Diniz sempre viveu sob olhares de desconfiança da torcida e de parte da própria diretoria. Apoiado quase que exclusivamente pelo diretor Raí, o treinador colhe os frutos do seu trabalho, que várias vezes na temporada esteve a ponto de ser interrompido por uma demissão.
O técnico amadureceu nos últimos meses e criou casca. Se antes a equipe insistia em sair jogando dentro da sua área, mesmo quando sua defesa era pressionada, agora o time parece encontrado um ponto de equilíbrio entre o chutão e o toque de bola, necessário para qualquer time que tenha em mente a conquista de um título.
Durante a temporada, no momento de maior pressão (após a eliminação no Paulistão, com derrota para o Mirassol, no Morumbi), o técnico trocou a defesa e apostou em Brener como principal atacante. Aos poucos, o time encorpou. Ganhou ainda mais força após vencer o então favorito a todos os títulos do ano, o Flamengo. No Maracanã, em dia de exibição de gala, o São Paulo fez 4 a 1 pelo Brasileirão e mostrou que poderia chegar à liderança.
Nesta quinta, a missão não era das mais difíceis quando a análise é em cima do adversário. O Goiás é um arremedo de time, que troca poucos passes e está fadado ao rebaixamento à Série B. O lado psicológico era o que mais poderia pesar para os jogadores do time paulista.
Muito bem entrosado e muito bem distribuído em campo, o time de Diniz começa a ganhar confiança para buscar a taça e encerrar o incômodo jejum de títulos do clube. A experiência dos mais rodados e a juventude dos garotos da base (os chamados "Made in Cotia") deu liga.
Mas nem isso os jogadores sentiram. Marcando o rival no campo de ataque, o São Paulo começou o jogo empurrando os goianos para a sua própria área. Aos poucos, os donos de casa começaram a errar Aos 11 minutos, Brenner arriscou, mas a bola explodiu na defesa Mas aos 19, o primeiro gol do jogo saiu. Em boa recuperação no campo de ataque, a bola sobrou para Igor Gomes, que livre na entrada da área, teve tempo para dominar, ajeitar e chutar forte no canto direito do goleiro Tadeu.
O gol e a fragilidade do adversário, por incrível que pareça, fizeram mal ao São Paulo e esse é o problema do time de Fernando Diniz. A equipe poderia ter acelerado para tentar definir o resultado ainda na primeira etapa, mas optou por um futebol burocrático, pouco inspirado, desanimado - nem parecia que o jogo estava valendo a liderança da competição.
O intervalo fez muito bem ao São Paulo. O time voltou com ânimo renovado e logo aos três minutos ampliou o placar após linda triangulação entre Luciano, Gabriel Sara e finalização precisa de Brenner - foi o 18º gol do atacante em 31 jogos na temporada.
O São Paulo, desta vez, não desacelerou. Perdeu alguns gols, mas chegou ao terceiro aos 37. Vitor Bueno entrou na área com a bola, tocou para Tchê Tchê, que rolou para Hernandes tocar na saída de Tadeu.
Fernando Diniz mereceu chegar à liderança do Campeonato Brasileiro. Agora, resta saber se ele também vai merecer continuar com o time no topo da tabela e conquistar o título. Já o Goiás estacionou nos 16 pontos, na última colocação da tabela
FICHA TÉCNICA:
GOIÁS 0 x 3 SÃO PAULO
GOIÁS - Tadeu; I. Mendonça, F. Sanches (R.Moura), Heron e Ratinho (Pintado); Breno (P. Marinho), Ariel Cabral (H. Lordelo), G. Blanco e Rodrigues; Keko (D. Silva) e Fernandão. Técnico: Glauber Ramos.
SÃO PAULO - Volpi; Juanfran (Igor V.), Arboleda, Bruno Alves e Reinaldo; Luan, Daniel Alves, G. Sara (Tchê Tchê) e Igor Gomes (V. Bueno); Luciano (Hernanes) e Brenner (Pablo). Técnico: Fernando Diniz.
GOLS - Igor Gomes, aos 19 minutos do primeiro tempo. Brenner, aos 3, e Hernanes, aos 37 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS - Iago Mendonça, Rodrigues e Keko.
ÁRBITRO - Caio Vieira (RN).
RENDA E PÚBLICO - Jogo sem torcida.
LOCAL - Estádio da Serrinha, em Goiânia (GO).