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Estudo projeta faturamentos de Atlético e Cruzeiro em 2016; veja valores estimados Sujeito a juros maiores, Atlético tem a segunda maior dívida bancária entre os clubes brasileiros Times de 2013, 14 e 15 fazem dívida crescer, e Cruzeiro vê investimento cair, diz estudo Endividados, Atlético e Cruzeiro terão elencos mais baratos nos próximos anos, diz economista
Os números são de um estudo ainda em produção do Itaú BBA, instituto liderado por Cesar Grafietti (veja os números gerais do levantamento, produzido a partir dos balanços financeiros divulgados pelos clubes, no final da reportagem). O economista conversou com o Superesportes e analisou o momento financeiro dos mineiros.
América
Os números do América começaram a ser computados pelo estudo em 2013. À época, o clube devia R$ 32 milhões - a maior parte em impostos. Dois anos depois, esse valor quase duplicou e alcançou R$ 61 milhões. E pior: os compromissos bancários aumentaram de R$ 2 milhões, em 2013, para R$ 16 milhões, em 2015.
“Esta gestão atual do América não fez dívidas, não pegou dinheiro emprestado. As dívidas que estamos pagando são compromissos anteriores, de outras gestões. A dívida caiu. O que temos agora está tudo equacionado e dentro do planejamento do clube”, defendeu-se Alencar da Silveira, um dos nove presidentes do Coelho.
Apesar do aumento exponencial nos valores, o América é o terceiro clube da Série A que menos deve, atrás apenas de Chapecoense (R$ 5 milhões), Ponte Preta (R$ 35 milhões) e Vitória (R$ 38 milhões). O balanço financeiro do Coelho em 2015 aponta dívida de R$ 57.240.014,91, e é menor que a divulgada pelo estudo do banco.
Atlético
Segundo o estudo, o Atlético tem a terceira maior dívida do país (R$ 530 milhões). O tipo de débito que mais aumentou de 2014 para 2015 foi o fiscal, que corresponde a pendências com o governo federal.
“O balanço (divulgado pelos clubes) não tem uma clareza tão grande, mas deve ter tido algumas dívidas que ele não contabilizava e que, com o Profut (Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro), ele acabou obrigado a contabilizar. Não é que estava escondendo não, mas é que tem algumas dívidas que você não precisa necessariamente contabilizar. Quando se entender que são demandas de baixo risco, você não necessariamente precisa classificar no balanço”, afirmou o economista Cesar Grafietti.
Em contato com o Superesportes, a assessoria do Atlético afirmou que o clube cumpre as regras legais do refinanciamento do Profut - que permite o parcelamento das dívidas. O valor devido também é contestado pelo clube no balanço financeiro de 2015, em que a dívida é de R$ 452.276.786.
"Há ainda valores bloqueados anteriormente à adesão ao Profut (cerca de 60 milhões oriundos de parte da venda dos direitos econômicos do atleta Bernard), os quais deverão ser incluídos para amortização das parcelas mensais do Programa ou do montante total da dívida, diminuindo assim o valor global da dívida", afirmou o clube, em nota.
As dívidas operacionais com o departamento de futebol deram um salto de 2012 para 2013, período em que o Atlético montava o elenco campeão da Libertadores. Desde então, os valores diminuíram gradativamente ano a ano. Por sua vez, a dívida com bancos, que tem juros mais altos, aumentou. Foi de R$ 178 milhões para R$ 189 milhões entre 2014 e 2015, diz o estudo do Itaú BBA.
Cruzeiro
A dívida do Cruzeiro totaliza R$ 262 milhões e é a 10ª maior entre os clubes da Série A. O valor aumentou em R$ 39 milhões de 2014 para 2015, mesmo com a arrecadação recorde do clube na última temporada (R$ 383 milhões) - valor questionado pelo economista Cesar Grafietti.
"Pela nossa avaliação, o Cruzeiro teve o maior salto (na arrecadação) por conta de receitas de TV. Não tem nenhuma explicação no balanço que justifique este aumento (de receitas). Então, temos que fazer algumas relações mesmo. Na venda de atletas, o valor cresceu bastante. No ano anterior era R$ 24 milhões e cresceu para quase R$ 70 milhões em 2015. E teve a receita de TV, que quase dobra neste ano. Eu imagino que, como o adiantamento (da TV) não entra aqui na receita, é provável que o clube tenha feito alguma renovação de contrato antecipadamente e aí recebeu as luvas dessa antecipação", analisa.
No balanço financeiro sobre 2015, o Cruzeiro contradiz os valores da pesquisa do Itaú BBA e afirma que a dívida é de R$ 183.423.991,20. De acordo com o estudo, os valores mais que dobraram entre 2012 e 2015 (cresceram de R$ 109 milhões a R$ 262 milhões).
Os investimentos do clube caíram nesta temporada devido ao aumento da dívida operacional e à adequação ao Profut. Com isso, a tendência é equilibrar as finanças aos poucos e voltar a fazer maiores investimentos nos próximos anos, segundo o economista do banco.
Dirigentes do Cruzeiro são orientados a não darem entrevistas sobre a situação financeira, que é tratada internamente. Por isso, os balanços financeiros são divulgados anualmente em jornais de grande circulação. O clube tem feito investimentos menores nos últimos meses para equilibrar as finanças e atender a todas as normas do Profut. Os gastos na montagem do time bicampeão brasileiro em 2013 e 2014 ainda reverberam nos cofres celestes, fazendo com que 2015 seja tratado como um ano de "readequação econômica".
“Vai ter que necessariamente ajustar custos para esse ano. Aparentemente, é isso que vem fazendo. Não fez grandes contratações, reduziu o elenco, está tentando colocar a casa em ordem. Para 2015, fechou num cenário pouco otimista. Tanto é que o desempenho no Campeonato Brasileiro está longe de ser brilhante. O Cruzeiro tem que comprovar que 2016 vai estar, de fato, adequado a essa realidade do clube”, analisa o economista Cesar Grafietti.
Clubes brasileiros
Segundo o levantamento feito pelo Itaú BBA, os clubes que mais devem no país são Flamengo, Botafogo e Atlético. Na ponta oposta do ranking, Chapecoense, Vitória e América apresentam as menores dívidas.