O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, explicou as razões pelas quais a entidade mantém a postura de, por enquanto, não mexer com a programação da Olimpíada de Tóquio, marcada para julho. Segundo o dirigente, um cancelamento está fora de cogitação e até mesmo adiar em alguns meses ou para 2021 não entrou na pauta.
"É claro que estamos considerando muitos cenários diferentes, mas somos diferentes de outras organizações esportivas e ligas profissionais porque a Olimpíada está a quatro meses e meio de distância. Essas organizações estão sendo ainda mais otimistas do que nós, porque adiaram seus eventos até abril ou o final de maio. Já nós estamos falando do final de julho", comentou, em entrevista ao jornal The New York Times.
Ele explica que a pandemia de coronavírus, que tem afetado muitos países, deixado pessoas em isolamento e impossibilitado atletas de treinar, coloca uma incerteza no movimento olímpico, mas garante que por enquanto a data de 24 de julho para a cerimônia de abertura da Olimpíada no Japão está mantida.
"Ninguém consegue dizer hoje quais serão os desdobramentos amanhã, quais serão os desdobramentos em um mês, quanto mais dentro de mais de quatro meses. Portanto, não seria responsável, de maneira alguma, estabelecer agora uma data para tomar uma decisão, já que isso se basearia em especulação sobre futuros desdobramentos", disse.
Bach montou um grupo de trabalho para lidar com a situação, que conta inclusive com representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS). "Eles nos dizem que é cedo demais para tomar uma decisão e, ao mesmo tempo, estamos monitorando de perto o que está acontecendo", explicou. "Para nós, não seria responsável agora e seria prematuro começar a especular ou tomar uma decisão em um momento em que nosso grupo de trabalho ainda não fez uma recomendação."
A comparação com outros grandes eventos do calendário, como a Copa América e a Eurocopa, ambos do futebol, é inevitável. As duas competições já foram adiadas para o próximo ano, mas Bach entende que com a Olimpíada é diferente. "Algumas organizações adiaram eventos a fim de abrir espaço para que outros eventos possam ocorrer. A Eurocopa deveria começar em junho, na Itália (ao todo 12 países serão sede da competição). O torneio foi adiado por um ano, o que foi recebido com aprovação pelas ligas profissionais da Europa porque isso garante concluir suas temporadas."
Na entrevista ao jornal dos Estados Unidos, Bach garante que o foco no momento é proteger a saúde dos atletas e ajudar na luta pela contenção do coronavírus em todo mundo. E garante que a decisão do COI não terá qualquer influência de interesses financeiros. Por fim, ele bancou que os Jogos de Tóquio serão realizados. "Devemos oferecer a todos os atletas, e à metade da população mundial que assiste aos Jogos Olímpicos, a garantia de que não vamos colocar o cancelamento na agenda."