CAMPEONATO MINEIRO
Mano e Roger trazem na bagagem disciplina, mas estilos diferentes na busca por título
Técnicos gaúchos fazem duelo à parte por inédito troféu de campeão de Minas
postado em 29/04/2017 11:00 / atualizado em 29/04/2017 09:00
Dois treinadores gaúchos dividirão o status de protagonistas quando Cruzeiro e Atlético começarem a decidir o título do Campeonato Mineiro amanhã, às 16h, no Mineirão. Mas somente um deles vai erguer a taça de campeão. Nascidos no mesmo estado, Mano Menezes e Roger Machado estão em lados opostos e travarão disputa particular em sua primeira decisão em Minas. Para o treinador celeste, uma conquista estadual significaria rechear ainda mais o currículo já vitorioso e repetir os feitos de 2006 e 2007 com o Grêmio e de 2009 com o Corinthians. Ainda engatinhando na carreira, o técnico atleticano tenta seu primeiro título na nova função, que exerce desde 2013.
Não será a primeira vez que um treinador do Rio Grande do Sul vai ser coroado como campeão em Minas. Ênio Andrade venceu duas vezes com o Cruzeiro em 1990 e 1994. Mas ele foi o único. Outros mais badalados, como Luis Felipe Scolari e Tite, não chegaram a disputar decisões nas Alterosas.
O placar entre Mano e Roger até o momento é favorável ao técnico da Raposa: duas vitórias dos celestes, ambas no Mineirão em 2017 – 1 a 0 na Primeira Liga e 2 a 1 na fase de classificação do Mineiro. Além desta temporada, os dois gaúchos se enfrentaram uma vez no empate sem gols entre Cruzeiro e Grêmio (então comandado por Roger), em outubro de 2015, pelo Campeonato Brasileiro.
Perto de completar 55 anos, o cruzeirense nascido em Passo do Sobrado acumula mais experiência que o conterrâneo. Até por isso, vê diferença entre ambos. “Acredito que as equipes têm estilos diferentes. O Roger fez trabalho muito benfeito no Grêmio e está fazendo no Atlético. Eu tenho uma carreira um pouco mais longa, com mais exemplos do que faço com minhas equipes. Todo mundo já me conhece. De tanto que me conhecem já até sabem o que vai acontecer com o Cruzeiro no domingo”, afirma Mano Menezes, que começou no futebol profissional dirigindo o Guarani de Venâncio Aires-RS em 1997 e desde então é famoso por montar equipes sólidas defensivamente.
A obsessão pela parte tática e o rigor com que comandam as equipes aproximam os dois gaúchos. Ainda que ache difícil falar sobre o companheiro de profissão, o comandante cruzeirense vê semelhanças entre eles. “Somos disciplinados, passamos isso para nossas equipes em termos de trabalho, dedicação. E disciplina não é só sobre comportamento, mas também o fato de representar agremiações históricas. Temos responsabilidade da tomada de decisão diante de gigantes do futebol mundial. Espero fazer um grande clássico agora, como fizemos outras duas vezes este ano.”
TÍTULO ESPECIAL Para o treinador atleticano, independentemente de os treinadores serem gaúchos, a disputa pelo título será especial: “Somos gaúchos e as escolas são semelhantes, mas a forma de pensar futebol pode ou não ser igual. Cada um tem seu estilo. O Rio Grande do Sul revela grandes treinadores para o Brasil e agora temos um confronto. Nós dois queremos ganhar o Estadual. Vamos ver como será o clássico”.
Ainda sem vencer o maior rival, o porto-alegrense de 42 anos não revelou a estratégia para ampliar a vantagem na decisão mineira. Mas Roger espera que a postura de sua equipe seja diferente na questão defensiva. Em ambos os clássicos, o Atlético sofreu com os erros individuais e levou gols com poucos minutos no primeiro tempo.
Ainda que o Galo possa empatar os dois jogos para ser campeão mineiro, ganhar o duelo local seria uma vitória pessoal para Roger. “Não imagino que meu torcedor vai desejar que a gente jogue o clássico administrando resultado. O clássico é para ser vencido, independente da situação. Se a gente vencer, vamos ter a vantagem que a gente deseja. Temos que vencer o clássico, porque é tão importante quanto o título local. E nós queremos muito a vitória”.