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Mineirão e clubes lançam ação contra importunação sexual no estádio

Entidades divulgam campanha após casos de assédio, racismo e violência física contra mulheres em jogos recentes do Atlético no estádio

18/11/2021 10:37 / atualizado em 18/11/2021 11:10
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Ações para combater importunação sexual no Mineirão entram em vigor neste sábado
foto: Divulgação

Ações para combater importunação sexual no Mineirão entram em vigor neste sábado

Em ação conjunta com América , Atlético , Cruzeiro , Federação Mineira de Futebol ( FMF ) e órgãos públicos de Belo Horizonte e do Estado de Minas Gerais, o Mineirão anunciou medidas para combater casos de assédio sexual.  A campanha 'Todos contra a Importunação Sexual' foi lançada nesta quinta-feira, uma semana após episódios de violência ocorrem na partida entre Galo e Corinthians -  uma torcedora atleticana relatou que foi beijada à força por um homem  e uma  funcionária de um bar sofreu injúrias raciais e agressões físicas no estádio

A partir deste sábado, no jogo entre Atlético e Juventude, pelo Campeonato Brasileiro, cartazes serão espalhados por todo o Mineirão com informações sobre a prática criminosa e instruções para que vítimas relatem casos de importunação sexual na hora através de QR Codes que levam a denúncia diretamente às equipes de segurança. Com as informações recebidas instantaneamente, o objetivo da administração do estádio é agilizar os processos, encaminhar os casos para investigação e acionar a Polícia Militar. 

Os vigilantes do estádio também serão melhor instruídos e receberão cartilhas sobre como agir no acolhimento às vítimas. Além disso, as TVs, o telão do estádio e a rádio Esplanada transmitirão mensagens para que torcedores denunciem casos de importunação e condutas inapropriadas.  As cadeiras da arquibancada terão 6.000 adesivos fixados com o mote da campanha. os funcionários trabalharão com camisas alusivas à ação.

Além de América, Atlético e Cruzeiro, a campanha tem o apoio das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), das Secretarias de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese) e de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), além do Instituto Galo.

"Esse é um problema da nossa sociedade. Os casos no Mineirão são recortes de vários que acontecem diariamente nos ônibus, nas ruas e em diversos lugares. A campanha é uma união de interessados que estão dispostos a fazer uma série de ações educativas para que isso seja diminuído e, ao longo do tempo, extinto. Para o Mineirão, é de extrema importância que os clubes, e seu alcance com os torcedores, estejam conosco nessa campanha, além da experiência e vivência dos órgãos de segurança", ressalta Bruna Drummond, gerente de negócios do Mineirão.

Casos de assédio no Mineirão


Débora Cota foi vítima de abuso no Mineirão
foto: Reprodução

Débora Cota foi vítima de abuso no Mineirão


Neste mês, em jogos do Atlético contra Grêmio e Corinthians no Mineirão, dois boletins de ocorrência foram lavrados em decorrência de assédio sexual sofrido por mulheres. A torcedora Débora Cotta , de 25 anos, relatou, no Twitter, que foi beijada à força e que não recebeu o amparo necessário da segurança do estádio. 

"No começo do segundo tempo, eu fui buscar cerveja quando um homem veio até mim, me agarrou e me deu um beijo na boca à força. Logo, ele saiu correndo, eu fui atrás, e na hora da raiva eu bati nele com chutes e socos. E, pasmem, enquanto eu gritava que ele tinha acabado de me agarrar, a única pessoa que me ajudou foi uma moça, que me abraçou e me levou até os guardas", disse.

"Solicitei ajuda dos guardas do Mineirão, e a resposta que eles me deram foi: 'você tem testemunha? Onde está o cara?'. Falei para eles que ele tinha corrido e que eu precisava que eles fizessem algo. A resposta foi: 'procura a polícia'. Essa foi a assistência que o Mineirão me deu. Descaso total. Algum tempo depois, eu chorando, desesperada, veio um guarda até mim e me levou até a polícia. Lá eu fiz o BO, e na mesma hora a polícia pegou as câmeras do Mineirão", descreveu. 

Karinne Marques Guimarães reclamou do tratamento da segurança do Mineirão
foto: Reprodução

Karinne Marques Guimarães reclamou do tratamento da segurança do Mineirão



Na vitória sobre o Grêmio, no dia 3 de novembro, a estudante Karinne Marques Guimarães , de 21 anos, também foi vítima de assédio sexual no Mineirão. De acordo com o Boletim de Ocorrência, ela estava na fila dos bares do setor superior vermelho quando um indivíduo ficou muito próximo das costas dela, quase encostando.  Karinne se afastou do indivíduo, mas ele foi atrás dela e voltou a ficar perto da torcedora. Foi quando ocorreu a violência. O ato foi presenciado por um casal. A segurança particular foi acionada e conteve o torcedor. Ele foi barrado pela vigilância, mas conseguiu se soltar e evadiu do local. "Nojo, raiva, humilhação, impotência e muita revolta é o que eu estou sentindo", desabafou Karinne nas redes sociais, após o caso. 

Agressão e injúria racial 


Na partida do Atlético contra o Corinthians também teve um caso de injúria racial seguida de agressão física. A acusação foi feita por Bruna Araújo Campos, de 36 anos, funcionária de um dos bares do Mineirão. Ela contou que foi chamada de 'macaca' e de 'lixo' por um homem que se irritou com normas no atendimento. 

Já no fim do jogo, Bruna revelou que o mesmo homem passou pelo bar e voltou a ameaçá-la. Quando ela foi ao banheiro, contou que foi agredida com uma rasteira, caiu e contundiu punho e o braço. Além disso, teve o telefone celular danificado na queda. A suposta vítima disse que procurou por ajuda, mas não encontrou seguranças no local. 



"No finalzinho do segundo tempo, ele passou novamente falando palavras comigo agressivas, ‘sua macaca’, ‘seu lixo’, ‘eu vou te esperar lá fora’. Eu fui no banheiro, no finalzinho do segundo tempo, e esse torcedor atleticano me deu uma rasteira, onde eu vim a cair em cima do meu braço e do pulso. Deu luxação no pulso e no braço (ela mostra os curativos no vídeo), onde o meu telefone deu perda total. Fui atrás da segurança, mas lá naquele setor não tinha nenhum segurança. Então, eu esperei para ver o que poderia acontecer e eu não tive suporte de ninguém ", acrescentou a funcionária do bar.

Posteriormente, Bruna registrou Boletim de Ocorrência na delegacia do estádio. O agressor, de cerca de 50 anos e baixa estatura, não foi localizado.






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