CAMPEONATO MINEIRO
Clubes que disputam o Campeonato Mineiro demitirão jogadores com a paralisação do calendário
Para diminuir os gastos com salários, as diretorias de Patrocinense e Villa Nova dispensarão seus atletas e começarão trabalho do zero
postado em 30/03/2020 14:00 / atualizado em 30/03/2020 23:28
Estádios fechados, jogadores em confinamento e incertezas na temporada. Com mais um adiamento do retorno dos campeonatos confirmados pela Federação Mineira de Futebol (FMF), agora para 30 de abril, os clubes do interior do estado, com recursos limitados, terão dificuldades e tentam solucionar da melhor forma a situação de seus jogadores, que estão sem treinar desde que a pandemia do coronavírus chegou ao Brasil. Como em todo país, que vive caos econômico, o desemprego será um inimigo a mais para atletas e demais profissionais do futebol. Para diminuir os gastos com salários, as diretorias de Patrocinense e Villa Nova dispensarão seus atletas e começarão trabalho do zero. Em outros casos, como de Tombense e Caldense, os vínculos vão até o fim do ano, o que permite um respiro maior.
Depois de reunião de dirigentes de clubes das quatro séries do Brasil, a maioria optou por dar férias coletivas aos atletas e comissão técnica. Mas essa iniciativa afeta outras agremiações que não têm calendário no segundo semestre. Por mais que tenha sinalizado uma data para o retorno dos Módulos I e II do Mineiro, a Federação Mineira aguarda posicionamento da CBF e do Ministério da Saúde para que as competições possam reiniciar sem afetar a segurança de atletas, torcedores e integrantes de comissão técnica. O mais provável é que, no período mais sério da pandemia, a entidade comunique novo adiamento, nesse caso sem data definida. E isso prejudicaria ainda mais o planejamento e o orçamento das equipes de menor expressão.
O primeiro clube a anunciar a dispensa dos atletas foi o Patrocinense, que encerrará suas atividades no fim do Mineiro. Por falta de recursos financeiros, o clube abriu mão de jogar a Série D do Brasileiro e repassou a vaga ao Villa Nova. Com o retorno da competição, a diretoria se vê obrigada a recrutar novos jogadores e montar uma equipe às pressas para jogaras últimas rodadas.
O Villa Nova também definirá nos próximos dias a dispensa de seu grupo de atletas para reduzir a despesa com um mês a mais de salário, já que os vínculos de todos os atletas se encerram exatamente em 30 de abril. Para jogar a Série D, o Leão passará por nova montagem de equipe. “Todos nossos contratos vencem daqui a um mês. Confirmamos recentemente que vamos disputar a Série D. Vamos fazer acordo com todos do atual grupo, pagar direitinho aqueles que estão aqui. Alguns eventualmente poderão renovar para o segundo semestre”, ressalta o diretor de futebol Luizinho.
Já o Uberlândia apelará por solução caseira: o clube deu férias para o grupo até o dia 1º de maio, mas sinaliza que dispensará os atletas depois desse prazo e projeta terminar o Estadual com time Sub-20. O Verdão não terá atividades no segundo semestre.
Dos clubes do interior, quem vive melhor situação é o Tombense. Representante mineiro na Série C, o Gavião deu férias para todos os jogadores e manterá os contratos até o fim do ano. Apoiado por um grupo de empresários, o clube tem um dos maiores orçamentos do interior do estado. “Nosso caso é diferente. Não temos muito problema, porque temos um calendário nacional no segundo semestre. Logo, fizemos contratos até o fim do ano. Nos reunimos com jogadores e os liberamos para férias por tempo indeterminado”.
Outro que disputará a Série C, o Boa não tomou nenhuma atitude e vai esperar novo posicionamento da Federação Mineira. “Vamos aguardar mais um tempo. Temos jogadores cujos contratos vencem agora, outros com vínculo até o fim do ano e alguns casos com contrato de dois anos”, afirmou o diretor de futebol Rildo Moraes.
O Coimbra deve anunciar seu futuro nos próximos dias. O clube ficará sem calendário a partir de maio e tem vários contratos no fim, como os dos goleiros Glaycon e Uilson, do zagueiro Carciano, dos armadores Thalis e Daniel Penha e do atacante Bruno Mineiro. E a Caldense, embora os vínculos expirem agora, conta com cláusula de renovação automática até dezembro.
O Tupynambás vive problema atípico. Lanterna na elite e virtualmente rebaixado ao Módulo II, o Baeta descarta dispensar o grupo até que o campeonato se reinicie. Mas a diretoria seria obrigada a renovar os vínculos por mais três meses, o mínimo exigido pela Lei Pelé, para disputar as três partidas restantes no Estadual. “Temos uma folha de R$ 150 mil reais mensais. Vamos honrar com todos os compromissos, mas teríamos de realizar contratos novos. Seriam R$ 450 mil a mais, o que vai impactar na renda do clube”, lamenta o presidente Cláudio Dias.
Os clubes do Módulo II têm dilema pior ainda, pois não contam com as cotas dos direitos de transmissão – principal receita para o equilíbrio financeiro –, além de patrocínios ainda mais reduzidos. Líderes da competição, Pouso Alegre e Nacional de Muriaé determinaram que os atletas tivessem um período de recesso até tomarem posição mais concreta.
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