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Palmeiras e WTorre estremecem relação: cobrança de R$ 127 milhões e ataques

Clube e construtora trocam farpas por dívida e obrigatoriedade da biometria facial no Allianz Parque

01/06/2023 08:00 / atualizado em 02/06/2023 12:44
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Imagem do Allianz Parque, estádio do Palmeiras
foto: Iconsport

Imagem do Allianz Parque, estádio do Palmeiras

Palmeiras e WTorre vivem relação conturbada nas últimas semanas em razão de dois motivos:


Nos últimos dias, as duas partes trocaram acusações por meio de nota oficial. Nos bastidores, a relação que já foi boa hoje é considerada péssima.
 
A Real Arenas, empresa da construtora que administra o estádio, falou em "ataque unilateral" da presidente Leila Pereira. O Palmeiras, por sua vez, rebateu ao afirmar que a dirigente foi "mencionada nominalmente de modo desrespeitoso no comunicado".

Palmeiras cobra dívida milionária da WTorre


A WTorre foi a responsável pelo investimento de R$ 630 milhões para a construção do Allianz Parque em troca da exploração do estádio por 30 anos, entre 2014 e 2044. O Palmeiras tem direito a porcentagens de receita e alega não receber qualquer valor desde 2015, em uma conta que chega a R$ 127.972.784,97 (até março de 2023). 

Na semana passada, o Palmeiras entrou na Justiça "para que sejam apurados os possíveis delitos de apropriação indébita e associação criminosa cometidos pela superficiária do Allianz Parque".

A Real Arenas alegou que "vê com perplexidade a mudança repentina de atitude, uma vez que tivemos nos últimos anos negociações pacíficas relacionadas aos créditos e débitos de parte a parte".

Em outro trecho da nota oficial, a "Real Arenas repudia esse novo ataque unilateral da presidente Leila Pereira.  A dirigente tem desrespeitado de forma reiterada as decisões do Tribunal de Arbitragem, que tramita sob sigilo, e tenta atingir de forma injustificável a reputação da empresa parceira da SEP. Esse novo e despropositado ataque não condiz com a gestão séria da Real Arenas, que investiu na construção do Allianz Parque, reconhecida como melhor arena da América Latina".

A divisão das receitas do Allianz Parque


Com direito de explorar o estádio por 30 anos, a WTorre fica com quase a totalidade dos R$ 300 milhões pagos pela Allianz pelos naming rights por 20 anos. São R$ 15 milhões por ano investidos pela Allianz - deste valor, o Palmeiras tinha direito a 5% nos primeiros cinco anos, sendo que a fatia aumenta 5% a cada cinco anos. Hoje, portanto, está em 10%.

A conta é igual em relação às outras arrecadações do estádio, como a venda de camarotes e cadeiras. A WTorre ficava com 95% inicialmente, sendo que a cada cinco anos o Palmeiras aumenta sua fatia em 5%.

Em dia de jogos, o Palmeiras é dono dos 100% da bilheteria. Em shows e eventos, o clube começou com 20% da renda, fatia que também aumenta em 5% a cada cinco anos.

O Palmeiras alega não receber as receitas desde 2015. "Desde a inauguração do Allianz Parque, em novembro de 2014, a Real Arenas efetuou os referidos repasses em apenas sete meses, desrespeitando, reiterada e insistentemente, de forma unilateral o contrato firmado entre as partes e causando enorme prejuízo financeiro ao clube", acusou em trecho da nota oficial.

Palmeiras e WTorre divergem sobre biometria facial


Na esteira das acusações sobre o repasse de receitas, Palmeiras e WTorre entraram em rota de colisão por outro motivo: a exigência da biometria facial em todos os setores para entrar no Allianz Parque a partir do próximo jogo, domingo (4), contra o Coritiba.
 
Palmeiras exige a obrigatoriedade da biometria facial para entrar no estádio
foto: Divulgação/Palmeiras

Palmeiras exige a obrigatoriedade da biometria facial para entrar no estádio

 

O Palmeiras prometeu barrar os torcedores que não estiverem com a biometria facial cadastrada. O clube divulgou um tutorial para os clientes do programa "Passaporte", nos setores vendidos pela Real Arenas. Os bilhetes comercializados pelo clube já estavam com acesso apenas com a biometria facial.

A Real Arenas, mais uma vez, classificou a decisão de Leila Pereira como unilateral. "Essa atitude é contrária ao trabalho que vinha sendo realizado entre a Real Arenas e o clube para o desenvolvimento em conjunto de um sistema que respeitasse os interesses dos consumidores que adquiriram produtos sob responsabilidade da Real Arenas", criticou a empresa em trecho da nota oficial.

A Real Arenas ainda diz que "não medirá esforços para garantir os direitos de acesso e privacidade dos clientes Passaporte Allianz Parque, que são torcedores palmeirenses buscando usufruir do produto que adquiriram conforme regem os contratos vigentes". A empresa não informou se tomará alguma atitude mais drástica para evitar a obrigatoriedade da biometria facial para seus clientes.

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