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FINANÇAS

Endividados, Atlético e Cruzeiro terão elencos mais baratos nos próximos anos, diz economista

Clubes mineiros sofrerão redução nos investimentos devido à adequação ao Profut

postado em 22/06/2016 08:01 / atualizado em 21/06/2016 20:05

Edesio Ferreira/EM
Com dívidas milionárias, Atlético e Cruzeiro aderiram ao Programa de Modernização do Futebol Brasileiro (Profut) para parcelarem parte das pendências com o governo federal. Juntos, os rivais acumulam R$ 425 milhões em compromissos fiscais. Para refinanciarem esse valor e se adequarem à medida, Galo e Raposa já passam por reestruturações em seus gastos. E a tendência é que siga assim nos próximos anos.

“O que esperar: menos aquisições, menos investimentos, manutenção de elencos mais baratos que nos outros anos. Atlético e Cruzeiro têm que se adequar de uma maneira consistente para fazer frente às demandas do Profut, manter salários em dia, investir apenas o tanto que é permitido…”, afirma o economista do Itaú BBA Cesar Grafietti, que lidera a produção de um estudo anual sobre as finanças dos clubes brasileiros.

Quem aderir ao Profut terá 20 anos (240 parcelas) para dividir a dívida ao governo. O Programa reduzirá 70% das multas e 40% dos juros referentes a pendências fiscais.

Entre as obrigações, os clubes podem gastar, no máximo, 80% da receita bruta com o futebol profissional, têm que manter salários e obrigações trabalhistas em dia e dar autonomia ao conselho fiscal. Suscetíveis a punições severas, os dirigentes não podem antecipar receitas (direitos de transmissão, por exemplo) de períodos que vão além de seus mandatos.

Atlético

O Galo deve R$ 258 milhões em impostos, segundo o levantamento feito pelo Itaú BBA. Esse valor deixa o clube na quarta posição entre os clubes brasileiros que mais devem ao governo, atrás apenas de Botafogo, Flamengo e Vasco.

“O Atlético é um clube que carrega dívidas fiscais muito mais pesadas do passado, agora renegociadas sob o âmbito do Profut. Mas ainda assim é um clube que tem uma dívida muito elevada”, afirma Grafietti.

“Nossa avaliação é que, em 2015, o Atlético conseguiu uma forte redução de custos e um bom volume de receitas. De certa forma, está entrando nos trilhos e mostrando uma gestão em evolução. Certamente, o Profut foi muito positivo. O aumento de dívida é circunstancial. A partir do momento em que você adere ao Profut, é mais fácil você trazer dívidas que não eram colocadas no balanço, alongar o tempo de pagamento e tirar isso da discussão”, completa.

Apesar de estar em processo de adequação ao Programa de Modernização, o Atlético tem feito investimentos no elenco montado para este ano. Nomes como Robinho, Fred e Clayton foram contratados. Parte dos valores gastos, no entanto, vêm de parceiros do clube.

A assessoria de imprensa do Galo confirmou que o clube cumpre as regras legais de refinanciamento das dívidas proposto pelo Profut e afirmou gastar, no máximo, 80% da receita bruta com o futebol.

"O Atlético tem, hoje, certidão negativa da União (débitos devidamente parcelados e rigorosamente em dia), incluindo certidão negativa do Estado de Minas e Município de Belo Horizonte. Além disso, tem também o Atlético certificado de regularidade do FGTS, regularidade junto ao cadastro de devedores públicos (CADIN), certidão de regularidade de débitos trabalhistas emitido pela Justiça do Trabalho", posicionou-se o clube, por meio de sua assessoria.

Cruzeiro

De 2013 a 2015, a dívida fiscal do Cruzeiro mais que dobrou: foi de R$ 69 milhões para R$ 167 milhões. No clube, o discurso é de reestruturação financeira, redução de custos e adequação ao Profut. Apesar do aumento exponencial nas receitas (valor recorde de R$383,3 milhões em 2015, segundo balanço oficial), a dívida geral também cresceu e alcançou, no total, R$ 262 milhões no ano passado (de acordo com Itaú BBA). O Cruzeiro contradiz os valores da pesquisa do Itaú BBA e afirma que a dívida é de R$ 183.423.991,20.

“Se não tem explicação lógica para o aumento das receitas, muito provavelmente ela não deve se repetir em 2016. Então, vai ter que necessariamente ajustar custos para este ano. Aparentemente, é isso que vem fazendo. Não fez grandes contratações, reduziu o elenco, está tentando colocar a casa em ordem. Tanto é que o desempenho no Campeonato Brasileiro está longe de ser brilhante”, analisou o economista.

Apesar de não possuir uma das maiores dívidas do país - é a 10ª maior -, proporcionalmente os compromissos pendentes do Cruzeiro têm aumentado consideravelmente ano a ano. Por isso, o clube já mudou a forma como é administrado.

A diretoria da Raposa é orientada a não dar entrevistas sobre as finanças. Entretanto, em setembro de 2015, durante a apresentação do diretor de futebol Thiago Scuro, o presidente Gilvan de Pinho Tavares já previa possíveis reduções nos investimentos.

"O futebol viverá momentos difíceis. Não podemos fazer loucura. Para aderir ao Profut, temos de estar com contas em dia. Você só pode gastar até 80% da arrecadação com futebol profissional", afirmou, ao tratar da renovação contratual do goleiro Fábio, concretizada pouco tempo depois.

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