Depois de reunião de dirigentes de clubes das quatro séries do Brasil, a maioria optou por dar férias coletivas aos atletas e comissão técnica. Mas essa iniciativa afeta outras agremiações que não têm calendário no segundo semestre. Por mais que tenha sinalizado uma data para o retorno dos Módulos I e II do Mineiro, a Federação Mineira aguarda posicionamento da CBF e do Ministério da Saúde para que as competições possam reiniciar sem afetar a segurança de atletas, torcedores e integrantes de comissão técnica. O mais provável é que, no período mais sério da pandemia, a entidade comunique novo adiamento, nesse caso sem data definida. E isso prejudicaria ainda mais o planejamento e o orçamento das equipes de menor expressão.
O primeiro clube a anunciar a dispensa dos atletas foi o Patrocinense, que encerrará suas atividades no fim do Mineiro. Por falta de recursos financeiros, o clube abriu mão de jogar a Série D do Brasileiro e repassou a vaga ao Villa Nova. Com o retorno da competição, a diretoria se vê obrigada a recrutar novos jogadores e montar uma equipe às pressas para jogaras últimas rodadas.
O Villa Nova também definirá nos próximos dias a dispensa de seu grupo de atletas para reduzir a despesa com um mês a mais de salário, já que os vínculos de todos os atletas se encerram exatamente em 30 de abril. Para jogar a Série D, o Leão passará por nova montagem de equipe. “Todos nossos contratos vencem daqui a um mês. Confirmamos recentemente que vamos disputar a Série D. Vamos fazer acordo com todos do atual grupo, pagar direitinho aqueles que estão aqui. Alguns eventualmente poderão renovar para o segundo semestre”, ressalta o diretor de futebol Luizinho.
Já o Uberlândia apelará por solução caseira: o clube deu férias para o grupo até o dia 1º de maio, mas sinaliza que dispensará os atletas depois desse prazo e projeta terminar o Estadual com time Sub-20. O Verdão não terá atividades no segundo semestre.
Tranquilidade
Dos clubes do interior, quem vive melhor situação é o Tombense. Representante mineiro na Série C, o Gavião deu férias para todos os jogadores e manterá os contratos até o fim do ano. Apoiado por um grupo de empresários, o clube tem um dos maiores orçamentos do interior do estado. “Nosso caso é diferente. Não temos muito problema, porque temos um calendário nacional no segundo semestre. Logo, fizemos contratos até o fim do ano. Nos reunimos com jogadores e os liberamos para férias por tempo indeterminado”.
Outro que disputará a Série C, o Boa não tomou nenhuma atitude e vai esperar novo posicionamento da Federação Mineira. “Vamos aguardar mais um tempo. Temos jogadores cujos contratos vencem agora, outros com vínculo até o fim do ano e alguns casos com contrato de dois anos”, afirmou o diretor de futebol Rildo Moraes.
O Coimbra deve anunciar seu futuro nos próximos dias. O clube ficará sem calendário a partir de maio e tem vários contratos no fim, como os dos goleiros Glaycon e Uilson, do zagueiro Carciano, dos armadores Thalis e Daniel Penha e do atacante Bruno Mineiro. E a Caldense, embora os vínculos expirem agora, conta com cláusula de renovação automática até dezembro.
O Tupynambás vive problema atípico. Lanterna na elite e virtualmente rebaixado ao Módulo II, o Baeta descarta dispensar o grupo até que o campeonato se reinicie. Mas a diretoria seria obrigada a renovar os vínculos por mais três meses, o mínimo exigido pela Lei Pelé, para disputar as três partidas restantes no Estadual. “Temos uma folha de R$ 150 mil reais mensais. Vamos honrar com todos os compromissos, mas teríamos de realizar contratos novos. Seriam R$ 450 mil a mais, o que vai impactar na renda do clube”, lamenta o presidente Cláudio Dias.
Sem TV
Os clubes do Módulo II têm dilema pior ainda, pois não contam com as cotas dos direitos de transmissão – principal receita para o equilíbrio financeiro –, além de patrocínios ainda mais reduzidos. Líderes da competição, Pouso Alegre e Nacional de Muriaé determinaram que os atletas tivessem um período de recesso até tomarem posição mais concreta.