"O futebol não altera em nada o que está acontecendo na cidade de Belo Horizonte", disse o prefeito.
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Carlos Starling, infectologista e integrante do Comitê de Enfrentamento à COVID-19, explicou os principais motivos para a continuidade do futebol em Belo Horizonte.
"Em relação à questão do futebol, é interessante explicar que, ao longo de 2020, eu tive oportunidade de compor uma equipe de infectologistas sobre regras que deveriam ser observadas no Brasil inteiro, envolvendo todas as séries e categorias. Nós fizemos um protocolo e montamos um banco de dados onde nós analisamos 2.423 partidas, 3.635 horas de jogo, envolvendo 13.237 atletas e fizemos 116.000 inquéritos epidemiológicos. A análise de 67 interações entre times adversários, em que pelo menos 3 jogadores tinham sido afastados, mas tinham contactantes jogando. Nenhum atleta nesse contingente todo foi afetado", pontuou.
"O risco de transmissão durante a realização de um jogo em campo foi absolutamente nulo. Não teve um caso de transmissão intra-campo. Os atletas que tiveram teste positivo, os vírus foram sequenciados e não houve qualquer relação com outros times. Não houve qualquer correlação entre a incidência de casos nas cidades e nos times de futebol. Um absoluto descolamento entre uma coisa e outra. Se seguidas as normas adequadas, o futebol é seguro. A possibilidade de transmissão dentro de um campo de futebol de um atleta pro outro é absolutamente nula. Isso é compreensível porque o tempo de contato entre um atleta e outro não ultrapassa 1 minuto e 20 segundos. Esse 1 minuto e 20 segundos não é suficiente para permitir qualquer tipo de transmissão viral".
"Nós sabemos que o risco é uma pessoa infectada e outra não, com contato entre 10 e 15 minutos, numa proximidade menor que 1 metro. Isso não acontece num jogo de futebol. É claro, se as medidas gerais das cidades, se houver uma restrição de mobilidade total que impossibilite essa prática, isso tem que ser observado. Mas esse é o maior estudo de prática esportiva no mundo ligado ao futebol em tempos de pandemia. Já deve estar disponível na própria página da CBF".
"Nos times de futebol, os surtos que aconteceram foram por quebras de protocolo dentro dos próprios clubes. Isso não teve qualquer correlação estatística com o que estava acontecendo nas cidades. As aglomerações não são desejáveis, mas não foram o objeto desse estudo. Está sendo estudada uma punição para os times cujas torcidas aglomeram. Isso tem sido discutido como se fosse uma invasão de campo. Esse é um aprimoramento do protocolo para o próximo ano", finalizou.
Na última sexta-feira (6), Kalil já havia dito que os jogos de futebol continuariam permitidos na capital. "Futebol continua como está, porque não vai afetar diretamente. Estamos falando de lojas, bares, restaurantes. Não estamos falando de um evento sem público uma ou duas vezes por semana. É todo mundo ter distanciamento".
Por outro lado, Kalil também havia criticado a CBF pela realização da Copa do Brasil a partir desta semana, com 40 jogos em diferentes estados. Segundo ele, o técnico Lisca, do América, acertou ao pedir à entidade para adiar a competição, uma vez que longas viagens vão expor atletas e profissionais dos clubes ao coronavírus e suas novas variantes.
"É um assunto muito delicado o futebol. O próprio treinador do América, o Lisca, disse que viajar para Manaus agora é uma maluquice. Como eu não sou presidente do Atlético, mas já fui, meu time não ia sair de Belo Horizonte. Mas o meu time - quer dizer, eu não mando mais -, eu acho que disputar uma Copa do Brasil hoje é uma aberração. O número que envolve profissionais hoje, no futebol, sem dúvidas é muito baxo para falar que vai disseminar. Mas estamos colocando treinadores, jogadores... Porque algumas cepas, que os infectologistas acham que estão pegando crianças, não só jovens, mas crianças, então eu acho uma temeridade sim".