O goleiro Elissom, da Caldense, vai estrear no Campeonato Mineiro neste sábado (21), contra o Atlético. Apesar de já ter defendido outros clubes de MG, como o Cruzeiro, ele nunca entrou em campo pela competição. O futebol, além de profissão, funciona como terapia para o jogador, que perdeu o filho Lucca em 2018 e usa o esporte para lidar com a dor do luto.
Para onde vai, Elissom carrega uma camisa em memória de Lucca, que morreu em 2018, quando tinha seis anos. O garoto estava brincando com amigos quando sofreu um acidente doméstico - um armário caiu sobre a criança, que não resistiu aos ferimentos.
Elissom conta que apesar da dor, é o futebol que o mantém firme: "Uma tragédia que pega a gente de surpresa e acaba com todas as perspectivas. Foi um momento muito difícil. É uma cicatriz que não se fecha e vai ficar aberta eternamente. A gente tem que se acostumar com a falta que ele faz. A saudade é muita e diária. Minha psicóloga fala que anualmente aumenta mais, mas o que mantém firme é o futebol, o ambiente do futebol e a minha família".
O arqueiro fez uma tatuagem em seu braço direito, para eternizar o nome do menino na pele, e em todos os jogos usa por baixo do uniforme uma camisa com a foto de Lucca, para honrar a memória do filho.
"Prometi que em todos os clubes que fosse, iria levá-lo comigo. Então, levo para todos os campos, estádios e lugares que vou. Ele está sempre comigo. Não fisicamente, mas na camisa e no coração. E onde a minha mão não alcançar tenho certeza que a dele alcança", conta Elisssom.
Momentos de dificuldade
Pouco tempo após a morte da criança, outra tragédia assolou a vida de Elissom. Em 2019, ele perdeu também a mãe.
"Foram duas pancadas muito fortes que sofri. Muitos achavam que eu não ia nem sobreviver, mas Deus é maior na minha vida. Minha família e amigos deram todo o suporte. Quando saio de casa, faço oração, peço direção a Deus e a minha mãe para abençoar. Enquanto eu tiver vida e força, darei meu melhor sempre para honrar a memória deles. Tenho certeza que onde eles estiverem, estão torcendo por mim", comenta.
Disputar o Mineiro pela Caldense é uma forma de homenagear o filho e a mãe, diz Elissom. "Sigo firme na minha caminhada e vamos para um Campeonato Mineiro em que sempre tive o sonho de jogar. Por mais que eu tenha ficado muitos anos no Cruzeiro, não consegui jogar o Mineiro, então para homenagear meu filho e minha mãe, estarei firme."
A Caldense estreia sábado, contra o Atlético, às 16h30, no Independência. A equipe está no Grupo B, ao lado do América, Patrocinense e Democrata-GV.