Com um currículo invejável, ele quer ajudar o time brasileiro a fazer bonito no Japão e não coloca empecilho para o retorno do cavaleiro Rodrigo Pessoa ao time. Mas avisa que o famoso atleta não fará parte da equipe somente pelo nome, terá de mostrar serviço.
"Ele necessita de bons resultados e é isso que coloca alguém no time. Claro que Rodrigo é um supercavaleiro, mas não é o único no Brasil, temos muitos", disse o treinador suíço, em entrevista ao Estado.
"Eu conversei muito com ele, fizemos um planejamento para que as coisas melhorem, pois ele ficou um bom tempo sem competir no alto nível. Apesar de ele ser um cavaleiro de ponta, precisa melhorar sempre. Ele esteve na minha posição na Irlanda por dois anos, então sabe exatamente que não é fácil contentar todo mundo. Ele precisa provar, pois não é porque é um campeão olímpico que entrará no time. Ele sabe como sou, legal com meus atletas e rigoroso nas escolhas", avisou Guerdat.
Histórico
O treinador esteve na semana passada acompanhando os cavaleiros brasileiros no 29.º Concurso de Salto Internacional e Nacional CSI-W e CSN Indoor da Sociedade Hípica Paulista.Nos Jogos Pan-Americanos de Lima, o Brasil conquistou a classificação olímpica com a medalha de ouro. O quarteto foi formado por Pedro Veniss, Marlon Zanotelli, Eduardo Menezes e Rodrigo Lambre. "Foi uma competição difícil e serviu como boa oportunidade para preparação", afirmou Guerdat.
Para ele, o Brasil tem ótimos cavaleiros, mas nem todos possuem ótimos cavalos. "Claro que dinheiro é parte disso, mas nem tudo. Se comprar cavalos jovens, pode ter sucesso com eles, mas para isso precisa de tempo. E não temos tempo. É preciso comprar cavalo até o fim do ano, porque no ano que vem não pode fazer isso para a Olimpíada. Temos alguns bons cavalos e talvez teremos um ou dois a mais", explicou.
Surpresa
Guerdat revela que está gostando de sua missão no Brasil e confessa ter sido surpreendido pelo convite, até porque sempre trabalhou nos grandes centros da modalidade. "Agora, no fim da minha carreira, aparece essa oportunidade. Conheço a maioria dos cavaleiros do Brasil, há muito tempo, então será um bom desafio.Humilde, ele brinca dizendo que um técnico de hipismo não pode fazer muita coisa. Mas depois mostra sua relevância. "Acho que podemos fazer a seguinte comparação: o Brasil é um país do futebol e você pode ter os melhores técnicos; mas, se não tiver jogador, não tem time. Então tem de dar conselhos, ver o que estão fazendo, traçar um bom planejamento e depois vem a coisa mais importante: construir uma equipe", disse.
"O hipismo não é uma modalidade coletiva, mas você precisa do time. Precisa deixar de lado a vaidade e aceitar o que acontece com a equipe. Todo país tem bons atletas, bons cavalos, mas fazer um time é complicado. No hipismo, ao final dos dias de competição você precisa ter um pouco de sorte. São dez equipes com possibilidade de vencer", continuou o treinador.
Ele explica que, nos Jogos do Rio, em 2016, a equipe francesa tinha bons cavalos, mas também contou com a sorte. "Não é uma prova como os 100m rasos do atletismo, que se você fizer 9s50 chegará na frente.
O técnico só não gosta de falar muito sobre o seu filho, um cavaleiro vitorioso e que vai brigar pela medalha olímpica em Tóquio. Guerdat diz que separa bem as coisas e que quando estão juntos costumam conversar sobre cavalos e o programa de treinamento.
"É difícil falar dele, não gosto muito, mas sei que trabalha duro. Quando era jovem aprendeu a treinar e preparar os cavalos e melhorou muito. Talvez não seja um dos melhores cavaleiros do mundo, mas em planejamento é um dos melhores. Ele traçou sua carreira, sou orgulhoso dele", comentou Guerdat.