27 de agosto é uma data sagrada para os brasileiros amantes das artes marciais. Na Arena Multiuso, no Rio, ocorrerá o UFC 134, também chamado de UFC Brasil, um evento que não é disputado país desde 1998, em São Paulo. Pois nesse dia, o sonho de um menino, que nasceu em Dores do Indaiá e trabalhou no campo, em fazendas na região de Divinópolis, Rousimar Palhares, ou simplesmente Toquinho, hoje com 30 anos, se tornará realidade. Ele é o sétimo brasileiro confirmado no programa oficial de lutas.
Toquinho é um dos 10 filhos do casal Robson Reis Palhares e Francinete Rodrigues Palhares, ambos trabalhadores rurais. Desde cedo, aos sete anos, foi acostumado a trabalhar. “Eu ía acompanhando meu pais e meus irmãos mais velhos. Somos 10 filhos, cinco homens e cinco mulheres. Trabalhamos na colheita de arroz, de feijão, de café, cuidamos de gado, fizemos capinas e também instalamos cercas de arame farpado. Passei toda a infância e quase toda a adolescência dessa maneira. Não tinha nem tempo direito para estudar.”
E desde pequeno, Toquinho já era apaixonado por lutas. Na adolescência, resolveu procurar uma academia, pois queria fazer jiu-jitsu. “Fiu para a academia do professor Hiram Brasileiro, que depois de algum tempo, passou a me treinar para o Vale-Tudo. Disse que eu tinha jeito. Tomei gosto e passei a lutar.”
As vitórias começaram a aparecer e Toquinho percebeu que poderia ir mais longe, mas que para isso, tinha de deixar a terra natal e procurar um centro onde pudesse ter um futuro no esporte. Escolheu o Rio. “Sentia que Minas estava pequena pra mim, pois precisava lutar num nível mais alto se quisesse vencer na vida. E no nosso estado não haviam, naquela época, lutares dessa categoria. Pra você ter uma ideia, eu lutei até em porões de prédios abandonados, de prédios em construção. Era tudo muito amador e eu queria ser profissional.”
Na chegada ao Rio, tudo mudou. Surgiram oportunidades e logo ele se tornou respeitado. É considerado, hoje, o lutador de chão mais perigoso do UFC na atualidade. O convite para o UFC Rio o emocionou. Fez lembrar da primeira luta em maio de 2008, na edição 84, quando venceu o salvadorenho Ivan Salaverry com uma chave de braço e faturou o prêmio de melhor finalização da noite. Desde então, acumula cinco vitórias (Jeremy Horn, Lucio Linhares, Tomasz Drwal e Dave Branch) e duas derrotas (Dan Henderson e Nate Marquadt no UFC Fight Night). “Fiz 28 lutas, com 25 vitórias.”
Foi com o UFC que ele pode ajudar a família. “Tenho muito orgulho de ter podido comprar uma casa para minha mãe. Foi a melhor coisa que fiz na minha vida. Meu pai largou a família e desde então, a gente luta com dificuldade. Se tudo der certo, vou poder ajudá-la e aos meus irmãos muito mais. Luto pela família, que é tudo pra mim.”
PROGRAMAÇÃO O adversário de Toquinho no dia 27 de agosto será o carioca Alexandre Ferreira, o Cacareco. O evento já tem outros oito brasileiros confirmados. Um deles é o atual campeão dos pesos médios, Anderson Silva, que fará a luta principal, uma revanche contra o japonês Yushin Okami, que vale a defesa do cinturão. Foi Okami quem provocou a última derrota de Anderson, em 2006.
Duas outras revanches serão entre Maurício Shogun contra norte-americano Forest Griffin e Rodrigo Minotouro, que voltará a competir depois de dois anos, terá pela frente outro representante dos EUA, Brendan Shaub. Além deles, Yuri Marajó lutará contra o norte-americano Mackens Semerzier; Paulo Thiago enfrentará David Mitchell, dos EUA; Maiquel Falcão pegará Tom Lawlor, dos EUA. Luiz Cane e Édson Barbosa esperam a indicação dos adversários.
Da lavoura ao octógono
postado em 06/05/2011 07:00