Em oficio, a Federação diz que levou em consideração “o pedido da URT para jogar, como mandante, no Estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão)”.
A FMF ainda explica que, segundo “permissão do Regulamento Específico da Competição (REC)”, “as equipes, nas semifinais e final, atendido o requisito de capacidade superior a 10 (dez) mil torcedores, possam jogar em quaisquer estádios aptos em Minas Gerais”, acrescenta.
Sabe-se que, como o Atlético é um clube de Belo Horizonte, trata-se na prática de uma inversão de mando. O regulamento, contudo, dá brecha a outra interpretação e concede à FMF a autonomia de definir os mandos da fase final. O artigo 27 do Regulamento Específico da Competição diz que “nas semifinais e final, o mando dos jogos pertencerá à FMF, que, após consultar as partes interessadas, decidirá os locais das partidas dentre todos os estádios aptos no Estado de Minas Gerais, sem que se caracterize inversão de mando de campo”, diz.
A redação do trecho acima, em negrito, gera duplo sentido: "sem que se caracterize inversão de mando de campo".
O primeiro parágrafo do artigo 38 diz que “por inversão de mando de campo entende-se um clube, constando como mandante na tabela de jogos divulgada, jogar na casa do adversário e vice versa”. O segundo parágrafo deste mesmo artigo informa que “por casa do adversário entende-se o estádio informado no Conselho Técnico como local de mando de campo e ou cidade onde manda seus jogos”. A casa oficial do Atlético é o Independência, em Belo Horizonte.
Atlético se beneficia de algo que combateu no Brasileiro
Com a realização do primeiro jogo no Mineirão, mesmo com mando da URT, o Atlético se beneficia de expediente que combateu com veemência no Brasileirão. Em fevereiro, na reunião do Conselho Técnico da CBF, o Atlético sugeriu a proibição da "venda e inversão de mandos" nas Séries A e B do Brasileiro. A sugestão acabou aprovada a partir da edição deste ano.
Na ocasião, ao ser ouvido sobre a mudança no regulamento, o presidente do Atlético, Daniel Nepomuceno, alegou que o grande problema é que alguns clubes passaram a se beneficiar tecnicamente com a venda de mandos em fases decisivas do Brasileiro. Por isso, a maioria votou a favor da proibição.
“A ideia de levar o time para jogar em outras praças é linda, mas o que aconteceu na prática foi que clubes que não tinham mais o que disputar venderam o mando por questão financeira e inverteram o mando. Isso é contra qualquer fair play. Empresários apareceram para comprar os mandos. Santa Cruz e América venderam o mando não com a intenção de levar público. Acaba gerando inversão de mando. Isso que somos contra”, argumentou Daniel Nepomuceno ao lembrar, por exemplo, dos jogos entre América e Palmeiras, em Londrina-PR, em 9 de outubro, e Santa Cruz e Corinthians, em Cuiabá-MT, em 12 de outubro, já na reta final do Campeonato Brasileiro do ano passado. Nas duas ocasiões, os visitantes tiveram mais torcedores.
Posicionamento da URT
Em entrevista ao Superesportes, Roberto Túlio Miranda, presidente da URT, explicou por que o time de Patos de Minas mandará o jogo de ida em Belo Horizonte. "Quando há o arbitral, os clubes têm que indicar dois campos pra poder jogar caso chegue à fase final. Nós optamos por colocar o Bernardo Rubinger de Queiroz (estádio do Mamoré, em Patos de Minas) como primeira opção, e o Mineirão como segunda. Mas a vistoria no gramado do Bernardo não passou (laudo venceu dia 7/4), então, por isso, jogaremos em Belo Horizonte. Não é uma inversão de mando. Eles (o Atlético) jogam no Independência".
Roberto Túlio esclareceu, ainda, o fato que fez a direção do clube rechaçar a possibilidade de jogar em alguma outra cidade próxima a Patos de Minas, cidade do Alto Paranaíba. "Nós teríamos o estádio de Uberlândia, que é mais próximo de Patos, mas o time de lá tem rivalidade grande com os times da nossa cidade. Então, a torcida não iria a campo ver nosso jogo. Em Belo Horizonte também teremos mais torcida contrária, mas teremos oportunidade de fazer um caixa para o clube", argumentou.
Na semifinal do ano passado, também contra o Atlético, a URT optou por jogar no estádio do rival Mamoré.
Ambos os jogos serão no domingo em virtude dos compromissos de Atlético e Cruzeiro, desta semana, pela Copa Libertadores e pela Copa do Brasil, respectivamente. O Galo enfrenta o Sport Boys, da Bolívia, 19h30 de quinta-feira, no estádio Independência. Na mesma noite, a Raposa enfrenta o São Paulo, no Morumbi, às 21h30.