Nos últimos 10 anos, será a quinta vez que isso ocorrerá. Só o clube celeste já poupou titulares em três clássicos no período, e as torcidas parecem entender os motivos – não se vê grandes manifestações contrárias, entendendo que o momento exige que se priorize o mata-mata, até em função de o título do Nacional estar distante.
Se em 100% das vezes os titulares bateram os reservas do adversário, os resultados na sequência nem sempre foram os esperados. Em 2009, o Cruzeiro, do técnico Adílson Batista, foi goleado pelo rival por 3 a 0, no Mineirão, mas a torcida só queria saber da final da Libertadores, três dias depois. E mesmo tendo poupado os titulares acabou perdendo para o Estudiantes-ARG por 2 a 1, de virada, também no Gigante da Pampulha.
Já em 2014, sob o comando de Marcelo Oliveira, o time celeste perdeu por 2 a 1 para o Atlético, no Independência, em um domingo, pois se preparava para jogo de volta das quartas de final da Libertadores. Mesmo assim, na quarta-feira seguinte acabou eliminado do torneio continental pelo San Lorenzo, em pleno Mineirão.
Apesar disso, a estratégia continua sendo adotada na Toca da Raposa. Tanto que Mano Menezes fez isso no jogo do turno deste ano, pois a Raposa vinha de vitória por 2 a 1 sobre o Atlético-PR, no jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil, e logo depois teria pela frente o Racing-ARG, em jogo decisivo para passar da fase de grupos da Copa Libertadores.
Segundo o atual treinador, toda a conjuntura tem de ser levada em conta. E assim justifica a escalação de reservas no domingo: “O Cruzeiro não tem time reserva, o Cruzeiro tem jogadores de qualidade que podem entrar em campo no domingo. Não sou louco, sei onde está colocado o clássico, sei da rivalidade, mas não vamos botar fora o que estamos construindo em função de um jogo só. Mas o torcedor pode ir ao Mineirão que vai ver um time bom, independentemente do time que colocarmos em campo”.
OUTRO LADO Já o Galo usou time reserva em uma oportunidade: em agosto de 2013. O clássico foi logo depois da conquista do título da Libertadores e a goleada por 4 a 1, no Mineirão, nem doeu na grande maioria da torcida, ainda que tenha ajudado o Cruzeiro a ser campeão brasileiro depois de 10 anos.
Tradicionalmente, o Atlético tem certa resistência em poupar seus titulares no clássico estadual, mesmo que esteja atuando em competições de mata-mata mais importantes. Em 2013, por exemplo, o então técnico Cuca escalou força máxima no segundo jogo da decisão do Mineiro – a derrota por 2 a 1 garantiu o título para o alvinegro, que goleou no confronto de ida por 3 a 0, no Independência – mesmo tendo um jogo três dias depois contra o Tijuana, no México, pelas quartas de final da Libertadores, numa logística complicada.
Outro exemplo ocorreu dois anos depois, quando Levir Culpi mandou a campo os titulares para o segundo jogo das semifinais do Estadual depois de a equipe atuar na derrota para o Atlas, na altitude de 2,2 mil metros da Cidade do México.
Agora, a equipe ainda tem possibilidade de título nacional ou vaga na Libertadores e não está envolvida com outra competição. Portanto, terá força máxima. “Os clássicos são jogados de forma diferente, porque a rivalidade fala mais alto. Cada equipe tem seus interesses. E nosso grupo se acostumou a jogar esse tipo de jogo, buscar o melhor. Vamos tentar fazer bom jogo e tentar que as coisas saiam da melhor maneira. A concentração é importante”, afirma o colombiano Yimmi Chará, que disputará seu primeiro confronto diante do Cruzeiro.