Caso Rafa Mineira: conheça os detalhes
Julio Casares é citado no processo
Segundo consta nos autos, a ordem para não contratar Rafa Mineira veio do próprio presidente do São Paulo, Julio Casares. No dia 29 de janeiro, o departamento jurídico do São Paulo entrou em contato com o estafe da atleta para informar que a proposta não seria cumprida. Não houve explicação.
A determinação chamou a atenção por acontecer depois de ambas as partes estarem de acordo, com todas as cláusulas e valores, para seguir com a assinatura.
Em um dos ofícios enviados pela assessoria jurídica da meia-atacante à 86ª Vara do Trabalho de São Paulo, em 24 de fevereiro, o 7º parágrafo diz o seguinte: “Não é a primeira vez que reclamada [São Paulo] faz uma proposta formal de trabalho à uma atleta do futebol feminino e não a cumpre, e só faz porque se trata de uma mulher, o que é um descaso, preconceito e discriminação.”
O São Paulo alega via comunicado que "preferiu analisar com mais calma a situação", sem entrar em detalhes.
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%u2014 São Paulo Feminino (@SaoPauloFC_Fem) April 5, 2023
Agora a adm não precisa mais esconder a Rafa Mineira dos treinos! Olha ela treinando com o grupo na manhã de hoje!#FutebolFemininoTricolor #VamosSãoPaulo %uD83C%uDDFE%uD83C%uDDEA pic.twitter.com/89vHMPg90H
Rafa Mineira: desempregada por dois meses
De acordo com fontes ouvidas pela reportagem, Rafa Mineira chegou a temer o desfecho do caso pelo risco do desemprego. Os relatos são de dois meses sem sair de casa, angustiada e sem certeza do futuro de sua carreira.
A questão mental foi agravada por estar longe dos gramados, sem treinar e sem receber salário, além de perder as primeiras rodadas do Brasileirão Feminino. A jogadora só voltou a atuar em 23 de abril, na oitava rodada, quando entrou nos acréscimos do clássico contra o Santos, em Cotia, para substituir Vivian. O São Paulo perdeu por 1 a 0 naquela ocasião. Já no último sábado (29), ela foi titular na vitória por 1 a 0 diante do Palmeiras, pela nona rodada do nacional.
Rafa iniciou sua carreira nas categorias de base da Ferroviária. No clube de Araraquara, estreou com 15 anos no time profissional e atuou com a camisa grená até o final do ano passado.
Ela também tem passagens pela Seleção Feminina, tanto profissional, como nas categorias de base. Ao longo dos anos, conquistou o bicampeonato da Libertadores Feminina, o Brasileiro Feminino duas vezes também, uma Copa do Brasil e um Paulistão.
O que diz o São Paulo:
"A diretoria precisa responder para a presidência pontos estratégicos e gastos acima do teto. No caso citado, como envolvia uma questão jurídica, o SPFC preferiu analisar com mais calma a situação antes de formalizar a contratação.
O SPFC está reestruturando a forma de conduzir o futebol feminino e vai focar em revelar, deixando momentaneamente estrelas fora desse processo, e dar mais prioridade à estrutura e condição de trabalho.
A reestruturação também passa a dar oportunidade e visibilidade para as novas gerações, que obtiveram importantes resultados. Desta forma, acreditamos que podemos contribuir mais com o esporte."
O que diz a Ferroviária:
"Quando profissionalizamos o elenco de futebol feminino da Ferroviária, de forma pioneira, não conseguimos regularizar, imediatamente, o proporcional de 60%/40%. No entanto, já possuímos atualmente a diretriz de cumprir com tal percentual, até para evitar novos imbróglios como o ocorrido com a Rafa Mineira."