Sampaoli se considera "centro-esquerda". Assumidamente, ele é peronista, nome genérico dado ao Movimento Nacional Justicialista, criado por Juan Domingo Perón, eleito em 1946, 1951 e 1973, que morreu em 74. Recentemente, o treinador apoiou Néstor Kirchner (também falecido) e Christina Kirchner, presidentes entre 2003 e 2015.
"Sempre digo que o melhor advogado é o que entende o que pensa o juiz e não o que conhece as leis. No meu caso, devo saber com quem vou falar e a forma de seduzi-lo. Por isso, às vezes é melhor escutar um discurso de Perón do que assistir a um jogo de futebol", disse Sampaoli, em entrevista ao Goal, em 2016.
A pessoas próximas, Jorge Sampaoli lamenta a ascensão de Bolsonaro e a defesa de parte do governo à ditadura, "rival" do comandante na juventude.
"Revolucionário"
Na adolescência, Sampaoli conviveu com a ditadura militar na Argentina. Seu pai, Rodalgo, era um "policial que nunca atirou", de acordo com o livro "No escucho y sigo", biografia autorizada escrita por Pablo Paván.
"Eu era parte de um movimento revolucionário: a Juventude Peronista. Nos reuníamos clandestinamente, éramos ativistas.
Quando garoto, Sampaoli ajudava numa fábrica de peças de reposição do seu tio, em Casilda, na Argentina. Ele cuidava da loja enquanto o parente e amigos apoiavam a volta de Perón.
Se passava um Ford Falcon verde, carro dos militares, Sampaoli apertava um botão para os ativistas saberem. O argentino nasceu em 1960 e o peronismo retomou o poder em 1973.
Descobrimento da América?
Ao ser contratado pelo Sevilla, em 2016, Jorge Sampaoli foi convidado pelo presidente José Castro a conhecer a catedral da cidade, a terceira maior do mundo.
Quando chegou, ouviu o seguinte: "Aí estão os restos do descobridor do seu continente (América), Cristóvão Colombo". O argentino não se aguentou, como relatou Ezequiel Scher, seu assessor de imprensa, também ao Goal.
"Desculpa, mas vocês creem que ele descobriu. O continente já estavam lá. Vocês chamam o genocídio de descobrimento", respondeu Sampaoli, sem se preocupar, mesmo nos primeiros dias de novo clube.
No Brasil, ainda não
Sampaoli ainda não se posicionou abertamente sobre a política no Brasil. A única intervenção do técnico foi a favor de cachorros na areia da praia de Santos.
O treinador conheceu o idealizador do movimento numa aula de futevôlei e expôs a camiseta da campanha em coletiva de imprensa depois da vitória sobre o Fluminense, na Vila Belmiro, pelo Campeonato Brasileiro..