A gravação ocorreu há cerca de três anos em um grupo de uma torcida independente do clube, a 'DNA Santista'. Na ocasião, 'Adilsinho', que foi diretor de futebol do time profissional entre 2008 e 2009 e hoje é secretário-adjunto de Turismo da cidade de Santos, fez comentário atacando pessoas negras e sua fala foi divulgada nas redes sociais.
"Sempre que tiver um pardo... O pardo o que é? Não é aquele negão, mas também não é o branquinho. É o moreninho da cor dele. Esses caras, você tem que desconfiar de todos que você conhecer. Essa cor é uma mistura de raça que não tem caráter", afirmou Adilson naquela ocasião.
Também ex-diretor das categorias de base do time santista e hoje membro do Conselho Deliberativo, ele foi além: afirmou ter respaldo acadêmico em sua declaração. "É verdade, isso é estudo.
Durante a tarde desta quinta-feira, o clube da Baixada publicou uma nota oficial na qual relembra nomes da sua história como Pelé, Pepe, Coutinho e Zito para "ressaltar a harmonia entre negros e brancos" e afirma "repudiar qualquer forma de racismo", sem citar o nome do conselheiro.
Adilson Durante Filho, por sua vez, também se pronunciou em nota, na qual "pede desculpas a todos que se sentiram ofendidos", afirma ter se tratado de "um momento de infelicidade, onde foi levado pela emoção" e diz "não ter preconceito de cor, raça ou credo".
O prefeito da cidade de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, também divulgou nota repudiando as falas do secretário e afirmou que ele está suspenso enquanto durar a sua licença. Na sequência, durante a tarde desta quinta-feira, Adilson pediu licença do cargo de secretário-adjunto de Turismo do município. O Santos, por sua vez, não se pronunciou quanto ao futuro do conselheiro dentro do clube.
VEJA A NOTA OFICIAL DO SANTOS SOBRE O VAZAMENTO DO ÁUDIO:
O Santos Futebol Clube tem em sua trajetória a marca de ter sido, nos anos 60, um dos símbolos mais fortes, a nível mundial, do combate ao racismo, ainda engatinhando naquela época, mas que se fortalecia. O time mágico de Pelé, Pepe, Coutinho, Zito e tantos outros gênios do futebol espalhou aquela maravilhosa imagem de brancos e negros se abraçando para comemorar gols que encantavam o mundo. Até hoje mantemos acesa essa tradição. Assim, é muito triste que tantas décadas depois tenhamos de vir a público reafirmar nosso absoluto repúdio a qualquer forma de discriminação e racismo.
Temos orgulho da nossa história construída em 107 anos de existência por ídolos negros, pardos, brancos e seres humanos de todas as etnias.
.