A Justiça russa rejeitou, nesta terça-feira (25), o recurso da jogadora de basquete americana Brittney Griner, condenada a nove anos de prisão por tráfico de cannabis, em um contexto de forte tensão entre Moscou e Washington.
O tribunal decidiu "não alterar" a decisão emitida em agosto contra a atleta, declarou a juíza Elena Vorontsova.
No entanto, os dias que Griner passou detida desde sua prisão, em fevereiro, contarão como um dia e meio de pena cumprida.
"Espero realmente que o tribunal ajuste esta sentença, porque tem sido muito estressante e traumatizante para meu estado mental e psicológico", declarou a jogadora, que participou da audiência por videoconferência, segundo uma jornalista da AFP.
Vestida com uma camisa xadrez preta e vermelha, Brittney Griner, de 32 anos, falou do sofrimento que é estar longe de sua família e de não poder falar com seus parentes.
Griner afirmou que "não entende" a gravidade de sua pena, "enquanto outros são condenados a muito menos que [ela] por delitos muito mais graves".
Um de seus advogados, Alexander Boikov, pediu ao tribunal que "reflita" sobre a possibilidade de absolver sua cliente.
O governo dos Estados Unido classifica o processo contra Griner como uma "farsa" e pediu sua libertação imediata.
"O presidente [Joe] Biden foi muito claro sobre o fato de que Brittney deve ser liberada imediatamente", declarou o conselheiro para a Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, lamentando que a jovem continue "presa equivocadamente, em circunstâncias inaceitáveis".
Griner foi detida em fevereiro na capital russa quando levava cartuchos para vaporizar com uma pequena quantidade de óleo de cannabis.
Ela reconheceu que carregava a substância, mas que a levou acidentalmente e que a utilizava legalmente no Estados Unidos para dor.
A jogadora foi à Rússia para partidas fora da temporada americana, uma prática comum entre atletas da WNBA, que ganham melhor no exterior.
O caso tomou uma dimensão geopolítica em um contexto de crise entre Moscou e Washington devido à ofensiva russa na Ucrânia. Outros americanos estão presos na Rússia e os Estados Unidos também lutam por sua libertação.
Washington declarou várias vezes que fez uma "oferta considerável" para que dois de seus cidadãos detidos na Rússia, Brittney Griner e o ex-soldado Paul Whelan, fossem liberados.
Segundo fontes diplomáticas russas, há a possibilidade de trocar Brittney Griner por um traficante de armas russo detido nos Estados Unidos, Viktor But. Ele foi preso na Tailândia em 2008 e cumpre pena de 25 anos de prisão nos EUA.