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Da C ao topo: 'ambicioso', Mattos exalta América e Cruzeiro e projeta negociação com Palmeiras

Diretor de futebol conquista o Brasil pela terceira vez; relembre a trajetória

Diretor de futebol do Palmeiras, Alexandre Mattos conquistou três títulos brasileiros nos últimos quatro anos - Foto: Cesar Greco/Palmeiras
Alexandre Mattos, 40, é o ‘dono’ do Brasil pela terceira vez em quatro anosOs títulos por Cruzeiro (2013 e 2014) e Palmeiras, conquistado nesse domingo, viraram rotina para o exaltado e, ao mesmo tempo, contestado diretor do futebolMas nem sempre as coisas foram assim na carreira do profissional

Do início num América “devastado” ao topo do país com o clube paulista, Mattos teve de se reinventarConviveu com inúmeras críticas por onde passouDe “gastador” a “excessivamente ambicioso”, o diretor conseguiu se colocar como um dos profissionais mais respeitados do futebol nacional após as três conquistas do Brasileirão, além da Copa do Brasil de 2015, com o Palmeiras.

E, em meio a mais um período de conquistas, Alexandre Mattos conversou com o Superesportes sobre a ascensão na carreiraEntre os temas, o título da Série C e o acesso à Primeira Divisão com o América, o bicampeonato nacional com o Cruzeiro, a reestruturação no Palmeiras, o futuro profissional - já que o contrato com o clube paulista se encerra este ano -, as comemorações polêmicas na Avenida Paulista e as críticas recebidas.

Leia abaixo a entrevista.

Início no América

Como tudo na vida, começa com o sonhoEu vou fazer até uma homenagem ao Maluf (Eduardo Maluf, diretor de futebol do Atlético), que passou por problemas de saúdeEu queria ter jogado bola, treinei no futebol de base, mas não consegui ser profissionalAí, quando resolvi seguir fora do campo, eu via o Maluf e dizia: ‘Quero ser como esse cara aí’E até já falei isso para ele
No início, conheci o Baltazar (Antônio Baltazar, então presidente do América), que me deu oportunidade no AméricaFiquei três anos como assessor não remunerado dele, de 2005 a 2008Em 2008, houve mudança política no AméricaNaquele primeiro momento, houve desconfiança, pois eu era muito jovemMas aí me deram oportunidadeAprendi muito com Alencar (presidente do América), Caio Salum (membro do conselho deliberativo do América e ex-dirigente) e Marcus Salum (ex-presidente do América), que é um dos melhores do paísGanhamos a Série C (2009), vínhamos do Módulo II do MineiroNão tinha direito, salários atrasados, nenhuma perspectiva de receitaTalvez um dos meus melhores trabalhos seja no AméricaFoi maravilhoso 2009 e 2010, o acesso para a Série A e depois caímos
Mas não tenho vergonha dissoAgora, caiu de novoO América ganha 1 e os outros ganham 30Aí é difícilDepois, resolvi sair por opção de carreira mesmoApós sete anos de América eu já tinha conquistado tudo, reorganizado o clube.

Período de espera e Cruzeiro bicampeão

Depois que saí do América, fiquei uns dois meses e meio aguardando alguma coisaNunca joguei tanto vídeo game e rezei (risos)Veio oportunidade de outra pessoa importante para mim: o Gilvan (de Pinho Tavares, presidente do Cruzeiro)Ele acreditou em mimPoucos acreditavam por conta da juventude, já que talvez o Cruzeiro estivesse precisando de uma experiência maiorTinha muito problema financeiro e de elencoCom essa dificuldade, fui crescendo, assumindo responsabilidade junto com Gilvan e fazendo as coisas aconteceremMeu forte é isso: eu visto a camisaDeus olha um pouquinho tambémNos lugares em que eu passei, falo sempre que o clube é o maior de todosTanto no América, quanto no Cruzeiro e no PalmeirasNo Cruzeiro foram dois anos e dez meses maravilhosos, e os resultados falaram por si só.

Era Palmeiras

Como é difícil mudar… Tive, para muitos, uma atitude que foi uma loucura e vim para um clube com dificuldade enormeMas um clube que tem uma grandiosidade impressionanteÉ a terceira ou quarta torcida do paísCheguei na cara e na coragemE o Nobre (Paulo Nobre, presidente do Palmeiras) me falou três coisas: 1) ‘Pode radicalizar, trocar tudo’; 2) ‘Resgate a dignidade do Palmeiras’, porque tinha jogador que não queria ir, não tinha time competitivo, estava começando o processo de organização; e 3) ‘Dá para ganhar um Brasileiro?’E graças a Deus tudo o que foi pedido foi feitoFui muito criticado pelo número de contrataçõesMas ninguém fala dos 30 que saíram, só dos 30 que chegaramO Palmeiras é um dos clubes mais difíceis de ganharTem o italiano da gema, a política, a pressão emocional dos 22 anos sem título brasileiro, tempos de oscilação do timeMas foi um jeito radical e rápido e que nos fez ganhar um dos meus títulos mais difíceis e prazerosos.

Momentos marcantes do título palmeirense

A chegada, a maneira radical de trocar 95% de um elenco, a reestruturação feita no PalmeirasA mudança física, tecnológica, e de pessoasO Palmeiras tinha dificuldade na área da saúde, na tecnologiaEsse é o legadoTítulo entra para a história, mas legado é a reestruturação toda.

Comemoração do título

Acordei há pouco (14h30)Tem evento comemorativoOntem (domingo), na Avenida Paulista, o que teve não foi provocaçãoFaz parte da cultura do futebolTemos respeito muito grande por todos os timesFoi uma comemoração do Palmeiras.

Críticas e perfil ambicioso

Quem mexe com esporte tem que pensar sempre não só no trabalho, mas numa gestão completa, equilibrada, de responsabilidadeTem que trabalhar nos investimentos e nas dívidas, mesmo não sendo da sua gestãoVocê tem que saber onde está, o tamanho do clube, o que cada coisa representa para a torcidaE a partir daí criar objetivos e ambiçõesNo América, eu tinha a ambição de crescer como profissional e homemNo Cruzeiro e no Palmeiras é diferente, tem que pensar em títulosSou um homem que tem muita convicção no meu trabalho e na minha tomada de decisãoSe fosse para me definir, me definiria assimE claro, trabalhar bem minimiza os riscos.

Renovará com o Palmeiras?

Teve eleição no sábado, um novo presidente eleitoOntem (domingo), teve uma ‘final’ para a genteAgora, estou aproveitandoDigo que no futebol você tem 30 segundos de felicidade, e estou vivendo esses momentos depois do títuloE aí sim vou me reunir com o novo presidente para definir minha situação.