“Clássico não tem favorito”. Quem nunca ouviu essa frase às vésperas de um duelo de grande rivalidade, como é o caso de Cruzeiro x Atlético? Jogadores, treinadores e dirigentes recorrem à expressão quando querem ficar “em cima do muro” em alguma entrevista ou comentário. Mas se existe uma nítida diferença técnica de um time em relação ao outro, não há problema em apontar um potencial ganhador. Desta forma, o Galo tentará colocar em prática a supremacia de um elenco que demandou investimento de mais de R$200 milhões em contratações desde 2020, enquanto a Raposa fará as vezes de “zebra” com um grupo recheado de jovens em busca de ascensão profissional e alguns experientes em reta final de carreira. A bola rola pela 9ª rodada do Campeonato Mineiro neste domingo, às 16h, em um Mineirão sem público por causa da pandemia de COVID-19.
As trajetórias de cada um no estadual dão um prognóstico do possível desfecho do clássico, que completará 100 anos de história no sábado, 17 de abril. O Atlético disparou na liderança do Mineiro, com 21 pontos, e se garantiu nas semifinais de maneira antecipada. Em seu maior desafio até aqui, ganhou com tranquilidade do América por 3 a 1, no Mineirão, tendo o argentino Nacho Fernández, ex-River Plate, como nome do jogo, com dois gols. Também assegurou placares confortáveis diante de Uberlândia (4 a 0), URT (3 a 0), Coimbra (3 a 0) e Patrocinense (3 a 1), além de controlar Tombense (2 a 1) e Pouso Alegre (1 a 0). Somente a Caldense - que venceu América (1 a 0) e Cruzeiro (1 a 0) - conseguiu a proeza de superar o alvinegro: 2 a 1, no estádio Ronaldo Junqueira, em Poços de Caldas.
Em oito rodadas, o Galo marcou 20 gols - média de quase três por partida - e levou somente cinco. O leque de opções no setor ofensivo faz o técnico Cuca “quebrar a cabeça” para definir a melhor formação. Com mais de 360 gols na carreira, Hulk deve seguir como titular, apesar do início discreto de apenas um tento em seis partidas. A comissão confia que o ex-atacante de Porto, Zenit, Shanghai SIPG e Seleção Brasileira alcançará a melhor forma tão logo ampliar a sequência em campo. Seus prováveis parceiros serão Eduardo Vargas e Keno. Caso precise modificar o ataque, o treinador terá Eduardo Sasha, Marrony e Savarino à disposição no banco de reservas.
Ao analisar Cruzeiro x Atlético, Cuca preferiu adotar o discurso do clássico sem favorito. “Os caras vão deixar tudo dentro de campo. E você não espere diferente, que o Cruzeiro não vai deixar tudo e que o Atlético não vai deixar tudo dentro de campo. É lógico que a gente tem um time que tem um conjunto melhor, mas tem que prevalecer é no jogo, lá dentro do jogo. Não adianta vir aqui falar ‘ah, você tem obrigação e vai ganhar’. Jogo é jogado. Vamos lá para os 95 minutos de disputa, com o maior respeito que a gente tem ao América, como a gente teve domingo, como a gente tem com o Cruzeiro. Vamos fazer o nosso melhor no domingo também”.
Eduardo Sasha também evitou falar em favoritismo, porém ressaltou que o Atlético tem a obrigação de vencer por causa do investimento no elenco. “Clássico é difícil botar um favorito, mas nosso elenco, sim, é qualificado. O investimento está sendo feito, é um projeto. Então, a gente tem, sim, por estar vestindo esta camisa, a obrigação de vencer. E a gente vai trabalhar forte para isso, sem dúvida nenhuma. São 14, 15 dias falando sobre clássico. A gente tem que estar preparado para isso. Que na próxima semana a gente possa estar aqui comemorando e falando bem do nosso time”.
Embora atravesse situação financeira difícil, o Atlético conta com o auxílio de quatro conselheiros para adquirir direitos econômicos de jogadores e manter remunerações em dia: Rubens Menin, Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador. Juntos, os empresários que atuam nos setores bancário, de construção civil e hospitalar já aportaram mais de R$400 milhões com a expectativa de ver o clube do coração brigar por títulos importantes em 2021. O Cruzeiro também tem seu mecenas, Pedro Lourenço, mas o baixo potencial de receitas próprias com a permanência na Série B torna o dono de uma rede de mais de 200 supermercados um “apagador de incêndio” em meio aos constantes acúmulos de salários atrasados.
Sob o comando de Felipe Conceição, o time celeste iniciou o Mineiro com empate por 1 a 1 diante do Uberlândia. Depois, perdeu para a Caldense (1 a 0), venceu URT (2 a 0) e Athletic (1 a 0), e foi derrotado pelo América (1 a 0). A classificação à semifinal chegou a ficar sob ameaça após o empate por 0 a 0 com o Tombense, porém a Raposa ganhou força ao superar Boa (1 a 0) e Coimbra (2 a 0) e foi a 14 pontos, na 3ª posição. Satisfeito com a evolução dos atletas, o treinador disse que futebol “é 11 contra 11” ao ser questionado a respeito da superioridade atleticana. “Essa análise de todo o contexto de um clube e de outro, comparando, realmente dá o favoritismo ao adversário. Mas futebol é dentro de campo. É 11 contra 11. É um esporte que te concede, mesmo num momento não tão forte quanto o do adversário, a possibilidade de ganhar a partida. É isso que vamos tentar fazer”.
Opinião semelhante tem o goleiro Fábio, que disputará o 65º clássico da carreira aos 40 anos de idade: “Independentemente dos números, o clássico se equilibra muito. Muito se fala, mas tudo é resolvido nas quatro linhas. Quem tiver atitude, comprometimento, gana de poder vencer, e colocar em prática no jogo, vai ficar mais próximo de um resultado positivo. Esperamos que o Cruzeiro possa fazer isso. Neutralizar os jogadores que o Atlético tem no seu plantel, é um grupo de bastante qualidade, mas em um clássico a gente tem uma camisa gigantesca, uma torcida grandiosa que a gente representa. É isso que a gente tem que pensar. Nesses torcedores e na alegria deles”.
Dono da defesa menos vazada do Mineiro, com três gols sofridos, o Cruzeiro tem um desfalque relevante de última hora. Manoel pediu para não enfrentar o Atlético em razão de uma proposta mais vantajosa de outro clube - segundo o jornal O Dia, do Rio de Janeiro, trata-se do Fluminense. A ausência também impacta na parte ofensiva, já que o zagueiro marcou seis gols de cabeça em 31 jogos desde que retornou à Toca, em agosto de 2020. O substituto será o jovem Weverton, de 18 anos, que terá ao lado de Ramon a missão de segurar o forte ataque do Atlético. No meio-campo, Conceição pode colocar o volante Rômulo no lugar de Marcinho, que até o momento não repetiu o desempenho alcançado no Sampaio Corrêa, pelo qual fez oito gols e deu cinco assistências na Série B do ano passado. O bom rendimento coletivo servirá de motivação para o confronto com o América-RN, às 21h30 de quarta-feira, em Natal, pela segunda fase da Copa do Brasil.
Sites de apostas apontam amplo favoritismo para o Atlético, que tem odd de 1.53 no bet365 e 1.65 no 1XBet. Ou seja, quem cravar a vitória alvinegra por R$10 receberá entre R$15,30 e R$16,50 (R$5,30 ou R$6,50 de retorno, respectivamente). Por outro lado, as casas consideram improvável o triunfo celeste e oferecem odds maiores: 5.25 e 5.15. Assim, uma aposta de R$10 proporciona ao ganhador um prêmio de R$52,50 ou R$51,50 (lucro de R$42,50 ou R$41,50). As plataformas proporcionam aos usuários variadas combinações, como número de gols, escanteios, cartões, etc. E você, concorda com as previsões ou acha que haverá surpresas?
CRUZEIRO X ATLÉTICO
CRUZEIRO
Fábio; Cáceres, Weverton, Ramon e Matheus Pereira; Adriano, Matheus Barbosa e Marcinho (Rômulo); Bruno José, Airton e Rafael Sobis
Técnico: Felipe Conceição
ATLÉTICO
Everson; Guga, Réver, Junior Alonso e Guilherme Arana; Allan, Zaracho e Nacho Fernández; Hulk (Savarino), Vargas e Keno
Técnico: Cuca
Motivo: 9ª rodada do Campeonato Mineiro
Estádio: Mineirão
Data: domingo, 11 de abril de 2021
Horário: 16h
Árbitro: Paulo César Zanovelli da Silva
Assistentes: Guilherme Dias Camilo e Celso Luiz da Silva