As trajetórias de cada um no estadual dão um prognóstico do possível desfecho do clássico, que completará 100 anos de história no sábado, 17 de abril. O Atlético disparou na liderança do Mineiro, com 21 pontos, e se garantiu nas semifinais de maneira antecipada. Em seu maior desafio até aqui, ganhou com tranquilidade do América por 3 a 1, no Mineirão, tendo o argentino Nacho Fernández, ex-River Plate, como nome do jogo, com dois gols. Também assegurou placares confortáveis diante de Uberlândia (4 a 0), URT (3 a 0), Coimbra (3 a 0) e Patrocinense (3 a 1), além de controlar Tombense (2 a 1) e Pouso Alegre (1 a 0). Somente a Caldense - que venceu América (1 a 0) e Cruzeiro (1 a 0) - conseguiu a proeza de superar o alvinegro: 2 a 1, no estádio Ronaldo Junqueira, em Poços de Caldas.
Em oito rodadas, o Galo marcou 20 gols - média de quase três por partida - e levou somente cinco. O leque de opções no setor ofensivo faz o técnico Cuca “quebrar a cabeça” para definir a melhor formação. Com mais de 360 gols na carreira, Hulk deve seguir como titular, apesar do início discreto de apenas um tento em seis partidas. A comissão confia que o ex-atacante de Porto, Zenit, Shanghai SIPG e Seleção Brasileira alcançará a melhor forma tão logo ampliar a sequência em campo. Seus prováveis parceiros serão Eduardo Vargas e Keno. Caso precise modificar o ataque, o treinador terá Eduardo Sasha, Marrony e Savarino à disposição no banco de reservas.
Ao analisar Cruzeiro x Atlético, Cuca preferiu adotar o discurso do clássico sem favorito. “Os caras vão deixar tudo dentro de campo. E você não espere diferente, que o Cruzeiro não vai deixar tudo e que o Atlético não vai deixar tudo dentro de campo. É lógico que a gente tem um time que tem um conjunto melhor, mas tem que prevalecer é no jogo, lá dentro do jogo. Não adianta vir aqui falar ‘ah, você tem obrigação e vai ganhar’. Jogo é jogado. Vamos lá para os 95 minutos de disputa, com o maior respeito que a gente tem ao América, como a gente teve domingo, como a gente tem com o Cruzeiro. Vamos fazer o nosso melhor no domingo também”.
Nacho Fernández marcou três gols em três jogos pelo Atlético - Foto: Alexandre Guzanshe/EM D.A Press
Eduardo Sasha também evitou falar em favoritismo, porém ressaltou que o Atlético tem a obrigação de vencer por causa do investimento no elenco. “Clássico é difícil botar um favorito, mas nosso elenco, sim, é qualificado. O investimento está sendo feito, é um projeto. Então, a gente tem, sim, por estar vestindo esta camisa, a obrigação de vencer. E a gente vai trabalhar forte para isso, sem dúvida nenhuma. São 14, 15 dias falando sobre clássico. A gente tem que estar preparado para isso. Que na próxima semana a gente possa estar aqui comemorando e falando bem do nosso time”.
Embora atravesse situação financeira difícil, o Atlético conta com o auxílio de quatro conselheiros para adquirir direitos econômicos de jogadores e manter remunerações em dia: Rubens Menin, Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador. Juntos, os empresários que atuam nos setores bancário, de construção civil e hospitalar já aportaram mais de R$400 milhões com a expectativa de ver o clube do coração brigar por títulos importantes em 2021. O Cruzeiro também tem seu mecenas, Pedro Lourenço, mas o baixo potencial de receitas próprias com a permanência na Série B torna o dono de uma rede de mais de 200 supermercados um “apagador de incêndio” em meio aos constantes acúmulos de salários atrasados.
Sob o comando de Felipe Conceição, o time celeste iniciou o Mineiro com empate por 1 a 1 diante do Uberlândia. Depois, perdeu para a Caldense (1 a 0), venceu URT (2 a 0) e Athletic (1 a 0), e foi derrotado pelo América (1 a 0). A classificação à semifinal chegou a ficar sob ameaça após o empate por 0 a 0 com o Tombense, porém a Raposa ganhou força ao superar Boa (1 a 0) e Coimbra (2 a 0) e foi a 14 pontos, na 3ª posição. Satisfeito com a evolução dos atletas, o treinador disse que futebol “é 11 contra 11” ao ser questionado a respeito da superioridade atleticana. “Essa análise de todo o contexto de um clube e de outro, comparando, realmente dá o favoritismo ao adversário. Mas futebol é dentro de campo. É 11 contra 11. É um esporte que te concede, mesmo num momento não tão forte quanto o do adversário, a possibilidade de ganhar a partida. É isso que vamos tentar fazer”.
Weverton deu assistência para William Pottker marcar o primeiro gol do Cruzeiro na vitória sobre o Coimbra - Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro
Opinião semelhante tem o goleiro Fábio, que disputará o 65º clássico da carreira aos 40 anos de idade: “Independentemente dos números, o clássico se equilibra muito. Muito se fala, mas tudo é resolvido nas quatro linhas. Quem tiver atitude, comprometimento, gana de poder vencer, e colocar em prática no jogo, vai ficar mais próximo de um resultado positivo. Esperamos que o Cruzeiro possa fazer isso. Neutralizar os jogadores que o Atlético tem no seu plantel, é um grupo de bastante qualidade, mas em um clássico a gente tem uma camisa gigantesca, uma torcida grandiosa que a gente representa. É isso que a gente tem que pensar. Nesses torcedores e na alegria deles”.
Dono da defesa menos vazada do Mineiro, com três gols sofridos, o Cruzeiro tem um desfalque relevante de última hora. Manoel pediu para não enfrentar o Atlético em razão de uma proposta mais vantajosa de outro clube - segundo o jornal O Dia, do Rio de Janeiro, trata-se do Fluminense. A ausência também impacta na parte ofensiva, já que o zagueiro marcou seis gols de cabeça em 31 jogos desde que retornou à Toca, em agosto de 2020. O substituto será o jovem Weverton, de 18 anos, que terá ao lado de Ramon a missão de segurar o forte ataque do Atlético. No meio-campo, Conceição pode colocar o volante Rômulo no lugar de Marcinho, que até o momento não repetiu o desempenho alcançado no Sampaio Corrêa, pelo qual fez oito gols e deu cinco assistências na Série B do ano passado. O bom rendimento coletivo servirá de motivação para o confronto com o América-RN, às 21h30 de quarta-feira, em Natal, pela segunda fase da Copa do Brasil.
Sites de apostas apontam amplo favoritismo para o Atlético, que tem odd de 1.53 no bet365 e 1.65 no 1XBet. Ou seja, quem cravar a vitória alvinegra por R$10 receberá entre R$15,30 e R$16,50 (R$5,30 ou R$6,50 de retorno, respectivamente). Por outro lado, as casas consideram improvável o triunfo celeste e oferecem odds maiores: 5.25 e 5.15. Assim, uma aposta de R$10 proporciona ao ganhador um prêmio de R$52,50 ou R$51,50 (lucro de R$42,50 ou R$41,50). As plataformas proporcionam aos usuários variadas combinações, como número de gols, escanteios, cartões, etc. E você, concorda com as previsões ou acha que haverá surpresas?
CRUZEIRO X ATLÉTICO
CRUZEIRO
Fábio; Cáceres, Weverton, Ramon e Matheus Pereira; Adriano, Matheus Barbosa e Marcinho (Rômulo); Bruno José, Airton e Rafael Sobis
Técnico: Felipe Conceição
ATLÉTICO
Everson; Guga, Réver, Junior Alonso e Guilherme Arana; Allan, Zaracho e Nacho Fernández; Hulk (Savarino), Vargas e Keno
Técnico: Cuca
Motivo: 9ª rodada do Campeonato Mineiro
Estádio: Mineirão
Data: domingo, 11 de abril de 2021
Horário: 16h
Árbitro: Paulo César Zanovelli da Silva
Assistentes: Guilherme Dias Camilo e Celso Luiz da Silva