O alerta parte da conclusão de que não há o devido estímulo à diversidade esportiva no Brasil. Falta de tempo, infraestrutura, dinheiro, pouco incentivo na infância e adolescência são outros grandes vilões que limitam o número de “atletas amadores” no país. Para a gerente de comunicação da marca responsável pela pesquisa, Ana Hochscheidt, o resultado pode mudar em função da próxima Olimpíada. “A falta de incentivo a algumas modalidades é questão antiga. Mas essa realidade já vem mudando ao longo dos últimos anos, em função da Rio’2016.”
Esporte mais praticado, principalmente por homens com menor índice de escolaridade e solteiros, o futebol tem boa vantagem sobre quatro modalidades. A segunda que os jovens desejam, mas não praticam, é a natação, com 15%, seguida por musculação de academia (10%), vôlei (8%) e dança (7%). O ciclismo é o mais equilibrado entre os sexos: 18% dos homens e 19% das mulheres gostam. A menor presença dessas modalidades na mídia leva a juventude ouvida a pedir maior espaço de divulgação. “Temos um bom exemplo no vôlei, que até há pouco tempo não tinha a mesma repercussão que tem hoje. Além de ser a modalidade coletiva mais vitoriosa do país, é uma das mais vistas e serve de referência”, lembra Ana Hochscheidt.
Boa parte dos entrevistados (86%) também considera importante ter espaços públicos para o desenvolvimento físico nos municípios em que moram. A metade está insatisfeita com a infraestrutura atual. Ou seja: as limitações estão ligadas à dificuldade da população menos favorecida economicamente em se exercitar. “Investimento, patrocínios e suporte para clubes e atletas vêm transformando comunidades e criando espaços para a prática esportiva”, aponta a executiva. Há muito, entretanto, ainda a ser feito. “As empresas podem fazer mais? Com certeza. O próximo passo é discutir como fazer isso junto ao poder público, às confederações, aos clubes e aos atletas”, acrescenta.
No Sudeste o maior adversário do desenvolvimento esportivo é o relógio. Ao mesmo tempo, a região é a que menos apresenta sedentários. Os “atletas” locais costumam jogar, nadar e correr 3,5 dias por semana, pouco acima da média nacional, de 3,3. Mais da metade se exercita de alguma forma há pelo menos 10 anos. O resultado, para Ana, mostra que o público dessa região relaciona mais esporte a saúde e disciplina. “O Sudeste também lidera o acesso à informação de esportes pela internet. Ou seja, é um público com mais acesso a dados sobre benefícios de se exercitar.”
COPA E OLIMPÍADA Quando o assunto é Copa’2014 e Olimpíada’2016, o ânimo é geral, embora 60% não acreditem que o país esteja preparado para receber esses megaeventos esportivos. O aumento na geração do número de empregos é o benefício mais esperado. “A Copa vai ser mais importante. Porque é o sonho de ver o Brasil jogando em casa. A estrutura vai melhorar em geral, porque o legal é isto: crescer como país”, diz um dos entrevistados. O aprimoramento do time do Brasil também é dado como certo. Mais de 90% concordaram que o Mundial e os Jogos no Rio vão estimular a formação de atletas e haverá mais estímulo para a prática esportiva. Uma esperança que poderá fazer a diferença na hora da torcida.