A volta do Campeonato Mineiro se aproxima e Tombense e Caldense tentam se manter entre os quatro primeiros colocados, que garantem vagas nas semifinais. Se conseguirem, vão repetir 2015, quando fizeram companhia a Atlético e Cruzeiro na disputa por vaga na grande decisão.
A diferença é que, naquela edição, o time de Poços de Caldas estava à frente do de Tombos quando faltavam duas rodadas para o fim da primeira fase. E conseguiu terminar em primeiro lugar, à frente de Cruzeiro e Atlético, enquanto o Gavião Carcará se garantiu no quarto lugar.
Agora, é a equipe da Zona da Mata que tem chances de fazer a melhor campanha da primeira fase, tendo vantagem nos mata-matas. Para isso, precisa vencer o Coimbra, domingo, no Independência, e o Uberlândia, quarta-feira, em casa, e torcer para que o líder América não vença em uma das duas rodadas que faltam.
“Desde que a data da retomada foi divulgada, já mudou a cabeça dos atletas, muda o nível de concentração, a aplicação nos treinamentos. Então, estamos trabalhando com muita alegria porque vamos fazer o que a gente mais gosta, que é disputar uma partida de futebol. A gente torce para que tudo ocorra bem para todas as equipes, é uma forma de enfrentar a situação difícil, com todos os cuidados, claro. Nossa expectativa é muito boa para este reinício de Mineiro”, diz Eugênio Souza, técnico do Tombense.
Para seguir com a excelente campanha, além de se preparar para a disputa da Série C do Campeonato Brasileiro, a equipe de Tombos manteve todo o grupo de antes da paralisação devido à pandemia de COVID-19. E se reforçou com dois jogadores, o zagueiro Ramon Rezende, de 24 anos e que estava no Jaraguá-GO, e o atacante Willian Anicete, de 26, emprestado pelo Salgueiro-PE. Para completar, retornaram de empréstimo os atacantes Alípio e Gabriel Lima.
Ao contrário da maioria das agremiações do interior, o Tombense não suspendeu contratos ou reduziu jornadas e salários. Segundo a diretoria, foi feito grande esforço para que todos tivessem os ganhos preservados, sendo levado em conta a situação difícil que a maioria da população está passando.
“Nossos jogadores têm contratos longos, temos a Série C pela frente. Também pensamos nos que são pais de família, nos que ajudam os pais. Agora é tentar seguir bem no Mineiro, se Deus abençoar, vamos fazer nossa parte”, afirma o gerente de futebol Leandro Gaviolle.
Entre os destaques do time está o atacante Rubens, artilheiro do Estadual com cinco gols, ao lado de Paulo Renê, do Patrocinense. Ele acredita que o trabalho realizado desde 15 de maio surtirá efeito nesta retomada. “Nossa preparação está sendo muito bem-feita, estão sendo tomados todos os cuidados, tanto no que se refere à COVID-19 quanto à preparação física e técnica. O Eugênio e o resto da comissão vêm corrigindo os defeitos e a tendência é nossa equipe continuar de onde estava para melhor, fazendo mais do que estava sendo feito”, declara.
OTIMISMO
OTIMISMO
Se o Tombense já está com vaga nas semifinais praticamente garantida, a Caldense ainda precisa remar bastante para chegar lá. Isso porque tem apenas três pontos mais que o Cruzeiro, quinto colocado, e o qual enfrentará na 11ª rodada, quarta-feira, em Poços de Caldas.
Ciente da situação, a Veterana pretende praticamente confirmar a vaga já no domingo, quando enfrenta o lanterna Tupynambás. Como a Prefeitura de Juiz de Fora vetou jogos e até treinos por lá, o embate foi marcado para o estádio Manduzão, mas o executivo de Pouso Alegre também vetou a realização. Assim, a Federação Mineira de Futebol (FMF) confirmou ontem o jogo para o Ronaldão, em Poços.
Assim, crescem as chances de ir às semifinais do Mineiro, conquistando ainda vaga na Copa do Brasil de 2021, com boa premiação. Além disso, com mais um ponto vai garantir vaga na Série D do Brasileiro do ano que vem, caso não suba para a Terceira Divisão este ano.
Por tudo isso, intensificou os trabalhos esta semana no Ninho do Periquito. E contou com o profissionalismo dos atletas, que mesmo sem contrato desde o fim de abril, quando estava previsto o fim do Mineiro originalmente, não se descuidaram da parte física, até porque já havia o compromisso de serem recontratados quando fosse possível voltar aos treinos no clube.
Permaneceram 16 jogadores e chegaram outros através de parceria com um grupo de empresários. “Seguramos a maioria do elenco e conheço bastante os atletas que vieram. Se formos ver quem estava atuando, das peças titulares, perdemos três (o volante Daniel, o atacante Luan Costa e o meia-atacante Marco Damasceno). E os que chegaram é colocar na cabeça os objetivos que temos, trabalhá-los de acordo com o que vínhamos trabalhando e fazer com que eles cheguem o mais perto possível do nível dos outros”, argumenta o técnico Marcus Paulo Grippi.
Ele alerta, porém, que, com apenas 15 dias de treinamentos até a reestreia, algumas falhas serão normais. “Procuramos formular treinos que trabalhassem a maior variedade possível para ganhar tempo. Sabemos que não estaremos 100% fisicamente, então teremos que jogar com sabedoria para conseguirmos os nossos objetivos”, pondera.
Os jogadores parecem continuar assimilando as ideias do comandante, mas sabem que terão de se desdobrar para manter a performance de antes da paralisação. “Nossa equipe tem qualidade e vamos atrás de duas vitórias para buscarmos a classificação para as semifinais”, diz o volante André Mensalão.
FATO RARO
Se Tombense e Caldense atingirem os objetivos, será a quarta vez desde que a competição voltou a contar com os três da capital, em 2009, que dois times do interior ocuparão 50% das quatro primeiras posições ao fim da fase de classificação. Em 2013, isso ocorreu com Tombense e Villa Nova e, em 2009, com Ituiutaba e Rio Branco. Lembrando que em 2009, 2010, 2018 e 2019 avançavam da primeira fase oito times.