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MINEIRÃO

Zé França, 'memória viva' do Mineirão, completa 60 anos de estádio

José da Silva França Sobrinho começou a trabalhar no Gigante da Pampulha durante a obra, em 9 de março de 1961

Thiago Madureira
Zé França passou a trabalhar no museu do Mineirão - Foto: Divulgação / Mineirão
O senhor José da Silva França Sobrinho, de 81 anos, é um 'arquivo vivo' da história do Mineirão. Ele chegou para trabalhar no estádio durante a construção, em 9 de março de 1961, e hoje é funcionário do museu, atualmente fechado por causa da pandemia de COVID-19. Nesta terça-feira, Zé França, como é conhecido, completa 60 anos de serviços prestados ao Gigante da Pampulha. Em conversa com o Superesportes por telefone, ele relembrou como tudo começou. Foi a amizade com um vereador de Papagaio, cidade da região Central de Minas Gerais, que o levou ao Mineirão.


"Eu sou da zona rural de Papagaio. Naquela época, um vereador muito amigo meu, o Geraldo Valadares da Fonseca, conhecido como Dinho, disse que ia arrumar um emprego para mim em Belo Horizonte. Ele era muito amigo de Paulo Campos Guimarães, secretário do governo Magalhães Pinto. Fomos para o palácio, e o Paulo mandou uma mensagem para o Gil César, que controlava a obra, e me deu o emprego. Peguei uma caminhonete no Centro e me levaram ao Mineirão. Fui ser o responsável pelos operários, tinha um grupo que trabalhava comigo, eu era responsável pelos cartões de entrada e saída", explica.

"A obra do Mineirão foi o seguinte: em 25 de março de 1960, começaram a roçar para fazer o escritório e o almoxarifado naquela área da UFMG. Quando cheguei, já tinha uma fundação, o engenheiro Euler Magalhães da Rocha foi o responsável pela fundação. Fui trabalhar no almoxarifado em março de 1961 e tinha um escritório que controlava os cartões de 2.500 operários. De 1962 a 1965, a obra era 24 horas por dias", acrescenta.

O Mineirão foi inaugurado em 5 de setembro de 1965. Zé França trabalhou no setor operacional em quase todo período. "Quando terminou a obra, fiquei na parte operacional. Fui responsável pelos dias de jogos e eventos, como futebol, show, festa, casamento, corrida de carro na área externa", frisou.


"Eu me aposentei compulsoriamente em 2009, e eles fizeram um contrato administrativo. Durante a reconstrução entre 2010 e 2012, fui para o Mineirinho e continuei trabalhando de lá. Depois, fui contratado pela Minas Arena. Eu falei que não queria trabalhar em jogos e eventos, não fica bem ficar até altas horas fora de casa, já estou bem velho para isso. E aceitei trabalhar no museu do futebol dentro do estádio. Hoje, estou em casa. Estou de fora por causa dessa pandemia", disse.

Zé França conta com orgulho as muitas entrevistas que já concedeu.  "Tenho um recorte de uma manchete do jornal Estado de Minas em casa com a seguinte frase: 'Zé França: 'A memória viva do estádio Mineirão'. Tenho muito orgulho dessa história no Mineirão. Se pudesse, faria tudo de novo".
Zé França nos primeiros anos de Mineirão - Foto: Divulgação / Mineirão

Vidente


Na inauguração do estádio, vitória da Seleção Mineira sobre o River Plate por 1 a 0, o público de 73.201 ficou longe da lotação máxima do Mineirão. Muitos torcedores não foram ao Gigante da Pampulha por causa de um alerta feito por um vidente na imprensa.


"Na véspera da inauguração, teve um astrólogo, vidente, algo assim, que deu entrevistas no rádio, em jornal e na TV falando para o torcedor não ir, porque o estádio iria desabar. E o estádio realmente não lotou, com pouco menos de 74 mil pessoas. O Mineirão tinha uma coisa incrível, que ele balançava toda a estrutura com a torcida pulando e cantando, mas não tinha risco de cair. Ele balançou durante 45 anos", relembra.

Jogos inesquecíveis

Cruzeiro 1 x 0 Atlético 24/10/1965

Cinquenta e seis dias depois de inaugurado, o Mineirão recebeu o primeiro clássico, pelo Campeonato Mineiro. A partida, no entanto, não chegou a seu final. Aos 34min do segundo tempo, quando a Raposa vencia por 1 a 0, gol de Tostão, o árbitro Juan de la Pásion Artez marcou pênalti de Décio Teixeira sobre Wilson Almeida. Os jogadores do Galo reclamaram que a falta havia sido fora da área e partiram para cima do árbitro. A Polícia Militar entrou em campo, e a confusão aumentou. Juan de la Pásion encerrou o jogo por falta de segurança. - Arquivo Estado de Minas
Cinquenta e seis dias depois de inaugurado, o Mineirão recebeu o primeiro clássico, pelo Campeonato Mineiro. A partida, no entanto, não chegou a seu final. Aos 34min do segundo tempo, quando a Raposa vencia por 1 a 0, gol de Tostão, o árbitro Juan de la Pásion Artez marcou pênalti de Décio Teixeira sobre Wilson Almeida. Os jogadores do Galo reclamaram que a falta havia sido fora da área e partiram para cima do árbitro. A Polícia Militar entrou em campo, e a confusão aumentou. Juan de la Pásion encerrou o jogo por falta de segurança. - Arquivo Estado de Minas
Cinquenta e seis dias depois de inaugurado, o Mineirão recebeu o primeiro clássico, pelo Campeonato Mineiro. A partida, no entanto, não chegou a seu final. Aos 34min do segundo tempo, quando a Raposa vencia por 1 a 0, gol de Tostão, o árbitro Juan de la Pásion Artez marcou pênalti de Décio Teixeira sobre Wilson Almeida. Os jogadores do Galo reclamaram que a falta havia sido fora da área e partiram para cima do árbitro. A Polícia Militar entrou em campo, e a confusão aumentou. Juan de la Pásion encerrou o jogo por falta de segurança. - Arquivo Estado de Minas
Cinquenta e seis dias depois de inaugurado, o Mineirão recebeu o primeiro clássico, pelo Campeonato Mineiro. A partida, no entanto, não chegou a seu final. Aos 34min do segundo tempo, quando a Raposa vencia por 1 a 0, gol de Tostão, o árbitro Juan de la Pásion Artez marcou pênalti de Décio Teixeira sobre Wilson Almeida. Os jogadores do Galo reclamaram que a falta havia sido fora da área e partiram para cima do árbitro. A Polícia Militar entrou em campo, e a confusão aumentou. Juan de la Pásion encerrou o jogo por falta de segurança. - Arquivo Estado de Minas
Cinquenta e seis dias depois de inaugurado, o Mineirão recebeu o primeiro clássico, pelo Campeonato Mineiro. A partida, no entanto, não chegou a seu final. Aos 34min do segundo tempo, quando a Raposa vencia por 1 a 0, gol de Tostão, o árbitro Juan de la Pásion Artez marcou pênalti de Décio Teixeira sobre Wilson Almeida. Os jogadores do Galo reclamaram que a falta havia sido fora da área e partiram para cima do árbitro. A Polícia Militar entrou em campo, e a confusão aumentou. Juan de la Pásion encerrou o jogo por falta de segurança. - Arquivo Estado de Minas
Cinquenta e seis dias depois de inaugurado, o Mineirão recebeu o primeiro clássico, pelo Campeonato Mineiro. A partida, no entanto, não chegou a seu final. Aos 34min do segundo tempo, quando a Raposa vencia por 1 a 0, gol de Tostão, o árbitro Juan de la Pásion Artez marcou pênalti de Décio Teixeira sobre Wilson Almeida. Os jogadores do Galo reclamaram que a falta havia sido fora da área e partiram para cima do árbitro. A Polícia Militar entrou em campo, e a confusão aumentou. Juan de la Pásion encerrou o jogo por falta de segurança. - Arquivo Estado de Minas

O primeiro clássico no Mineirão foi inesquecível para Zé França, que viu uma batalha campal. O Cruzeiro venceu por 1 a 0, gol de Tostão. O jogo foi encerrado com cenas de violência por parte dos jogadores do Atlético.

"O Cruzeiro ganhava por 1 a 0, houve um pênalti para o Cruzeiro, mas os jogadores do Atlético não aceitaram. Partiram para a pancadaria e agrediram covardemente o árbitro, que saiu correndo. Parte da torcida do Atlético tentou invadir o campo. Uma briga feia. E a gente ficou olhando e lamentando tudo aquilo", disse.


Com a camisa da Federação Mineira de Futebol, o Atlético de Dadá Maravilha derrotou a equipe brasileira que seria tricampeã mundial em 1970, no México. Amauri e Dario marcaram para o Galo; Pelé descontou. Esse foi outro jogo inesquecível para Zé França. "Tem o jogo entre Atlético e Seleção Brasileira, que o Galo venceu a equipe que seria campeã mundial em 1970. Dario jogou muito e depois foi para a Copa", relembrou.

Mundial de Clubes


Na final do Mundial de Clubes de 1976, os dirigentes não estavam apostando em um público muito grande, recorda Zé França. "Fui a uma reunião na Federação Mineira de Futebol, e os dirigentes estavam calculando 50 mil pessoas na final. Eu falei: 'Gente, o Bayern é um time de nome, tinha vários jogadores da Seleção que venceu a Copa em 1974'. No dia do jogo, 113.715 passaram pela roleta, mas e o tanto de gente que pulou a roleta, que entrou sem ser registrado. Foi uma multidão ao estádio naquele dia".

Na época, o Mundial era disputado em partidas de ida e volta. No primeiro duelo, na Alemanha, o clube celeste perdeu por 2 a 0 para o Bayern, com o campo coberto de neve, devido ao rigoroso inverno alemão.


Na partida de volta, o empate dava o título aos alemães e foi o que ocorreu. O goleiro Sepp Maier fechou o gol e impediu que o Cruzeiro vencesse. O Bayern era a base da Seleção Alemã campeã mundial em 1974 sobre a Holanda e tinha, além de Maier, craques como Beckenbauer, Gerd Müller, Rummenigge. O zagueiro Schwarzenbeck era outro titular da Seleção na Copa.

Maior jogador do Mineirão

Tostão em jogo da Seleção Brasileira no Mineirão - Foto: Arquivo / Estado de Minas
Zé França não tem dúvidas em afirmar que Tostão foi o maior jogador do futebol mineiro que jogou no Mineirão. Reinaldo é o maior artilheiro do estádio, com 152 gols, e Tostão o vice, com 143.

"Para mim, o Tostão foi o maior. Gostava muito do futebol dele, futebol leve, bonito. Marcou época no Cruzeiro e na Seleção. Depois, foi para o Vasco e se aposentou cedo por um problema de visão", disse Zé França.


"Eu me lembro do jornalista Hélio Fraga chegar com o Tostão ainda menino e me dizer que ele seria um grande craque. E, de fato, ele virou o craque do Cruzeiro que venceu o Santos de Pelé e craque da Seleção Brasileira", contou.