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SÃO SILVESTRE

Após São Silvestre, corredores lamentam fim da equipe do Cruzeiro, corte no Bolsa Atleta e falta de apoio

Giovani dos Santos lamentou falta de apoio ao esporte no Brasil

postado em 31/12/2018 13:00 / atualizado em 31/12/2018 13:32

Reprodução TV Gazeta
Os corredores brasileiros de melhor colocação na São Silvestre não demonstraram felicidade plena nesta segunda-feira, em São Paulo. Mesmo parcialmente satisfeitos por terem sido os destaques do País no feminino e no masculino, os oitavos colocados Jenifer Nascimento e Giovani dos Santos criticaram a falta de apoio ao esporte no Brasil, principalmente pelo pouco patrocínio.

O mais contundente nas críticas foi Giovani. Dono de seis pódios na São Silvestre, ele lamentou que ano após ano a corrida continua a coroar corredores africanos como vencedores e os brasileiros continuam como coadjuvantes. "As pessoas olham os brasileiros correndo, mas ninguém nos dá apoio. Se a gente tivesse mais estrutura, quem sabia o brasileiro teria o direito de nos cobrar por desempenho", afirmou.

Neste ano a prova feminina foi vencida pela queniana Sandrafelis Tuei e a masculina teve a vitória do etíope Belay Bezabh. Desde 2010 um brasileiro não ganha a prova masculina, com Marilson dos Santos. Já entre as mulheres, o jejum dura desde 2006, com a vitória de Lucélia Peres. Os oitavos lugares de Giovani e Jenifer representam um resultado melhor aos atletas brasileiros em comparação a 2017.

Para Giovani, uma boa saída seria a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) conseguir levar um grupo de atletas para treinos na altitude, condição que auxilia na preparação física. "Eu não tenho pista para treinar, sempre treino sozinho, no asfalto, na terra. Só com o apoio da minha família. Não posso ficar só comendo e dormindo. É preciso ter pensamento positivo para esperar o momento mudar e essa crise terminar", comentou.

Os brasileiros lamentaram que o fim de 2018 marca o encerramento das atividades da equipe de atletismo do Cruzeiro, uma das mais tradicionais do Brasil, ativa há 34 anos. O clube arcava com R$ 30 mil mensais para manter a equipe de corrida, mas alegou corte de despesas ao extinguir o seu quadro de atletismo.

Campeão das Dez Milhas Garoto em 2018, além de vice da Maratona Internacional de São Paulo e da Maratona de Berlim, o atleta Wellington Bezerra, o Cipó, disse ter contrato com o Cruzeiro até dezembro de 2019, mas admite a angústia por não saber seu futuro.

”Temos contrato até dezembro de 2019 e, pelo que fiquei sabendo pelo diretor técnico Alexandre Minardi, já surgiram as rescisões. Para mim, ainda não chegou o documento, cheguei a São Paulo no sábado. Mas procurei não sair do foco, não me expor em redes sociais, porque era momento de São Silvestre”, declarou à Gazeta Esportiva.

Além disso, o presidente Michel Temer anunciou no fim deste ano a redução de investimentos no programa Bolsa Atleta. O corte é de aproximadamente 50%.

"Sempre me perguntam sobre o nível técnico do brasileiro e os motivos que nos fazem ficar longe do pódio. Acho que a falta de apoio lá nas categorias de base é a resposta. Hoje está difícil. Ultimamente a gente só recebe notícia ruim", afirmou Jenifer, atleta do Pinheiros. "Com o meu resultado eu até fico feliz, mas outras questões que nos rodeiam me deixam tristes. Estou treinando todo dia, mas as notícias de falta de apoio me deixam chateada", afirmou.

Os dois oitavos lugares representam uma melhora para o Brasil em comparação aos resultados de 2017. No ano passado o País teve o pior resultado na São Silvestre em 45 anos, com o 10º lugar de Joziane Cardoso (16ª neste ano) e o 12º posto de Ederson Pereira, que repetiu a posição na prova em 2018.

Veterano de 37 anos, Giovani afirma que o atletismo não é valorizado no Brasil. "O futebol tem muita mídia. Eu vejo as 'peladas' de fim de ano, que têm transmissão dos canais de televisão. As pessoas me veem na São Silvestre e não sabem o que faço nos treinos durante o ano, como é o meu dia a dia", reclamou.

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