Vivendo a maior disparidade técnica das últimas décadas, Cruzeiro e Atlético se enfrentam neste domingo, às 16h, no Mineirão, pela 9ª rodada do Estadual.
Pela diferença de investimento entre as equipes, a torcida alvinegra mostra otimismo com o placar do jogo diante do arquirrival. O Cruzeiro, por sua vez, também promete lutar por um resultado positivo, apesar das dificuldades sofridas dentro e fora do campo nos últimos anos.
Não faltam goleadas na história dos clássicos mineiros. A última partida marcante com placar dilatado ocorreu em 2011. Pressionado pelo risco do rebaixamento no Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro superou o momento difícil e venceu o Atlético por 6 a 1, em partida realizada na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas.
Já o maior resultado entre os rivais ocorreu em 1927. No dia 27 de novembro, em jogo do Campeonato da Cidade, equivalente ao Campeonato Mineiro, o Galo não tomou conhecimento do então Palestra Itália e venceu por 9 a 2. O curioso é que esses dois jogos viraram motivo de provocação entre torcedores, jogadores e até diretorias.
A partida de 2011 foi também a maior goleada do Cruzeiro sobre o rival. Correndo risco de rebaixamento, o clube celeste fez uma partida inesquecível e venceu por 6 a 1. A goleaada cruzeirense foi construída com gols de seis jogadores distintos.
O meia Roger abriu o placar e fez assistência para Leandro Guerreiro marcar 2 a 0. Ainda no primeiro tempo, Anselmo Ramon e Fabrício ampliaram a vantagem. Na etapa final, Wellington Paulista e Ortigoza também balançaram as redes. Réver descontou para o Atlético.
A goleada virou motivo de brincadeiras. Os cruzeirenses passaram a sinalizar o seis com as mãos em fotos. Até jogadores entraram nas provocações. Os casos mais marcantes são do volante Leandro Guerreiro e do meia Roger. Guerreiro provocou os alvinegros em duas oportunidades - e em ambas ele já não estava mais no Cruzeiro. Vestindo a camisa do América, o volante exibiu o '6 a 1' em campo em jogos no Independência contra o Galo em 2014 e 2016.
Outro que também não perdeu a oportunidade de cutucar o maior rival foi o meia Roger. Em clássico na Arena do Jacaré em 2012, o armador e hoje apresentador de TV foi hostilizado pela torcida do Galo e respondeu colocando os dedos sobre a cabeça, mostrando o numeral seis. A diretoria do Cruzeiro também entrou no jogo: em uma clara provação, Roger foi escolhido como sócio 61 mil do clube, em 2014.
Em 2017, a maior goleada dos clássicos completou 90 anos. O Galo precisava da vitória sobre o então Palestra Itália para conquistar o Campeonato da Cidade de 1927. O time alvinegro surpreendeu e venceu por 9 a 2. Segundo o Almanaque do Cruzeiro, de Henrique Ribeiro, o Palestra Itália jogou de forma displicente. Ainda segundo a publicação, o jogador Ninão, do Cruzeiro, afirmou, anos após a goleada, que os jogadores do clube celeste queriam evitar um novo título do América, por isso não se empenharam na partida.
O destaque alvinegro era o ataque, conhecido como “Trio Maldito”, composto por Jairo, Mário de Castro e Said. A denominação do ataque já evidenciava o "poder de destruição" dos jogadores. Eles formaram um dos mais eficientes setores ofensivos do período amador do futebol brasileiro e, nesse jogo, fizeram oito dos nove gols: três de Said, dois de Mário de Castro e três de Jairo. Getúlio fez o outro. Ninão marcou os dois gols do Palestra Itália.
Décadas depois, o resultado ainda gera provocações aos cruzeirenses nas redes sociais. As gozações de torcedores também contagiaram jogadores e diretoria. Em 2014, Diego Tardelli e Marcos Rocha, dois dos atletas mais identificados com o Atlético nos últimos anos, comemoraram um gol no clássico exibindo os números das respectivas camisas, 9 e 2.
Na arquibancada, os atleticanos foram à loucura. Em maio de 2017, o lateral alvinegro voltou a provocar: fez um nove com os dedos na foto do pôster do título. Nem a diretoria do Galo deixou barato. Na comemoração do título Estadual daquele ano, o clube alvinegro postou uma imagem nas redes sociais com a taça e o meia Marlone de costas, usando a camisa 92. Quando atuava pelo Cruzeiro, em 2014, Marlone foi fotografado por torcedores fazendo o sinal de 6 a 1.