"Na verdade faltava uma etapa, ela foi cancelada por causa do coronavírus e fecharam o ranking. Eu estava classificado, recebi até carta oficial dizendo isso, comemorei bastante, mas com o adiamento dos Jogos, a federação optou por reabrir o ranking", lamentou Vinicius, que agora terá de buscar novamente a vaga. "Estou bem focado. Eu já queria conquistar a vaga no tatame e vou atrás disso", comentou, confiante.
Ele entende o motivo pelo qual a federação internacional optou por reabrir a classificatória, mas vê como uma injustiça terem dado a vaga a ele e depois tirado. "A etapa no Marrocos era a última que valeria ponto. Ela foi cancelada, transferiram para Madri, na Espanha, mas também não rolou. Com o adiamento, viram que daria tempo para fazer as competições que faltavam", explicou o atleta que luta na categoria até 67 kg.
Pelo ranking olímpico, apenas dois atletas se classificam em cada peso. Na categoria dele irão dois até 67 kg e dois até 60 kg, pois em Tóquio-2020 elas serão juntas. No total são 10 atletas em cada categoria e uma vaga é para um representante do Japão, país-sede. "A maior dificuldade é a classificação, pois na Olimpíada serão dez atletas em cada categoria e apenas quatro saem sem medalha, pois dois ganham o bronze. Mas nada é garantido porque todos que estarão ali são bons", avisou.
O maior adversário do brasileiro na classificação olímpica é o lutador Ali Elsawy, do Egito. "Ele tem chances matemáticas de me passar. Ele é bom e está brigando pela vaga olímpica. Ele foi sétimo no último Mundial, acabou perdendo justamente para mim. É um atleta bem regular", elogiou.
Neste ciclo, Vinícius já participou de mais de 20 competições internacionais, com ótimo desempenho. Quando ele recebeu a notícia da vaga olímpica, estava na Turquia em treinamento. Então voltou para o Brasil, para sua casa em Londrina (PR), e aproveitou para descansar ao lado da família. Voltou a treinar por lá mesmo e depois foi para Florianópolis, para estar perto de Douglas Brose, uma referência da modalidade. Também esteve em Piracicaba, no interior paulista, e agora está novamente na Turquia.
Lá, ele participa de um treinamento de elite com alguns atletas da seleção turca em atividade comandada por Yaser Sahintekin, ex-competidor. "Acaba sendo um treino bem focado. Estou aqui faz dois meses e todo apoio quem têm dado é a Confederação Brasileira de Karatê e o Comitê Olímpico do Brasil. Tem sido um período bem produtivo. A gente nunca teve um tempo para treinar coisas diferentes, desde que começou o ranking olímpico tinha competição direto, agora ganhei tempo para treinar coisas novas. Até me vejo como um lutador diferente, com mais opções".
Vinícius começou na modalidade por incentivo de um amigo. Chegou até a tentar o judô, mas não gostou. Abraçou o caratê e desistiu, mas encontrou no sensei Marcelo Oguido o mestre que lhe mostraria os caminhos da arte marcial. Tanto que Oguido faz parte da comissão técnica da seleção brasileira. "Ele acrescentou muito na minha carreira", disse o atleta. Quem também é inspiração são dois veteranos e campeões, Douglas Brose e Valéria Kumizaki. "Eu venho na cola deles. Quando decidi que era isso que queria, eles foram minhas referências", revelou.
Na próxima segunda-feira, Vinícius vai para Fortaleza, onde treinará com a seleção brasileira antes de fazer sua primeira competição pós-pandemia em Portugal. Depois ainda vai disputar um torneio em março em Baku e em abril terá a chance de confirmar novamente a sua vaga olímpica, em Rabat. A meta não é apenas a vaga olímpica, mas uma temporada para ficar na história, com ouro olímpico e título mundial. "Eu já fui prata e bronze no Mundial, que será disputado no final do ano. Então se conseguir essas conquistas não será a realização de um sonho, mas de um objetivo", avisou, mostrando determinação.