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Da C ao topo: 'ambicioso', Mattos exalta América e Cruzeiro e projeta negociação com Palmeiras

Diretor de futebol conquista o Brasil pela terceira vez; relembre a trajetória

postado em 28/11/2016 17:48 / atualizado em 28/11/2016 19:51

Cesar Greco/Palmeiras
Alexandre Mattos, 40, é o ‘dono’ do Brasil pela terceira vez em quatro anos. Os títulos por Cruzeiro (2013 e 2014) e Palmeiras, conquistado nesse domingo, viraram rotina para o exaltado e, ao mesmo tempo, contestado diretor do futebol. Mas nem sempre as coisas foram assim na carreira do profissional.

Do início num América “devastado” ao topo do país com o clube paulista, Mattos teve de se reinventar. Conviveu com inúmeras críticas por onde passou. De “gastador” a “excessivamente ambicioso”, o diretor conseguiu se colocar como um dos profissionais mais respeitados do futebol nacional após as três conquistas do Brasileirão, além da Copa do Brasil de 2015, com o Palmeiras.

E, em meio a mais um período de conquistas, Alexandre Mattos conversou com o Superesportes sobre a ascensão na carreira. Entre os temas, o título da Série C e o acesso à Primeira Divisão com o América, o bicampeonato nacional com o Cruzeiro, a reestruturação no Palmeiras, o futuro profissional - já que o contrato com o clube paulista se encerra este ano -, as comemorações polêmicas na Avenida Paulista e as críticas recebidas.

Leia abaixo a entrevista.

Início no América

Como tudo na vida, começa com o sonho. Eu vou fazer até uma homenagem ao Maluf (Eduardo Maluf, diretor de futebol do Atlético), que passou por problemas de saúde. Eu queria ter jogado bola, treinei no futebol de base, mas não consegui ser profissional. Aí, quando resolvi seguir fora do campo, eu via o Maluf e dizia: ‘Quero ser como esse cara aí’. E até já falei isso para ele. No início, conheci o Baltazar (Antônio Baltazar, então presidente do América), que me deu oportunidade no América. Fiquei três anos como assessor não remunerado dele, de 2005 a 2008. Em 2008, houve mudança política no América. Naquele primeiro momento, houve desconfiança, pois eu era muito jovem. Mas aí me deram oportunidade. Aprendi muito com Alencar (presidente do América), Caio Salum (membro do conselho deliberativo do América e ex-dirigente) e Marcus Salum (ex-presidente do América), que é um dos melhores do país. Ganhamos a Série C (2009), vínhamos do Módulo II do Mineiro. Não tinha direito, salários atrasados, nenhuma perspectiva de receita. Talvez um dos meus melhores trabalhos seja no América. Foi maravilhoso 2009 e 2010, o acesso para a Série A e depois caímos. Mas não tenho vergonha disso. Agora, caiu de novo. O América ganha 1 e os outros ganham 30. Aí é difícil. Depois, resolvi sair por opção de carreira mesmo. Após sete anos de América eu já tinha conquistado tudo, reorganizado o clube.

Período de espera e Cruzeiro bicampeão

Depois que saí do América, fiquei uns dois meses e meio aguardando alguma coisa. Nunca joguei tanto vídeo game e rezei (risos). Veio oportunidade de outra pessoa importante para mim: o Gilvan (de Pinho Tavares, presidente do Cruzeiro). Ele acreditou em mim. Poucos acreditavam por conta da juventude, já que talvez o Cruzeiro estivesse precisando de uma experiência maior. Tinha muito problema financeiro e de elenco. Com essa dificuldade, fui crescendo, assumindo responsabilidade junto com Gilvan e fazendo as coisas acontecerem. Meu forte é isso: eu visto a camisa. Deus olha um pouquinho também. Nos lugares em que eu passei, falo sempre que o clube é o maior de todos. Tanto no América, quanto no Cruzeiro e no Palmeiras. No Cruzeiro foram dois anos e dez meses maravilhosos, e os resultados falaram por si só.

Era Palmeiras

Como é difícil mudar… Tive, para muitos, uma atitude que foi uma loucura e vim para um clube com dificuldade enorme. Mas um clube que tem uma grandiosidade impressionante. É a terceira ou quarta torcida do país. Cheguei na cara e na coragem. E o Nobre (Paulo Nobre, presidente do Palmeiras) me falou três coisas: 1) ‘Pode radicalizar, trocar tudo’; 2) ‘Resgate a dignidade do Palmeiras’, porque tinha jogador que não queria ir, não tinha time competitivo, estava começando o processo de organização; e 3) ‘Dá para ganhar um Brasileiro?’. E graças a Deus tudo o que foi pedido foi feito. Fui muito criticado pelo número de contratações. Mas ninguém fala dos 30 que saíram, só dos 30 que chegaram. O Palmeiras é um dos clubes mais difíceis de ganhar. Tem o italiano da gema, a política, a pressão emocional dos 22 anos sem título brasileiro, tempos de oscilação do time. Mas foi um jeito radical e rápido e que nos fez ganhar um dos meus títulos mais difíceis e prazerosos.

Momentos marcantes do título palmeirense

A chegada, a maneira radical de trocar 95% de um elenco, a reestruturação feita no Palmeiras. A mudança física, tecnológica, e de pessoas. O Palmeiras tinha dificuldade na área da saúde, na tecnologia. Esse é o legado. Título entra para a história, mas legado é a reestruturação toda.

Comemoração do título

Acordei há pouco (14h30). Tem evento comemorativo. Ontem (domingo), na Avenida Paulista, o que teve não foi provocação. Faz parte da cultura do futebol. Temos respeito muito grande por todos os times. Foi uma comemoração do Palmeiras.

Críticas e perfil ambicioso

Quem mexe com esporte tem que pensar sempre não só no trabalho, mas numa gestão completa, equilibrada, de responsabilidade. Tem que trabalhar nos investimentos e nas dívidas, mesmo não sendo da sua gestão. Você tem que saber onde está, o tamanho do clube, o que cada coisa representa para a torcida. E a partir daí criar objetivos e ambições. No América, eu tinha a ambição de crescer como profissional e homem. No Cruzeiro e no Palmeiras é diferente, tem que pensar em títulos. Sou um homem que tem muita convicção no meu trabalho e na minha tomada de decisão. Se fosse para me definir, me definiria assim. E claro, trabalhar bem minimiza os riscos.

Renovará com o Palmeiras?

Teve eleição no sábado, um novo presidente eleito. Ontem (domingo), teve uma ‘final’ para a gente. Agora, estou aproveitando. Digo que no futebol você tem 30 segundos de felicidade, e estou vivendo esses momentos depois do título. E aí sim vou me reunir com o novo presidente para definir minha situação.

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