05/2014 12:55

Reprodução/Facebook

Túlio Kaizer, José Cândido Júnior e Vicente Ribeiro


Wagner Silva Gomes, natural de Viçosa, Zona da Mata de Minas Gerais, tem uma história como a de muitos profissionais das artes marciais mistas, marcada pela superação e determinação. Aos 26 anos, o mineiro conhecido como Wagnão, é uma das revelações do The Ultimate Fighter Brasil 3. Pupilo de Wanderlei Silva na casa do reality show, o lutador conversou com exclusividade com o Superesportes.

Wagnão revelou durante a conversa com a reportagem que sua vida mudou muito no último ano, quando deixou a cidade natal e um casamento de seis anos para viver o sonho de lutar no Ultimate Fighting Championship. E o desejo está bem próximo de se transformar em realidade, já que o lutador chegou à semifinal do TUF Brasil e deverá ganhar uma chance no UFC.

Fã de José Aldo, campeão do peso pena da organização, Wagnão diz que deve continuar lutando na categoria dos médios caso seja contratado pelo UFC. O lutador ainda criticou os centros de treinamento de MMA em Minas, dizendo que os lutadores do estado precisam sair de Minas para poder ter sucesso. Esse é o caso de Wagner. Confira a história do atleta e toda a conversa do mineiro com o Superesportes.

Você e o Warley Alves fazem a semifinal do TUF e um de vocês foi derrotado. Mesmo assim, ambos terão chance de lutar no TUF Brasil Finale e devem ter oportunidades no UFC. Como você vê essa chance de lutar no maior evento de MMA do mundo?

Todos que participaram do TUF querem ter a oportunidade de lutar no UFC. É o evento de MMA que tem maior visibilidade do mundo, até para a gente conseguir um patrocínio e dar uma alavancada na carreira. Todos ali sonham com essa chance. Não dá para avaliar muito o TUF, porque você não treina com a sua equipe. Quando você se prepara para um evento de MMA, você se prepara com seus treinadores, sua família, e isso não acontece no TUF. Mas foi uma oportunidade muito boa e espero que todos possam lutar pelo UFC.

Como você usou esse período no TUF para aprimorar suas técnicas?


O que tive mais proveito dos treinadores foi Fábio Gurgel. Ele tem uma dinâmica muito boa de ensinar. Tive um baita aprendizado com ele na parte de chão. Ele também sabe wrestling. André Dida também é um cara bem estrategista e soube montar bem a tática de cada um das lutas no programa. Wanderlei não treinou muito com a gente, apenas os coachs mesmo. Deu para absorver muita coisa e foi muito bom.

Reprodução/Facebook

Como foi sua relação com Wanderlei Silva?


Wanderlei é um cara que tem muito coração. Ele cuidou dos seus lutadores ali dentro da casa. Ele passava toda essa garra para a gente na hora da luta. Na verdade, não tive muito contato com ele durante o programa. Ele não estava treinando com a gente, porque estava cuidando de uma lesão, mas, mesmo assim, ficava gritando com a gente do lado de fora. Ele sempre falava para a gente deixar o nosso máximo dentro do octógono, ganhando ou perdendo tem que dar show. Foi um cara que tive prazer de aprender com ele.


Minas Gerais começa a crescer o seu número de lutadores no UFC. Além de você e Warlley, que devem ganhar oportunidade, o Bomba, outra revelação do TUF, ganhou um contrato com o Ultimate. Como você vê a contratação dele e o crescimento do número de lutadores do estado no UFC?


No TUF tinha eu, Montanha, Warlley, Bomba e o Borrachinha de mineiros. Ainda acredito que Minas Gerais possui poucas academias especializadas para você treinar. Dessa galera do TUF, só  Borrachinha continua treinando em Contagem, enquanto os outros tiveram que sair de seu estado para procurar melhores academias para crescer tecnicamente. Sabemos que temos grandes academias no estado, o jiu-jítsu mineiro é muito forte. Mas na questão de MMA, deixa um pouco a desejar. Eu tive que vim para o Rio de Janeiro para buscar os treinos e melhorar minhas técnicas. O povo mineiro tem muito coração, não desiste fácil e corre atrás para realizar seus sonhos. Faltam ainda academias mais qualificadas e em maior quantidade, como temos no Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador.

Como você viu o nível dessa edição do TUF Brasil 3? Foi melhor que as edições anteriores?


Eu não acompanhei muito bem a segunda edição. A primeira eu assisti e gostei muito. Acho que na segunda edição o pessoal deixou muito a desejar na questão da convivência, com muita bagunça e zoação, deixando de lado a parte de treinos. Quando a gente entrou na casa, tivemos uma conversa na sala e todo mundo entrou em acordo de não deixar uma má impressão como aconteceu no TUF 2. Cada um tinha sua tarefa de organização na casa. Estamos ali para treinar, aprender e ganhar. Nesta edição, as lutas foram muito técnicas e muito elogiadas, desde as primeiras de seleção para entrada dos lutadores na casa, com muita finalização e nocaute. Todos foram muito elogiados e espero que por conta disso, muitos possam sem contratados pelo UFC.


Em qual categoria você deseja lutar no UFC, caso seja contratado: Quer se manter nos médios ou descer para os meio-médios?

É uma dúvida que eu tenho ainda junto com os meus treinadores. Até então eu só realizei lutas nos médios, com três lutas e três vitórias. Foi bastante complicado bater o peso na casa, vivi na dieta lá dentro, porque é complicado segurar meu peso em 84kg, já que meu peso normal é 96kg. Eu acho bem difícil baixar para os meio-médios (onde o limite é 77kg). Estou fazendo um trabalho com meus técnicos e fisiologista para ver se tem como eu lutar bem na categoria de baixo. Não adianta nada bater 77kg na balança e não recuperar bem no outro dia para lutar. Estou vendo a possibilidade ainda, mas minha escolha é me manter entre os médios, porque nesta categoria eu bato o peso bem e fico muito forte.
Reprodução/Facebook

Conte um pouco de sua história de vida e no MMA.

Eu sou de Viçosa. Sou oriundo do jiu-jítsu, comecei aos 16 anos e depois de alguns anos peguei a faixa-preta. Em 2009, fiz minha estreia no MMA em um evento em minha cidade (Viçosa MMA - Championship Fight). Até então não tinha nenhum professor e mesmo assim fiz a luta da noite no evento, finalizando meu adversário rapidamente. Em 2010 eu não lutei nenhuma vez. Em 2011, trabalhava com meu pai no ramo imobiliário, estava estudando, e tive uma luta em um evento regional (Juiz de Fora Fight - JF Fight Evolution). Era um evento que tinha grande visibilidade, no interior de Minas, e enfrentei um cara que tinha 16 vitórias no jiu-jítsu. Foi uma luta duríssima, de três rounds, e acabei saindo com a vitória. Voltei ao octógono em 2013, entrei para a equipe TFT, no Rio de Janeiro, e comecei a levar mais a sério o MMA. Voltei a lutar em um evento grande, que teve transmissão, contra um cara que tinha 26 vitórias e eu estava indo para minha terceira luta. Montei uma estratégia e surpreendi meu adversário no primeiro round com mais uma finalização. Essa luta foi em outubro e em novembro fiz minha inscrição para o TUF, participei da seletiva, passei e mudei para o Rio de Janeiro. Na época era casado há seis anos, minha esposa não gostava muito da ideia de eu ficar viajando muito para o Rio e acabei me separando. Hoje moro no Rio de Janeiro e vivo para o MMA. Estou me dedicando, correndo atrás mesmo do meu sonho que é lutar no UFC.

Quem são seus grandes ídolos no MMA?

Eu gosto muito do estilo do José Aldo. É um cara que é oriundo do jiu-jítsu, que pegou o estilo da trocação e dá show em todas as suas lutas. Pelo que vejo, ele tem um jogo que passa muita confiança. Você assiste às lutas dele e não tem medo de vê-lo perder, porque é dominante, não dá brecha para o adversário. É um estilo que eu gosto, apesar de ele ser mais leve e as lutas mais leves têm um estilo diferente dos mais pesados. Eu tenho esse diferencial, de movimentar muito, como Aldo. É uma pessoa que eu admiro, que é um cara humilde, tem todos os méritos de ser campeão. E outra pessoa que eu admiro muito, que eu treino junto e vivo perto é Thiago Marreta. Ele fez uma grande luta contra Ronny Markes e agora vai ter mais uma, fora do país, contra Uriah Hall. Eu vou acompanhar ele, vou ser corner dele. É um cara muito humilde, que batalha por suas coisas e vai conquistando cada vez mais seu espaço no UFC.

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