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Palmeiras: médico salvou vida de filho de jogador e reformulou departamento

Gustavo Magliocca, morto em decorrência de câncer no cérebro, acumulou experiência olímpica e é um dos responsáveis pelo departamento médico alviverde

05/05/2023 06:00 / atualizado em 05/05/2023 01:04
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Gustavo Magliocca trabalhou por dez anos no Palmeiras
foto: Divulgação/Palmeiras

Gustavo Magliocca trabalhou por dez anos no Palmeiras

O médico do Palmeiras Gustavo Magliocca, morto aos 42 anos na última quarta-feira (3) em decorrência de câncer no cérebro, ajudou a salvar a vida do filho de Alejandro Guerra em 2017. Na época com três anos, o pequeno Assael se afogou na piscina e ficou desacordado.

 

A delegação do Palmeiras estava em Guayaquil para um jogo contra o Barcelona (EQU), pela Libertadores, e Guerra pediu ajuda ao doutor após receber a ligação de sua mulher, Kris Espejo. Por telefone, Magliocca orientou Kris e a funcionária que trabalhava na casa deles a reanimar a criança enquanto o Samu estava a caminho.


Essa é uma das muitas histórias que Gustavo Magliocca acumulou durante quase dez anos no Palmeiras. Ele era coordenador do departamento médico da base e foi chamado para ajudar na reestruturação do profissional em 2015. No mês passado, o Núcleo de Saúde e Performance foi batizado com o nome do doutor, em cerimônia que contou com a presença dos familiares dele, jogadores do elenco, comissão técnica e diretoria.



O fisioterapeuta Jomar Ottoni, que trabalhou com Magliocca de 2015 a 2020, recordou quando o médico ajudou a salvar o filho de Guerra e revelou outros episódios envolvendo familiares de jogadores. Em um caso, Magliocca teve papel importante para a sogra de um atleta não ter o pé amputado.

- Esse dia em Guayaquil foi muito duro. Foi uma correria, mas o Gustavo falava com a mulher do Guerra com toda a tranquilidade do mundo. Ele comandou tudo com o profissional do Samu também, já estava tudo preparado no hospital para receber a criança. Foi uma ponte de uma maneira muito rápida e com uma tranquilidade absurda. Esse era o estilo dele - contou Jomar Ottoni, que hoje presta consultoria a clubes e atletas, ao Superesportes.

- Teve corte no queixo da filha de um, braço quebrado do filho de outro. Teve a sogra de um jogador, que não vou falar o nome, que ia amputar o pé porque tinha diabetes. Ela estava no interior do Paraná, o Gustavo intercedeu, levou para São Paulo e conseguiram reverter. Desde a mãe do funcionário de menor escalação até a mãe do presidente, ele abraçava a causa, ele nunca falava "não", sempre respondia "vamos dar um jeito" - disse o fisioterapeuta.

 

 

Magliocca trabalhou com Cesar Cielo


Além de trabalhar no Palmeiras, Gustavo Magliocca foi médico da seleção brasileira de natação entre 2008 e 2017, tendo participado de duas Olimpíadas. Com isso, ajudou na recuperação do medalhista de ouro Cesar Cielo, que havia passado por cirurgia nos dois joelhos.

Magliocca levou a experiência de outros esportes para o Palmeiras na reconstrução do departamento médico do clube, a partir de 2015. No meio deste período, o doutor também fundou a Care Club, centro de saúde que atendeu a mais de 50 atletas olímpicos de vários esportes.

- Desde a primeira conversa, me impressionava muito a maneira como o Gustavo pensava de forma integrativa a medicina no futebol. Ele era médico do esporte, que é um conceito mais moderno, porque o foco do ortopedista é mais na lesão e na recuperação, enquanto o médico do esporte tem foco na promoção da saúde, na importância de cuidar de todos os detalhes para maximizar a performance - relembrou Jomar Ottoni.

- Com essa experiência que ele tinha de Olimpíadas, trouxe muito dessa coisa de outros esportes de elite para o futebol. Passamos a conscientizar a importância dos atletas como máquinas, do cuidado deles com o corpo, dessa responsabilidade de que tudo que eles faziam poderia impactar. E teve uma aceitação fantástica dos atletas - acrescentou o fisioterapeuta.

Magliocca recebeu homenagens dos jogadores


No dia em que o médico morreu, o Palmeiras enfrentou o Barcelona (EQU) pela Libertadores. Os jogadores e o técnico Abel Ferreira utilizaram uma faixa preta no braço esquerdo, e houve um minuto de silêncio antes de a partida começar. Após a partida, em entrevista coletiva, o treinador e Raphael Veiga homenagearam o médico.

No mês passado, o Núcleo de Saúde e Performance foi batizado com o nome de Gustavo Magliocca. O lateral-direito Marcos Rocha chorou muito durante a homenagem e agradeceu ao doutor.

- É o cara que foi amigo de todo mundo, sempre tratou todo mundo bem, muito querido por todos. Sempre brinquei chamando ele de médico das estrelas, porque ele fazia tão bem para a gente que a gente se sentia importante. 

 

 


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