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CAMPEONATO MINEIRO

Com o Módulo II do Mineiro parado desde março, clubes vivem incerteza

Além de perder renda, muitos amargaram debandada de atletas

postado em 01/07/2020 10:53 / atualizado em 01/07/2020 11:04

(Foto: TWITTER ATHLETIC CLUB/DIVULGAÇÃO)
Se os clubes do Módulo I do Campeonato Mineiro estão em dificuldades com a suspensão do futebol devido à pandemia de COVID-19, no Módulo II a situação é ainda pior. Afinal, além de contar com muito menos recursos, as equipes têm de conviver com a incerteza sobre a volta da disputa, interrompida também em meados de março.

Os clubes se viram obrigados a liberar os jogadores com o término da maioria dos contratos no fim de maio, quando estava previsto o encerramento da competição. E agora dependem de definições por parte da Federação Mineira de Futebol (FMF), como a data da volta e a possibilidade de inscrever atletas – o regulamento previa 24 de abril como prazo-limite para novas inscrições.

“A situação está complicada. Eu tenho comércio também e ficou tudo difícil para mexer. Seguramos os atletas até o fim de maio. Aí, suspendemos os contratos da CLT que ainda estavam em vigor, mas o vínculo federativo acabou. Também demos férias para alguns. A partir do momento em que houver definição da FMF, vamos fazer contato com os atletas. Queremos manter a base, mas é claro que vamos perder alguns jogadores, que podem ir disputar o Brasileiro. Então, teremos de repor”, explica o presidente do Pouso Alegre, Paulo da Pinta. Segundo ele, quatro jogadores optaram por permanecer na cidade, “por terem crianças e o aluguel pago”, enquanto os demais retornaram aos seus locais de origem.

Ele estima o prejuízo do clube com a pandemia em R$ 600 mil. Afinal, ainda que o Módulo II volte, as partidas deverão ser disputadas sem a presença de público. “Mesmo se liberar, não devemos ter a média de 5 mil pessoas que vínhamos tendo. As pessoas ficam com medo de ir aos estádios.” A situação certamente vai atrasar um pouco a inauguração do CT do clube, construído em área de 41 mil metros quadrados, recebida como parte de pagamento da desapropriação do Campo da Lema, que será usado para a construção de uma UPA. Na primeira etapa, estão sendo investidos R$ 1 milhão.

Prejuízo técnico 


Também houve prejuízo técnico. Afinal, a equipe do Sul de Minas vinha em excelente fase, tendo obtido cinco vitórias seguidas depois de estrear com empate em casa com o Tupi. Com isso, lidera com folga o Módulo II, com 16 pontos, cinco a mais que o Nacional de Muriaé, em segundo lugar.

Situação muito parecida com a do primeiro colocado. Havia conquistado 10 dos últimos 12 pontos disputados até a parada e também teve de se desdobrar para honrar os compromissos.

“A pandemia impôs sérias dificuldades ao clube, desde a perda de arrecadação com ações ligadas à torcida (bilheteria, venda de camisas, sócio-torcedor) até interrupção de pagamentos por parte de parceiros e patrocinadores. Ainda assim, a diretoria se esforçou ao máximo e manteve em dia o acerto combinado com os funcionários e profissionais”, afirma o presidente, Irineu Júnior, que tem “acordo verbal” com os 26 atletas profissionais registrados e inscritos no torneio.

(Foto: GUARÁ COMUNICAÇÃO/DIVULGAÇÃO)

De 24 jogadores, restaram quatro


Em terceiro lugar no Módulo II, o Athletic, de São João del-Rei, amargou perdas e debandada. “A parada nos atrapalhou muito, estávamos em uma sequência boa. Eram 24 atletas e só quatro continuam, pois são atletas que nos quais apostamos muito. Perdemos mais de R$ 200 mil, seja com patrocínio, seja com bilheteria. Agora, temos de nos adaptar à nova realidade”, diz o gerente de futebol do clube, Fábio Campos.

No caso do Democrata de Sete Lagoas, quinto colocado, há ainda uma eleição em meio à pandemia. Felizmente, para o clube, haverá chapa única, encabeçada pelo atual diretor administrativo, Renato Paiva, que estima a perda com a paralisação em R$ 200 mil, valor que pode crescer, apesar de os contratos dos jogadores estarem suspensos, com base na Medida Provisória 936, do governo federal.

“Nós temos algumas receitas de sócios e patrocinadores que não suspenderam os pagamentos. Além disso, contamos com doações, venda de alguns itens do clube, como camisas, e empréstimos de diretores. Nossa folha, de R$ 60 mil, é muito representativa. Pode ser pouco para o futebol, mas é muito pra nós”, diz o provável futuro presidente do Jacaré.

Saídas 


Na outra ponta da tabela, a parada forçada poderia ter algum lado positivo, mas a realidade não permite que isso ocorra. Afinal, se poderão reformular os elencos, as diretorias têm de conviver com a busca por recursos para contratar atletas e tentar manter os principais jogadores.

“Tínhamos 21 jogadores, sendo que três seguem conosco por ter vínculos mais longos. Nossa política é pagar um salário mínimo na CLT, mais produtividade. Alguns chegam a receber R$ 8 mil, sempre em dia. Além disso, damos toda a estrutura, hotel bom, alimentação. Isso ajuda na hora de buscar atletas, mas para isso a FMF terá de permitir novas inscrições”, argumenta Júnior André dos Santos, presidente do Serranense, de Nova Serrana, que ocupa a 10ª posição, com 5 pontos.

Apesar das dificuldades, ele se mostra otimista. “Nosso grupo era bom, os resultados é que não foram os esperados. Perdemos alguns jogos nos quais não jogamos mal. Ainda esperamos nos classificar, pois serão três jogos em casa (contra Guarani, CAP Uberlândia e Ipatinga).”

(Foto: INSTAGRAM NACIONAL DE MURIAÉ/DIVULGAÇÃO)

Eles querem decidir em campo


O Módulo II foi interrompido logo após o encerramento da sexta rodada, em 16 de março. Assim, faltam cinco partidas da fase de classificação e mais seis do quadrangular final, caso não haja mudança na fórmula de disputa. Campeão e vice sobem para a elite do Campeonato Mineiro.

Uma coisa que une os dirigentes ouvidos é o fato de eles serem a favor de que a competição seja decidida em campo. Apesar das dificuldades, eles acreditam que é possível terminá-lo. “O Módulo I tem urgência, pois os times vão jogar as diversas divisões do Brasileiro. O II, não, uma vez que os clubes não têm compromissos no segundo semestre. O problema é a dificuldade financeira. O ideal seria a federação ajudar, mas eles também estão passando dificuldades”, avalia Paulo da Pinta, do Pouso Alegre.

“O ideal, para nós, seria fundir as temporadas. Começar 2021 onde paramos 2020 para não perder o que foi feito e nem ficar nessa indefinição. Além disso, será difícil para qualquer clube terminar este campeonato e iniciar outro na sequência. Mas se a FMF marcar, teremos que nos desdobrar, mas voltaremos”, afirma Paiva, diretor do Democrata.

Vai depender da COVID-19


Com proposta da Federação Mineira de Futebol (FMF) para retorno da divisão principal do Campeonato Mineiro em 26 de julho, na segunda-feira o governo de Minas indicou que a retomada do Estadual dependerá do recuo da COVID-19. "Neste momento em que estamos vendo uma aceleração de casos na epidemia, em que aguardamos o resultado das ações de retorno da Onda Verde na maior parte do estado, entendemos que não seja adequado progredir em nenhum evento neste sentido. Mas os protocolos serão avaliados. O que conversamos, que seria a possibilidade de retornar depois de 26 de julho, nós ainda entendemos que possa ser possível", disse o secretário de saúde, Carlos Eduardo Amaral. Faltam duas rodadas para o encerramento da fase classificatória. O plano inicial da FMF é adotar uma única cidade-sede. Os jogos seriam sem público, com previsão de término da competição até 16 de agosto.

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