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Moisés, ex-Inter, teria negociado esquema; apostador tem camisa do lateral

Prints mostram supostas conversas entre apostador e lateral-esquerdo, emprestado ao CSKA, da Rússia

19/05/2023 14:13 / atualizado em 19/05/2023 18:41
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Moisés foi emprestado pelo Internacional ao CSKA em agosto do ano passado
foto: Divulgação/Internacional

Moisés foi emprestado pelo Internacional ao CSKA em agosto do ano passado

 

O lateral-esquerdo Moisés, emprestado pelo Internacional ao CSKA, da Rússia, aparece em prints interceptados pelo Ministério Público de Goiás, de acordo com documentos obtidos pelo Superesportes. O jogador teria participado de conversas com Romarinho, investigado por suposto envolvimento no esquema de manipulações em apostas esportivas.

 

Nas imagens, Romarinho, primeiro, conversa com um contato chamado Didi. Ele diz que "arrumaria três jogadores para a rodada", e o interlocutor questiona se "tem que pagar antes os moleques". Ele, então, envia dois prints que seriam de conversas do dia 20 de julho de 2022 com o contato "Moisés Inter".

 

O print mostra Romarinho enviando uma imagem com vários maços de dinheiro ao contato identificado como Moisés, às 11h56 do dia 20 de julho de 2022.

 

- Vou ir depositar e já te transfiro - diz o suposto aliciador.

 

- Fechou. Bom dia, irmão - teria respondido Moisés.

 

foto: Reprodução
 

 

Em outra conversa, às 15h41, segundo os prints, o perfil identificado como Moisés diz que "nosso jogo hoje é às 20h30". Romarinho responde com um áudio, que não é transcrito pelo Ministério Público de Goiás. No dia 20 de julho de 2022, o Internacional jogou contra o São Paulo pela 18ª rodada do Campeonato Brasileiro, no Beira-Rio, justamente às 20h30.

 

O lateral foi titular no duelo e foi advertido com cartão amarelo por reclamação aos 21 minutos do segundo tempo. A partida terminou empatada por 3 a 3. Às 22h40 do mesmo dia, já ao término do jogo, o contato identificado como Moisés voltou a falar com Romarinho, de acordo com os prints obtidos pela reportagem.

 

- Feito - enviou, acompanhado de um emoji com um check.

 

Moisés ainda teria tentado ligar para Romarinho, mas a chamada não foi atendida. O suposto aliciador respondeu com um áudio de dois segundos, que também não foi transcrito pelo MP.

 

O jogo contra o São Paulo foi o último do lateral pelo Internacional. No dia 4 de agosto, ele foi anunciado pelo CSKA por empréstimo, que acaba no fim de 2023, com opção de compra pelo clube russo.


Apostador exibe camisa autografada de Moisés em concessionária

Nas paredes da R11 Imports, concessionária de "veículos premium" que pertence a Romarinho, é exibida uma camisa do Internacional autografada pelo lateral Moisés. Além da assinatura do jogador, há a mensagem de "um abraço, Romarinho".

 

foto: Reprodução
 

 

A camisa, enquadrada, aparece ao fundo de várias fotos nas redes sociais da empresa. O Superesportes analisou imagens de outras camisas autografadas e confirmou que a assinatura é de Moisés.

O que dizem os citados


Procurado, o Internacional, clube pelo qual Moisés atuava e ainda tem vínculo, disse que não vai se manifestar. A assessoria do jogador também foi procurada e não se posicionou.


Entenda o caso de manipulações em apostas esportivas


Por meio da Operação Penalidade Máxima II, o Ministério Público de Goiás investiga ações de uma quadrilha visando a manipulação de jogos de futebol no Brasil em 2022 e 2023.

 

Os agentes do MP-GO investigam pelo menos 20 partidas das Séries A e B do Brasileirão de 2022, além de dois campeonatos estaduais de 2023, o Paulista e o Gaúcho. 

 

A nova denúncia, apresentada à Justiça recentemente, foi feita com base em conversas de aplicativos de mensagens. Através delas, os investigadores puderam encontrar os valores oferecidos a cada atleta para que tomasse cartões amarelos ou vermelhos, ou até cometessem pênaltis.

 

Bruno Lopez de Moura, tido como líder da quadrilha no esquema, foi detido na primeira parte da operação, mas acabou solto após habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça de Goiás. Outros 16 suspeitos podem virar réus no caso.

 

O MP-GO pede a condenação do grupo liderado por Bruno Lopez e o ressarcimento de 2 milhões de reais aos cofres públicos por danos morais coletivos. 


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