O incêndio no Museu Nacional, que atingiu mais de 20 milhões de itens, no início do mês, no Rio, trouxe à tona a discussão sobre a importância de preservar acervos que contam a história do país. Como parte do especial de 90 anos do Estado de Minas – dedicado às conquistas mineiras –, o Superesportes conversou com os profissionais responsáveis por cuidar da memória dos dois principais clubes do estado: Emmerson Maurílio, do Atlético, e Joanita Souza da Silva, do Cruzeiro.
"O Atlético cresceu ao lado da cidade. Não tem como contar a história de BH sem falar do Atlético", conta Emmerson Maurílio, gerente multimídia do Galo, no clube desde 2001. "É uma coisa prazerosa, pois mexe com a paixão de oito, quase nove milhões de pessoas", completa Emmerson, que se dedica, desde sua chegada ao Atlético, à parte de documentação e história do clube.
Em suas salas, o Atlético preserva ainda fotos, jornais, revistas, faixas e itens especiais, como a chuteira do goleiro Victor, usada na partida contra o Tijuana, no Independência, que garantiu vaga na semifinal da Libertadores'2013. "É um trabalho fundamental, fazer um regate, para que esses registros sejam encontrados e expostos novamente para os torcedores", conta Emmerson. Parte do acervo deve ganhar casa nova nos próximos anos. No projeto do novo estádio está previsto um pavilhão de 2,5 mil metros quadrados reservado para a exibição das conquistas do Galo.
Museu do Cruzeiro
A menos de três anos de seu centenário, o Cruzeiro tem a intenção de inaugurar um museu para celebrar a história do clube até o fim da gestão de Wagner Pires de Sá, que se encerra em 31 de dezembro de 2020 – dois dias antes do centenário. “Estamos desenvolvendo o projeto, com cronograma para o centenário. Dependerá da capacidade de investimento”, comentou Marco Antônio Lage, vice-presidente executivo do Cruzeiro.
“Aqui é como se fosse um quebra-cabeças. A gente procura montar e descobrir essas pequenas histórias que todo torcedor cruzeirense adora”, conta Joanita, há quase duas décadas no clube.
Há alguns anos, o trabalho diário de garimpar a história ajudou o Cruzeiro a recuperar uma peça importante de seu quebra-cabeças de conquistas: o troféu da Taça Brasil’1966, o primeiro título nacional do futebol mineiro, que não estava na sala de troféus celeste. “O Brasileiro de 1966, a Taça Brasil, todo mundo sabe a história: Dirceu Lopes, Piazza, Tostão, Natal..... E o Cruzeiro não tinha essa taça. E todo mundo tinha essa dúvida e onde estava. E através de nosso trabalho, nós resgatamos um documento, que é o regulamento da Taça Brasil”, conta Joanita. “Era uma taça transitória e que (o clube) precisava ganhar três vezes para ficar em posse. E o que aconteceu é que, através do documento, descobrimos ela no Botafogo (último campeão da Taça Brasil) e fizemos uma réplica idêntica à original”, contou.