O Atlético pode perder por até um gol de diferença o jogo de volta da final do Campeonato Mineiro neste domingo, às 16h, no Mineirão, mas a disputa do título está aberta. A opinião é de quem conhece bem os arquirrivais, pois os enfrentou há pouco tempo: são os técnicos de equipes que estiveram no Estadual. Na avaliação deles, os dois times chegam bem à finalíssima, ainda que o momento alvinegro seja melhor. A tendência é de jogo bastante disputado, em que a estratégia será determinante para o resultado.
“São duas equipes muito qualificadas. Tanto em termos de organização quanto em qualidade de elenco. O Atlético, principalmente nos últimos jogos, vem apresentando um conjunto muito bom, bem sintonizado. A gente percebe isso nas partidas. Mas o Cruzeiro também tem muita qualidade. Fez um campeonato muito bom. Nos últimos jogos as coisas não estão acontecendo, mas isso é normal, cada partida é uma história”, diz Ricardo Leão, técnico que tirou o Tupi da lanterna e o levou à semifinal – foi eliminado pela Raposa em dois jogos equilibrados, apesar de sua equipe ter perdido tanto em Juiz de Fora quanto em BH. “A final está aberta. Quem fizer um grande jogo vai levar. Se o Atlético repetir o que tem feito será campeão”, completa.
Opinião semelhante tem Wellington Fajardo. Ele levou o Patrocinense às quartas de final do Estadual, na qual foi eliminado pela Raposa com derrota por 2 a 0, no Mineirão – na última rodada da primeira fase, houve empate por 1 a 1 em Patrocínio, quando Mano Menezes escalou reservas. Para essas partidas, ele estudou bastante o Cruzeiro e vê qualidade e defeitos no time. “Percebi que o Cruzeiro gosta de ser protagonista, de propor o jogo. Quando enfrentou equipes que jogaram de igual para igual, equilibrando a posse de bola, como o Racing (pela Copa Libertadores), teve dificuldades. Até tentamos isso contra eles, ficar mais com a bola, e fizemos boas partidas. Acho que foi por isso que o Atlético se impôs no primeiro jogo da final”, diz Fajardo, que foi goleiro da equipe celeste na década de 1980. Para ele, a Raposa está mais preparada para atacar do que para defender. “Acredito que o Cruzeiro terá mais chance de ser campeão ser tiver de 60% a 70% de posse de bola no domingo (amanhã)”, argumenta.
Técnico da URT, Rodrigo Santana diz ter se surpreendido com o resultado do primeiro jogo da decisão: “Pelo que o Cruzeiro vinha apresentando na competição, pelo nível de dificuldade que impôs para a gente, foi muito superior ao que o Atlético apresentou. Lógico que os gols de bola parada desestabilizam. Mas acho que o placar ainda está aberto. O Cruzeiro tem total chance de inverter a situação, principalmente se fizer gol nos primeiros 15 minutos”, pondera Santana, que foi derrotado duas vezes pelo Galo nesta edição do Estadual, em ambas por 1 a 0 – uma em Patos de Minas, pela primeira fase, e outra na capital, pelas quartas de final. Já diante da Raposa, a equipe foi goleada por 3 a 0, no Mineirão.
ASCENSÃO E QUEDA
Eles consideram natural que uma equipe caia de produção, como ocorreu com o Cruzeiro, que vem de empate sem gols com o Vasco, no Mineirão, pela Libertadores. E acreditam que a reação pode vir justamente em um clássico, ainda mais decisivo, que sempre mexe com os jogadores. Já a ascensão do Atlético passa obrigatoriamente pelo trabalho do técnico Thiago Larghi, que assumiu em fevereiro, depois da demissão de Oswaldo de Oliveira. Ele ainda é interino, mas a cada jogo se torna mais efetivo no cargo.
“Os atletas estão com o Thiago Larghi, ele mudou a forma de jogar da equipe. A gente percebe que o grupo está leve, em um clima bom, o ambiente favorável. O Atlético tem um time muito qualificado. Com confiança e os resultados vindo, a tendência é crescer mais”, diz Ricardo Leão, que se lembra do empate por 1 a 1 entre as equipes e acredita que o alvinegro da capital está melhor agora: “Naquele momento (do empate) o Thiago ainda estava encaixando os jogadores, buscando a melhor formação. Mas é uma equipe muito qualificada. Sabíamos que não podíamos vacilar.”
Fajardo não enfrentou o Atlético neste ano – quando o Patrocinense empatou por 2 a 2 com o Galo, no Independência, o técnico era Rogério Henrique. Acompanhando futebol, porém, ele elogia a decisão da diretoria em apostar em um profissional jovem e que tem mostrado conhecimento. “Só espero que, independentemente do resultado deste domingo, o trabalho não seja interrompido. Ele vai dar fruto lá na frente, se já não der agora. Vejo que o time evoluiu muito taticamente”.